Uma situação preocupante para o vinho nacional

Carlos Paviani, diretor executivo do Ibravin
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Agora que mostrei as exportações e as importações brasileiras de vinho, vou falar sobre a informação que o Carlos Paviani, diretor executivo do Ibravin, me deu, sábado, lá em Faria Lemos, na Vinícola Dal Pizzol. É um assunto que já comentei aqui, creio que na metade do ano passado, a história do acordo que vai ser assinado entre o Mercosul e a Comunidade Européia e que não beneficia todos os setores atingidos no Brasil. Ao contrário.
Pelo menos os produtores de vinho e de leite estão vendo problemas, pois o futuro acordo prevê desgravamento total dos produtos e isto significará, em alguns casos, concorrência predatória sobre produtos brasileiros. É o caso do leite e do vinho.
A proposta do Mercosul que será levada à Comunidade Européia vai ser discutida pelos países do bloco no dias 21, 22 e 23 próximos. O que for acertado, será levada à CE em março.
No caso do vinho, não há acerto entre Brasil e Argentina. Enquanto os argentinos aceitam a desgravação total, porque não tem o mesmo problema que nós com importações, os brasileiros produtores de vinhos não a aceitam, pois acreditam que, com ela, haverá uma enxurrada de vinho europeu no mercado, acabando com o setor que ainda resiste bravamente.
A posição dos vinicultores brasileiros – gaúchos em sua maioria – é que, no caso do vinho, não haja desgravação agora nem por um prazo mínimo de 10 anos. Carlos Paviani explica porque: “A Comunidade Econômica Européia gasta 1 bilhão de euros (R$ 2,2 bilhões) por ano subsidiando o setor vitivinícola. Por isso, os europeus podem fazer vinhos mais baratos que os nossos. A concorrência, então, se torna desleal.”
Para ter uma idéia do impacto da medida, este valor de R$ 2,2 bilhões que a CE adianta aos vitivinicultores como subsídio para que plantem uva e façam vinho equivale a duas vezes o faturamento de todo o setor vitivinicola brasileiro. Sem dúvida, não dá para concorrer.