sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Olha o vinho chinês aí, gente
O Cabernet Dry Red 2009 (Jia Bei Lan), da China, ganhou de vinhos franceses
Divulgação
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Muita gente não sabe nada sobre a produção chinesa de vinhos. Outros sonham em vender vinho a eles, dizendo que, se cada chinês bebesse um cálice de vinho por dia, não haveria vinho suficiente no mundo para atender a demanda.
Brincadeiras à parte, conversei longamente com o enólogo chileno Sérgio Hormazabal, que esteve na China, visitando vinhedos, e ele me informou que a produção chinesa já é muito grande e que existem produtos de qualidade. Por isso, não é surpresa, agora, que um vinho chinês tenha vencido um renomado concurso promovido pela revista britânica Decanter, batendo vinhos franceses na mesma categoria.
O Cabernet Dry Red 2009 (Jia Bei Lan) foi o primeiro vinho chinês da história a vencer o Decanter World Wine na categoria de vinhos na mais alta faixa de preços. Os profissionais do vinhedo He Lan Qing Xue, na província Ningxia, no norte da China, comemoraram o recebimento do premio, em uma cerimônia em Londres.
O consultor de vinho Demei Li, que tem passagens por vinhedos na França e ajudou a criar o vinho chinês, diz que a China não possui um clima “adequado para produzir vinho”. Mesmo assim, se faz vinho. Assim como a Europa, o país possui um clima continental, com verões de calor intenso e invernos muito frios. No entanto, as temperaturas são mais extremas. No inverno, as videiras precisam ser escondidas sob o solo para ficar protegidas do frio.
O Jia Bei Lan é uma mescla das uvas bordalesas cabernet sauvignon, merlot e cabernet gernicht – que especialistas acreditam ser uma parente da cabernet franc ou carmenère. Os jurados do concurso descreveram o vinho como “suculento, gracioso e com aromas de fruta madura, mas não carnudo” e elogiaram a sua “excelente persistência e seus taninos firmes”. Demei diz que o vinho, com sabores de fruta e carvalho, é equilibrado e apropriado ao gosto chinês. Com o triunfo, Demei espera oportunidades para venda em hotéis e restaurantes nos exterior. “O prêmio será muito útil para vender o vinho e desenvolver a marca”, diz. O próximo passo da vinícola será desenvolver vinho branco.
Atualmente, o vinho só é vendido na China, em produção limitada, a um preço equivalente a R$ 35,00. Apenas 20 mil garrafas da safra 2009 foram produzidas. Demei espera que o prêmio incentive outros produtores chineses a expandir sua atuação, inclusive por meio de parcerias com o vinhedo He Lan Qing Xue. Um estudo feito pela Vinexpo, organizadora de uma das principais feiras de vinho do mundo, na França, afirma que a China (incluindo Hong Kong) deve se tornar o oitavo maior consumidor de vinho do mundo em 2012. Taí o mercado que os produtores brasileiros sonham.
Atualmente, os maiores consumidores são França e Itália (cada um com cerca de 12,7% do mercado total, de US$ 100 bilhões). Depois deles, vêm EUA (11,1%), Alemanha (10,3%) e Grã-Bretanha (5.4%). Ao lado de Argentina, Espanha, Rússia e Romênia, a China consome 2,2% do mercado mundial. Para Demei, entretanto, o consumidor chinês ainda consome pouco vinho nacional. Na opinião dele, após o prêmio, “os consumidores de fora prestarão mais atenção aos vinhos chineses do que os próprios chineses”.
Tradicionalmente, o vinho não é uma bebida popular na China. Contudo, segundo Demei, “a cada ano consumimos mais vinho em detrimento de bebidas alcoólicas locais”, já que a nova geração tem mudado seus hábitos em relação ao consumo de bebidas.
As informações são do Boletim Expovinis citando a BBC Brasil.
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