quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Choque de realidade

Não são só os vinicultores brasileiros que reclamam da burocracia e da pesada carga tributária sobre os produtos. Francisco Torres, diretor comercial da VCT Brasil, filial e distribuidora do Grupo Concha Y Toro no Brasil, disse, dia primeiro de setembro, no 2º Quality Wines, em Bento Gonçalves, que os impostos pontuam a lista de dificuldades para comercialização dos vinhos chilenos no Brasil. “Mas isso afeta não só o vinho como outros produtos”, disse ele. “Como pode, por exemplo, que um carro produzido no Brasil, o Gol, custar 50% menos no Chile do que no Brasil?”, perguntou. A resposta óbvia: impostos. Torres ainda contou como foi sua primeira experiência com a realidade brasileira. Ao montar o escritório da Concha Y Toro no Brasil, a primeira pergunta que ele ouviu do empreiteiro foi a seguinte: “Com ou sem nota [fiscal]?”.
Afora estes problemas, Torres disse que a Concha Y Toro, a vinícola estrangeira líder de vendas no Brasil, vê o nosso País como disseminar de novas tendências. “No mercado do vinho, o Brasil desempenha o mesmo papel que a Inglaterra para a Europa, ou seja, se o produto é aprovado pelos consumidores destes países certamente terá sucesso na vizinhança”. “Os produtores brasileiros deveriam dar mais atenção ao imenso mercado doméstico, que crescerá muito nos próximos anos”, recomendou.
Promovido pelo Ibravin, com apoio da Fiergs e do Sebrae, o Quality Wine, realizado na Embrapa Uva e Vinho, com o tema “Como se posicionar em um cenário mundial mais competitivo?” O evento reúne os principais casos de sucesso dos vinhos sul-americanos, indianos e norte-americanos para uma troca de experiências com os produtores brasileiros. “A ideia é analisar o cenário mundial do mercado de vinho, conhecendo exemplos positivos para apontar alternativas de crescimento às vinícolas brasileiras”, disse o diretor-executivo do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), Carlos Raimundo Paviani, na abertura do evento, com a presença de 120 participantes. “O foco é melhorar a competitividade dos produtos nacionais”, destacou.

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