segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Vindima 2013 - 18 - Goes e Venturini, até as tardias tiveram antecipação
Felipe Bebber e José Venturini, na Goes e Venturini, em Flores da Cunha
Foto DU/JN
Depois do excelente almoço na Dal Pizzol, elaborado pelo chef Avelino Anederle, que se seguiu à colheita das uvas no Vinhedo do Mundo, onde colhi a variedade italiana Nero D´Avola, que vai entrar no Vinum Mundi 2013, ao lado de outras 36 variedades, viajamos para Flores da Cunha, para visitar algumas das 11 vinícolas da região dos Altos Montes, associadas da Apromontes. A primeira, ainda no domingo, foi a Goes e Venturini, em São Gotardo, onde José Venturini e o enólogo Felipe Bebber nos esperavam para mais uma degustação. Segundo eles, a mudança climátiva deste ano foi tão grande que até as uvas chamadas tardias tiveram antecipação de 20 dias na colheita. Garantiram que a safra está sendo excepcional na qualidade, que aumentou, enquanto a quantidade diminuiu. Em 2012, segundo o Ibravin, colheu-se mais de 700 milhões de quilos de uvas. Esta ano, ficará em pouco mais de 600 milhões de quilos.
O setor vai indo muito bem, segundo José Venturini, que defende uma tese que nós sempre defendemos: os produtores de vinho precisam parar de brigar com os vizinhos e brigar com o concorrente, que é o vinho estrangeiro. Isso está começando a acontecer, não só na realização de viagens de jornalistas, como a nossa, mas também em iniciativa do Ibravin e da Apex-Brasil, que promocionam o vinho brasileiro em território nacional e no estrangeiro. A participação do vinho no carnaval, criada pelo Ibravin e por algumas vinícolas, é a melhor demonstração da nova união.
A Goes e Venturini trabalha com 200 mil garrafas/ano de vinhos finos e 5,5 milhões de litros de vinho de mesa, elaborados com as chamadas uvas híbridas ou americanas, Isabel e bordô, principalmente. Em 2013, vai lançar um espumante pelo método champenoise com 70% de uvas Chardonnay e 30% de Pinot Noir, que já estão nos tanques nº 3 e 4, cuja base provamos, e que já mostram complexidade de frutas e flores, longo na boca, aromas cítricos.
Algumas das uvas da Goes e Venturini são oriundas de Santana do Livramento, minha terra natal, na região da Campanha. São Sauvigon Blanc, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Tannat e Pinot Noir. Na serra, produzem Cabernet Sauvignon, Merlot e Moscato.
A degustação, coordenado por Felipe Bebber, começou com um Chardonnay Reserva 2010, selecionado entre os 16 melhores do ano na categoria branco fino seco não aromático, que Gustavo Kauffmann descreveu como vinho de coloração de media intensidade, amarelo-palha esverdeado, aroma de alta intensidade, nítido e fino, com notas de flores brancas, como jasmim, banana, mel, abacaxi e maracujá, sabor com ataque equilibrado, de boa estrutura, muito refrescante. Custa R$ 29,00. José Venturini aproveitou para anunciar que, brevemente, lançará o 2012. Também um espumante champenoise e o vinho Sauvignon Blanc 2012.
A segunda degustação foi um Merlot 2011 Reserva, com 12,2 graus de álcool, muito leve de boca, que passou por barrica francesa. Vinho límpido e brilhante de coloração intensa com tonalidade rubi. Possui aromas de frutas vermelhas maduras, chocolate e especiarias. No paladar apresenta bom volume de boca, macio, equilibrado e com grande classe. O terceiro vinho foi um Cabernet Sauvignon 2011, com 13,8 de álcool, que passou 12 meses em carvalho, depois de elaborado com uvas de Santana do Livramento e de Flores da Cunha, com produção limitada a apenas 6.500 garrafas. Tem paladar doce bem pronunciado, boa estrutura, taninos maduros e macios, resultado do seu amadurecimento em barricas de carvalho francês.
Seguiu-se um Tannat Reserva 2009, com 14 graus de álcool, cujas uvas também vieram de Santana do Livramento. Felipe Bebber descreveu-o como vinho de personalidade forte e espírito livre, límpido e brilhante, apresenta boa intensidade de cor nos tons vermelho, rubi e púrpura. Seu aroma se destaca pelas notas de frutas vermelhas maduras, cassis, ameixa e especiarias oriundas de sua maturação de 18 meses em barricas de carvalho francês. No paladar apresenta ataque doce, boa estrutura na boca com taninos marcantes e maduros típicos da uva tannat. Como diz o poema em seu rótulo: “Raiz dos pampas. Forte, intenso./Revolto, puro sangue farrapo./Solto ao vento, brinca com o tempo,/pois sabe que para unir um reino,/ basta aspirar à liberdade.”
Fechei a minha degustação na Goes e Venturini com um Brut Chamart, elaborado com 70% de Chardonnay e 30% de Pinot Noir, vendido a R$ 20,00, custo-benefício extraordinário. Tem 12,5 de álcool.
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