segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Vindima 2013 - 13 - Os investimentos da Casa Valduga



                               Juarez Valduga, um dos três irmãos da Casa Valduga
                                           Daniel Dallevale, enólogo da Casa Valduga

                               João Valduga e Sérgio Inglez de Souza na festa de abertura da Vindima 2013
                               Fotos DU/JN


Passada, para mim, a folia do Carnaval, estou de volta para continuar o relato sobre nossa viagem de uma semana pelo Vale dos Vinhedos e pelos Altos Montes, organizada pela Conceitocom Brasil, entre os dias 30 de janeiro e 6 de fevereiro. Foi uma festa só, com muito queijo, copa, vinho, salame, espumante, vinho tinto e branco e suco de uva, em companhia de um grupo de jornalistas e conversando com produtores e enólogos que ratificaram a informação de que a safra 2013 deverá ser uma das melhores em qualidade.
Recomeço pelo encontro com Juarez Valduga, que confirmou outra coisa que eu já estava sabendo: mal começou 2013, recém passamos janeiro, e a Casa Valduga já investiu R$ 12 milhões, no período, para ampliação de sua linha produtiva, nova unidade, em Garibaldi, e renovação dos equipamente da que comprou, em Uruguaiana, para a vinificação dos vinhos da Campanha, e novos equipamentos para a própria Valduga, no Vale dos Vinhedos, com a instalação de uma máquina que vai aumentar o ritmo da degorja de 600 garrafas por hora para 2.750 garrafas/ora, segundo o enólogo Daniel Dallevalle. Outra máquina nova, importada também da Itália, aumentará a seleção de grão de um caminhão de uvas de um dia todo para apenas 3 horas. Com isso, a Casa Valduga pretende encher de uma vez sua adega, que tem capacidade para 4 milhões de garrafas.
Além de Juarez e Daniel, nos recebeu, também, o enólogo Jonatan Marini. Hoje, a Casa Valduga está trabalhando com três linhas: Raízes, na região da Campanha (Quaraí e Uruguaiana), Leopoldina (Vale dos Vinhedos) e Identidade (Encruzilhada, na Serra do Sudeste). O enólogo Daniel Dallevalle chamou a atenção para algo curioso, conseqüência da mudança climática: como no Nordeste, o RS teve duas safras de uvas num ano, pois a vindima, adiantada em 20 dias pelo clima, começou em 20 de dezembro de 2012. Garantiu que a sadra 2013 terá o mesmo nível de qualidade da de 2013, com potencialidade para ser melhor. Para espumantes, foi super equilibrada. A Casa Valduga, no Brasil, está cultivando 60h no Vale dos Vinhedos, 200ha em Encruzilhada do Sul e 50h na Campanha, em Quarai e Uruguaiana. Produz vinho, o Mundvs, também em Portugal e na Argentina e está se preparando para iniciar produção no Chile, no famoso Valle Maipo. As atuais instalações da Casa Valduga, no Vale dos Vinhedos, que são imensas, serão destinadas apenas à produção de vinho base para espumantes e espumantes, enquanto o restante – vinhos – será produzido nas instalações da Domno, em Garibaldi, outra empresa do grupo, dirigida por Jones Valduga. Segundo Juarez., a decisão estratégica é obter um crescimento de 30% a 40% na Domno, enquanto a Casa Valduga dimnuirá 20%. O projeto é deixar o grupo, que hoje é 50/50, com 80% de espumantes e 20% de vinhos, produzidos especialmente na região da Campanha. A produção de espumantes anda em torno das 1,2 milhão de garrafas e o projeto é chegar às 2 milhões de garrafas.
Ao mesmo tempo, começará a ser produzido azeite de oliva. Mas, por enquanto, segundo Juarez Valduga, será para utilização própria, nos antipastos produzidos por outra unidade do grupo, a Casa de Madeira.
A degustação na Casa Valduga, coordenada por Alceu Dallevalle e Juarez Valduga, começou com o Gran Reserva Extra Brut, elaborado com Pinot Noir e Chardonnay, método champenoise, que passou um ano no carvalho e é vendido a R$ 82,00. Tem reflexos palhas, dourados, perlage fino, bouquet de especiarias preciosas e delicadas, lembra amêndoas, flores secas, frutas exóticas e maduras, excelente volume de boca, acidez equilibrada e retrogosto convidativo. Depois da definição das características, enquanto degustávamos, Juarez falava sobre a necessidade e a importância do governo brasileiro definir melhor as normas e as regras para a produção vitivinícola. “Todo mundo tem certeza de que os vinhos Reserva e Gran Reserva são os melhores e o consumidor está certo, mas, na verdade, no Brasil, o que vem em garrafas de Reserva e Gran Reserva nem sempre é o melhor, porque não há regras sobre o que colocar nas garrafas”, afirmou Valduga.
Depois, bebemos o Gran Leopoldina Chardonnay 2011 DO, da garrafa 005795, o primeiro Denominação de Origem lançado pela Casa Valduga, branco de qualidade impecável, fresco, com toques bem leves cítricos e de frutas brancas e na boca tem um excelente equilíbrio de acidez e corpo. O terceiro vinho foi um corte Gran Identidade 2009, com as uvas Arinarnoa, Marselan e Merlot, cultivadas em Encruzilhada do Sul, que passou 12 meses em carvalho e mais 12 meses na garrafa, com 13,5 de álcool. É um vinho jovem, intenso e encorpado, cor rubi intensa e profunda, ideal para guarda.
O enólogo não havia colocado na lista de degustação, mas Juarez, dono da casa, fez questão de que degustássemos um dos melhores espumantes da Casa Valduga, que já conhecia desde seus lançamentos, o Maria Valduga, homenagem à mamma. Maria Valduga Brut Vintage é uma jóia do espumante brasileiro, elaborado com 80% de uvas Chardonnay e 20% Pinot Noir, límpido e brilhante, de coloração amarelo palha, perlage fino e persistente, culminando em uma nobre e generosa coroa, bouquet elegante e intenso com notas de frutas em calda, remetendo principalmente à pera e maçã. Os aromas de brioche amanteigados e pão delicadamente tostados expressam a complexidade adquirida durante a lenta maturação deste espumante. Em boca possui excelente complexidade gustativa, com acidez equilibrada e ótimo frescor, alta cremosidade, ampla intensidade, persistência e retrogosto que remete à análise olfativa. Custa em torno de R$ 190,00.

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