quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ventisquero – O terremoto





O enólogo chefe da Ventisquero, Felipe Tosso, com o blogueiro, e com a sommelier Camilla Guidolin, do Leopolldo, de São Paulo.
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Pegamos novamente a van e seguimos em direção à cidade de Santa Cruz, uma comuna da província de Colchágua, localizada na região de O`Higgins, cidade colonial, pequena, com cerca de 30 mil habitantes. Muito visitada, principalmente por norte-americanos, não só por abrigar vinhedos e grandes pomares de frutas, mas, também, por possuir um cassino, propriedade de Carlos Cardona, também dono do Hotel Santa Cruz. Cardona é um homem que já frequentou os noticiários internacionais, conhecido como vendedor de armas, principalmente para o Iraque, e fabricante de modernos helicópteros para o ex-ditador Sadam Hussein. Perdeu o negócio quando os Estados Unidos intervieram na região e foi proibido de entrar nos EUA. Agora, mesmo enfrentando um violento câncer, tentou entrar nos Estados Unidos para tratar a saúde e os americanos lhe negaram o visto de entrada.
Cardona destinou parte de sua fortuna à produção de vinhos – Viña Santa Cruz - e à consrução do Hotel Santa Cruz e do Cassino Conchágua. O hotel, aliás, foi reaberto poucos dias antes de nossa chegada, pois fora fortemente abalado pelo terremoto de intensidade 8.8 que atingiu o Chile na madrugada de 27 de fevereiro deste ano. O terremoto causou sérios prejuizos à população, principalmente aos mais pobres, moradores das casas de adobe e barro, que não resistiram ao tremor. Algumas cairam pela metade, outras inteiramente, e estas são as cicatrizes que ainda se vê pelo interior do País por onde passamos. Felipe Tosso, morador das proximidades de Santiago, também foi atingido. Acordou com o tremor, na madrugada, e saiu da casa com a mulher e filhas, mas o prédio ficou inutilizado e algumas de suas preciosas garrafas de vinho quebraram.
O terremoto matou mais de 300 pessoas, levantou o asfalto de quilômetros de rodovias – o asfalto, em Apalta, ainda está sendo reposto pelas máquinas do governo -, mas não atingiu muito o setor vitivinícola. Acredita-se que tenha causado prejuizos de 10% ao setor. Como a safra anterior havia sido muito boa, com produção abundante, vinho não faltou.
No Hotel Santa Cruz, bebemos pisco sauer, mango sauer, comemos empanadas, champignos com queijos, espinafre com queijo philadélphia, camarões, e, depois, fomos jantar, pratos harmonizados com excelentes vinhos Ventisquero. Como entradas, presunto cru com verduras grelhadas, alfaces da horta e vinagre balsâmico; trilogia de salmão defumado, marinado e grelhado com sésamo, sobre salada de lentilhas e centolla magallânica sobre quinua de abacate chileno e pimenta verde. Como pratos principais, três opções: carne assada com champignons ao alho e óleo e pimenta chilena, polenta gratinadas e verduras sautés; filé de corvina grelhada com sésamo torrado, molho de camarão e espaguete de lula; e escondidinho de siri gratinado com milho e biscoito de pimenta chilena.
Na sobremesa, também três opções: coquetel de frutas com sorvete caseiro; parfait de avelã com zabayon de amaretto; e mousse de papaya chilena. Os vinhos foram, primeiro, uma prova da safra 2010: Qeulat Sauvignon Blanc. Depois, Pinot Noir Queulat 2008; Cabernet Sauvignon Queulat 2008 e Carmenère Queulat 2008. Não deu para se queixar... Em companhia da Roberta Matla, jornalista da revista Prazeres da Mesa, fui ao cassino, com black jack, roleta, dados e muitas máquinas, mas não arriscamos no pano verde nem nos slots.

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