sábado, 15 de outubro de 2011

Bom bacalhau com vinhos do Alentejo



Bacalhau frito à Zé do Pipo, elaborado pela chef Marta Campos Vilanova
Foto Mariane Selli
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David Seromenho, da Consultoria Cunha Vaz & Associados, me informa sobre a situação dos vinhos do Alentejo no Brasil. Ao mesmo tempo, lembrei de uma bela noite de comidas portuguesas no Sheraton Hotel de Porto Alegre, que trouxe à capital a chef Marta Campos Vilanova, do Sheraton Lisboa, para realizar um Festival Gastronômico Português, ao lado do chef do Sheraton local, Mauro Souza. As comidas foram excelentes, principalmente o Bacalhau a Zé do Pipo, mas havia pratos típicos de todas as regiões de Portugal, em almoços e jantares no Porto Alegre Bistrô. Isso foi no final de setembro.
Ao som de fado português, tivemos mais de dez opções de saladas, como as clássicas de bacalhau com pimentões assados, pastéis de bacalhau, polvo em escabeche com pimentões mistos, escabeche de perdiz, assaduras de carnes de porco com molho de alho e salsa e a
salada de bacalhau à Brás com espargos verdes. O bacalhau ainda foi servido na caldeirada, com nata e frito à Zé do Pipo. Não faltaram também o arroz de pato, o tradicional bife do lombo à portuguesa, polvo assado à lagareiro, caldo verde à minhota e sopa da Pedra com presunto, feijão vermelho e massinhas.
Na hora da sobremesa, os delicados pastéis de belém, toucinho do céu, pudim marfim, pão de ló de alfezeirão, a torta encharcada e a sericaia com ameixas. Os brindes foram a base de poncha, uma bebida famosa na Ilha da Madeira, preparada com aguardente de cana, mel e limão.
Os vinhos, é claro, foram portugueses. Alguns do Alentejo, a região líder do mercado em Portugal e principal exportadora de vinhos portugueses para o Brasil. O Brasil é atualmente o maior importador de vinhos alentejanos fora da União Europeia, registrando um crescimento de 48% apenas no último ano. Entre 2004 e 2010, o aumento chega a quase 200%. A evolução das exportações de Vinhos do Alentejo para o Brasil tem sido exponencial, tendo registrado crescimentos anuais de cerca de 50% de 2005 a 2007 e no último ano (2010). No total, o volume de Vinhos do Alentejo exportado para o Brasil desde 2004 teve um crescimento de 444%.
No início deste mês, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana realizou degustações de vinhos do Alentejo, no Rio e em São Paulo. Atualmente liderada por Dora Simões, aquém conheci, em Porto Alegre, a CVRA tem prosseguido no último triênio um plano intensivo de promoção e divulgação dos Vinhos do Alentejo em mercados externos definidos como prioritários: Brasil, Angola, Estados Unidos e Suíça. A comissão foi criada em 1989 e é um órgão de direito privado e utilidade pública que certifica os vinhos DOC Alentejo e os vinhos Regional Alentejano. É responsável pela promoção dos Vinhos do Alentejo no mercado português e em mercados-alvo internacionais. A sua atividade é financiada por meio da venda dos selos de certificação que integram os contrarrótulos dos Vinhos do Alentejo.
“Estas ações têm como objetivo fundamental o reforço da notoriedade dos Vinhos do Alentejo nos mercados definidos, junto de consumidores e potenciais consumidores, mas também da imprensa especializada e generalista, de líderes de opinião, de personalidades relevantes da sociedade e do ‘trade’ – importadores e profissionais da hotelaria e restauração. O balanço que fazemos até ao momento é extremamente positivo, não só porque constatamos que o esforço que estamos realizando tem merecido o reconhecimento das vinícolas alentejanas que nos acompanham como - e sobretudo - porque os resultados obtidos refletem a afirmação, pela qualidade, dos vinhos alentejanos nesses mercados”, analisa a Presidente da CVR Alentejana, Dora Simões.
Beneficiando de um terroir com ótimas características para a viticultura, o Alentejo tem na diversidade do litoral e do interior, da montanha e das planícies, claras mais-valias para a produção de vinho de qualidade e em volume que permita a afirmação em diferentes patamares. Entre solos graníticos, xistosos, argilosos, calcários, gessos e mármore, zonas de clima continental e de influência marítima, dias quentes, alguns quase tórridos, e noites frescas sob um céu estrelado, as vinhas do Alentejo assumiram um papel relevante no contexto português do vinho a partir dos anos 80 do século 20. Os Vinhos do Alentejo registaram aí um importante boom e apresentaram-se ao consumidor enquanto proposta extremamente válida, conjugando como nenhuma outra os fatores qualidade e preço. A isso junta-se uma apreciável constância qualitativa, safra após safra, traduzida numa oferta de opções que inclui vinhos de perfil clássico e Novo Mundo, vinhos para o cotidiano e referências Premium.
O melhor de diferentes mundos reflete-se também nas castas plantadas. Desde as tradicionais Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonês (Tinta Roriz ou Tempranillo), Castelão (Periquita), Trincadeira e Touriga Nacional nos tintos, Antão Vaz, Arinto e Roupeiro nos brancos, juntam-se variedades internacionais com provas dadas em outras latitudes.
Mas, os Vinhos do Alentejo beneficiam-se ainda de um enquadramento social, paisagístico,
histórico e cultural que os tornam singulares.
Nas degustações, no Rio e São Paulo, foram apresentados
cerca de 100 vinhos da última safra, de mais de 20 vinícolas alentejanas, desde os produzidos para o consumo cotidiano a rótulos topo de gama. Foi uma oportunidade rara para consumidores, profissionais e imprensa provarem e avaliarem o que de melhor é produzido no Alentejo, tendo ainda acesso à generalidade dos produtores e enólogos que assinam os vinhos.
As vinícolas presentes foram:
Adega Cartuxa – Fundação Eugénio de Almeida
Adega de Borba
Adega de Redondo / Barrinhas
Carmim
Casa Agr. Alexandre Relvas – Herdade São Miguel
Cortes de Cima
Enoforum
Ervideira
Granadeiro – Vinho de Autor
Herdade da Calada
Herdade da Malhadinha Nova
Herdade do Mouchão
Herdade do Perdigão
Herdade do Pinheiro
J. Portugal Ramos Vinhos
Monte da Ravasqueira
Monte dos Cabaços
Paulo Laureano Vinus
Qualimpor / Herdade do Esporão
Quinta da Pigarça
Quinta do Quetzal
Quinta do Zambujeiro
Rocim / Premium Wines
Roquevale
Sociedade Agr. da Sossega – Monte do Pintor
Solar dos Lobos
Tiago Cabaço Wines
As provas foram orientadas por Rui Falcão, um dos mais conceituados críticos de vinhos de Portugal.
Vinhos em prova:
Margarida Cabaço – Margarida Cabaço 2008
Malhadinha Nova – Malhadinha 2009
Granacer – Poliphonia Signature 2007
Fundação Eugénio de Almeida Adega Cartuxa – Pêra manca 2007
Roquevale – Tinto da Talha Grande Escolha 2008
Quinta do Quetzal – Quinta do Quetzal Reserva 2007
Sociedade Agrícola da Sossega - Monte do Pintor – Monte do Pintor Reserva 2008 Perdigão – Vinha do Almo Escolha 2007
Herdade da Calada – Herdade da Calada Block 3 2007
Terras de Alter – Telhas 2008
Quinta da Pigarça – Quinta da Pigarça 2007
J Portugal Ramos – Marquês de Borba Reserva 2008
Ervideira – Conde d’Ervideira Private Selection 2007
Tiago Cabaço Wines - blog 2008
Enoforum – Alente Reserva 2005
Paulo Laureano Vinus – Paulo Laureano Reserve Vinea Julieta Talhão 24 2006
Herdade do Mouchão – Mouchão Tonel 3-4 2005
Carmim – Carmim Alicante Bouschet 2009
Adega de Borba – Adega de Borba Grande Reserva 2007
Rocim Agroindústria – Olho de Mocho Reserva 2009
Alexandre Relvas – Herdade de São Miguel Reserva 2007
Solar dos Lobos – Solar dos Lobos Grande Escolha 2008
Monte da Ravasqueira – Monte da Ravasqueira MR Premium 2007
Quinta do Zambujeiro – Zambujeiro 2005
Adega do Redondo – Reserva ACR 2006
Rui Falcão, para quem não o conhece, é um dos mais conceituados críticos de vinho portugueses. Colaborador da revista WINE – A Essência do Vinho, edita ainda anualmente um Guia de Vinho, onde classifica mais de 4.000 vinhos de Portugal e do Mundo. É membro permanente da comissão "Fine Wines Board", da Viniportugal, e membro da Federation Internationale des Journalistes du Vin (FIJEV). Tem sido jurado de diversas competições nacionais e internacionais, em países como Espanha, Alemanha, Inglaterra, África do Sul, Itália, França, Holanda, Grécia e Bulgária. Participou no prestigiado concurso de vinhos da revista inglesa Decanter, convidado como jornalista especializado em vinhos austríacos e espanhóis. Tem orientado inúmeros cursos de vinho, sessões públicas de prova e apresentações de vinhos, tanto em Portugal como na Espanha, Brasil e Estados Unidos.
A evolução das exportações de Vinhos do Alentejo para o Brasil tem sido exponencial, tendo registrado crescimentos anuais de cerca de 50% de 2005 a 2007 e no último ano (2010). No total, o volume de Vinhos do Alentejo exportado para o Brasil desde 2004 teve um crescimento de 444%.

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