Luiz Eduardo Batalha na colheita de 2015, na Guarda Velha
Arquivo JN
Os plantadores de oliveiras do Rio Grande do Sul – mais
de 70 em 30 municípios – preparam-se para iniciar a colheita da safra 2016,
cuja expectativa é muito boa, com frutos de alta qualidade, apesar do excesso
de chuvas em alguns momentos da primavera passada. Na maior área plantada, a
Fazenda Guarda Velha, em Pinheiro Machado, com mais de 400 hectares de olivais,
a colheita das azeitonas de mesa começará dia 15 de fevereiro e as destinadas a
azeite, dia 25. O proprietário, Luiz Eduardo Batalha, encontra-se nos Estados Unidos,
onde, dia 8 de fevereiro, representará o Brasil no Dia de Azeite Extra Virgen
de Oliva do guia Flos Oleil 2016, em Nova Iorque, mas virá para o período da
colheita, quando receberá visitantes de todo o País, da Argentina e do Uruguai,
para os quais oferecerá degustações, almoços e jantares organizados pelo
Instituto de Gastronomia de Flores da Cunha, preparados pelo chefe Mauro
Cingolani. Também estão sendo esperadas visitas do governador José Ivo Sartori
(PMDB) e do secretário da Agricultura, Ernani Polo. Os números não são bem
claros, mas acredita-se que a área plantada já ultrapasse 1.500 hectares que
produzem 350 toneladas de azeitonas e 45 mil litros de azeite/ano.
O Rio Grande do Sul está disposto a apostar fortemente
nas oliveiras, nas azeitonas e nos azeites. Contribuir na geração de
conhecimento e validações de tecnologias, visando a um manejo sustentável dos
olivais. Essa é a ideia de pesquisadores da Fundação Estadual de Pesquisa
Agropecuária (Fepagro), que apresentaram, quinta-feira, dia 21 de
janeiro, propostas de projetos de pesquisa para representantes da cadeia
de olivicultura gaúcha. “O cultivo da oliveira no Rio Grande do Sul:
estratégias de desenvolvimento da cultura num ambiente sustentável” foi
abordado pelos pesquisadores Andréia Rotta de Oliveira, Caio Efrom, Flávio
Varone, Larissa Abrosini, Lia Rodrigues, Sidia Witter e Vera Wolff. “Queremos
desenvolver pesquisas que interessem a vocês, produtores, que supram suas
necessidades”, afirmou o diretor técnico Carlos Oliveira. Ele destacou que o
trabalho conta com o apoio da Emater/RS-Ascar, da Secretaria da
Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi) e da Embrapa, esta uma pioneira,
pois, em sua estação experimental de Pelotas, desenvolveu vários projetos para
seleção de oliveiras adaptadas ao clima e ao solo gaúchos. Eu mesmo estive lá,
várias vezes, acompanhando o início dos projetos, liderado pelo Enilton Fick
Coutinho, um dos autores do Zoneamento Edafoclimático da Olivicultura para o
Rio Grande do Sul.
Agora, a Fepagro montou um projeto com quatro eixos:
zoneamento agroclimático, cadeia produtiva, avaliação de cultivares, e controle
de pragas e doenças. No primeiro eixo, está sendo feita a caracterização
climática das regiões de cultivo sob o ponto de vista do zoneamento agroclimático;
no segundo, um diagnóstico dos agentes e da cadeia produtiva do azeite de oliva
gaúcho; no terceiro, ocorrem estudos fenológicos e da biologia reprodutiva, e
sobre a qualidade de mudas: micropropagação e estabelecimento de coleções das
principais variedades; no quarto, é abordada a biodiversidade de insetos
associados e suas funções: potenciais pragas, inimigos naturais e controle,
além da identificação de espécies de Colletotrichum associadas à
antracnose e estratégias de controle.
O coordenador da Câmara Setorial da Citricultura e
Olivicultura da Seapi, Paulo Lipp, disse ser uma satisfação ver a Fepagro
interagindo diretamente com as câmaras setoriais. “É muito importante essa
integração entre pesquisadores, assistência técnica e produtores”. O
produtor de Piratini, Alcyr Soares Cardoso, deu os parabéns pela iniciativa. “A
gente espera do Estado esse amparo”, pontuou. Estiveram presentes também o
coordenador das Câmaras Setoriais e Temáticas da Seapi, Rodrigro Rizzo; e
representantes da Emater/RS-Ascar, Seapi e Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa).
A demanda sobre os olivais surgiu por ocasião da
estruturação do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura
(Pró-Oliva), que prevê ações em quatro frentes: defesa sanitária e mudas de
qualidade, pesquisa e assistência técnica, industrialização de azeites e
conservas, e crédito para implantação de olivais. O programa, que tem apoio da
Emater, Mapa, Embrapa e prefeituras, visa à expansão e consolidação da
olivicultura no Estado.
As propostas de pesquisas apresentadas pela Fepagro serão
as seguintes: instalação de estações meteorológicas em pomares comerciais para
monitoramento das condições de cultivo - custos e viabilização; caracterização
da cadeia produtiva; coleção de cultivares in vitro; biologia
reprodutiva de olea europaea; polinização; biodiversidade de insetos nos
olivais; controle de cochonilhas; identificação de espécies
de colletotrichum.
Um comentário:
Parabéns a todos os produtores pioneiros do RS, muita qualidade e empenho no Projeto de Oliveiras. Fantástico Azeite Nacional.
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