Apesar de estar com seu rebanho ovino em expansão, o Mato Grosso não tem um abate regularizado. São 1 milhão de ovinos distribuidos em três mil propriedades e apenas quatro frigoríficos especializados. Os criadores que se dedicam à criação de caprinos e ovinos em Mato Grosso procuram respostas a uma dúvida, que atualmente, se transformou em um dos maiores gargalos à expansão da caprino-ovinocultura: “A produção não ampliou por falta de frigoríficos, ou os frigoríficos não vieram porque a produção não aumentou”? A indagação é acolhida também pelo presidente da Associação Mato-grossense dos Criadores de Ovinos e de Caprinos do Estado (Ovinomat), Antonio Carlos Carvalho de Sousa. “Saímos de uma atividade que consistia em quase um hobby para um perfil comercial. No entanto, mesmo reconhecendo todo este avanço, não foi possível atingir a meta traçada em 2006 de chegar em 2010 com 5 milhões de animais. A pergunta que fica e que esperamos ser respondida neste Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec 2010) é saber se faltou estímulo ao produtor ou à indústria e como reverter isso em favor de quem produz”.
Os sinais claros dos avanços da caprino-ovinocultura são a evolução do rebanho na última década, a maior aceitação da carne por parte do consumidor e principalmente os investimentos dos criadores em melhoramento genético. Em 2002, projeções do mercado indicavam que, de cada dez pessoas, sete não comiam a carne. “Hoje isso mudou: a carne é bem consumida no Estado, já que o mito do sabor amargo se perdeu e deu espaço ao reconhecimento de seu alto poder nutritivo e digestivo’”, avalia Sousa. Existem no Estado quatro frigoríficos que abatem ovinos e caprinos, sendo um em Rondonópolis – com capacidade para até 300 cabeças/dia – e os demais em Porto Estrela, Tangará da Serra e Pontes e Lacerda. “Porém, nenhuma deles consegue manter uma escala diária. Por falta de animais terminados ao abate, tem planta frigorífica que funciona apenas duas vezes por semana”, afirma Sousa.
O coordenador geral do Enipec 2010, Luiz Carlos Meister, explica que o mercado de consumo, principalmente o internacional, está em plena expansão, principalmente no Oriente Médio e na África. O interesse, que esbarra na falta nacional de produção, como frisa, ficou nítido na última edição da Feira Internacional de Caprinos e Ovinos, realizada na semana passada, em São Paulo. “O que mais se viu foram compradores internacionais querendo fechar negócios”. Entre as carnes mais consumidas no mundo, a carne ovina é a mais magra (contém o menor teor de gordura), sendo inclusive mais magra que a carne de frango. Por exemplo, em cada 100 gramas de carne assada ao forno, a carne caprina apresenta 2,75 gramas de gordura, contra 3,75 gramas da de frango, 17,14 gramas da bovina e 25,74 gramas da suína.
A rusticidade e excelente aptidão materna da raça Santa Inês fazem dela a preferida entre os ovinocultores mato-grossenses. A Ovinomat estima que dos cerca de 1 milhão de ovinos espalhados por mais de 3 mil propriedades rurais do Estado mais de 90% sejam Santa Inês. Animal mais rústico e resistente, com bom índice de fertilidade e de fácil manejo, a raça é oriunda do Nordeste e preparada para um clima mais quente, por ser “deslanada” (sem lãs) e por suportar temperaturas mais elevadas. A Santa Inês possui ainda outras vantagens comparativas, como a ótima qualidade da carne e da pele do animal, muito utilizada na fabricação de produtos manufaturados como bolsas, sapatos, cintos e até roupas. De acordo com os criadores, a Santa Inês é a raça mais apropriada para Mato Grosso, além de ser mais prolífera em relação às demais lanadas, como a Ile de França, Texel e Sulffock.
Economicamente, os ovinos fornecem além da pele/couro, carne e lã. Já caprinos ofertam, também além do couro, carne e leite. Em Mato Grosso, o rebanho caprino oferta 50% de leite e 50% de carne. A pele e o couro são pouco aproveitados no Estado por falta de curtumes, mesmo tendo excelente qualidade. O aproveitamento das peles é feito em outros estados, principalmente do Nordeste brasileiro. A boa adaptação das duas espécies permite que em um mesmo pasto pode-se colocar uma vaca e duas ovelhas, uma vez que o boi come o pasto alto e as ovelhas preferem pastar o capim rasteiro, sistema que evita também verminoses, maiores causas de mortalidade entre ovinos.
A sexta edição do Enipec será realizada de 3 a 5 de maio, no Centro de Eventos Pantanal, em Cuiabá. O evento foca nove cadeias produtivas da atividade pastoril: bovinocultura de corte, bovinocultura de leite, avicultura, suinocultura, ovinocultura, caprinocultura, aqüicultura, equideocultura e apicultura. O tema central deste ano é “Desafios de quem produz”. A previsão dos organizadores é de que cerca de 3 mil congressistas participem dos três dias do evento, que ao fim somará 36 palestras técnicas. O Enipec 2010 é promovido em co-realização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e com a Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), e será realizado no Centro de Eventos do Pantanal.
As informações são deCamila Bini e Marianna Peres, da Assessoria de Imprensa - Enipec - (65) 3928-4485; (65) 8114-9515 [Camila Bini]; (65) 8404-8628 [Marianna Peres] - www.enipec.com.br
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