quinta-feira, 4 de outubro de 2012
UCS – 1ª Mostra o Melhor dos Espumantes dos Altos Montes
Luciana Leite, chef, de Cuiabá, na mostra de espumantes. Logo atrás, Cezar Galvão, o Engenheiro que virou vinho.
DU/JN
A Escola Internacional de Gastronomia, da Universidade de Caxias do Sul, em parceria com o ICIF, da Itália, está localizada no mais alto morro de Flores da Cunha, de onde se tem uma magnífica vista da cidade, e, além de formar mestres na cozinha, forma, também, sommeliers.
A partir das 19h, um espumante de cada vinícola da região começou a ser servido pelo enólogo responsável, que apresentou a vinícola e o produto.
Começamos com um brut charmat Valdemiz, apresentado pelo enólogo Lucas Guerra. Jovem, leve, com 75% de prosecco e 25% de chardonnay, mostrou-se leve, mas com acidez permanente na língua. Depois, foi um espumante Mioranza Alvise Brut, também charmat, produzido nas caves do meu amigo Antonio Mioranza, que conheci nos anos de 1970, quando era vinhateiro e caminhoneiro. A apresentação foi feita pelo enólogo Delto Garibaldi, que destacou o bom resultado obtido com a adição de 10% de merlot, vinificado em branco, no vinho base chardonnay. Com notas florais e de frutas secas, mostrou excelente perlage.
O espumante que se segui foi um Terrasul Brut, também charmat, apresentado por Volmar Salvador e Paulo Tonet. Jovem, refrescante, com seis meses de garrafa, mostrou-se bem vivo, com a acidez acentuada, mas agradável na boca. Depois, foi a vez do enólogo Daniel Salvador apresentar o espumante da Vinícola Salvador, um dos poucos que não tem pinot noir, elaborado, pelo método charmat, apenas com chardonnay e merlot, vinificado em branco. Muito bom de boca.
O enólogo Elton Viapiana apresentou o brut champenoise da Viapiana, com 192 dias de garrafa. Cor palhha acentuada, jovem, um pouco neutro em aromas, mas de boca intensa e maravilhosa. Seguiu-se outro champenoise magnífico, o da Panizzon, apresentado por Thomaz Bolsan. Elaborado com duas uvas de diferentes safras – 2009 e 2010 -, tem o riesling, que lhe deu agradável toque cítrico e o frescor característico desta uva que já foi emblemática no Rio Grande do Sul e hoje anda meio esquecida. Uma nota de café, além da manteiga, deixou-o inesquecível. Garanto que não vou esquecer aquela noite.
O enólogo Arlindo Menoncim descreveu o espumante seguinte, outro champenoise, elaborado pela Vinícola Fabian, um rose, com chardonnay, pinot noir e moscato. Ficou 18 meses em contato com as leveduras, para ser mais frutado do que o normal, e alcançou este objetivo. Depois, foi a vez do enólogo Edgar Scortegagna, da Vinícola Luiz Argenta que, aliás, estava, naquele dia, lançando quatro espumantes champenoises. Provamos o rose brut, bastante fresco, elegante, pela e persistente perlage, fina, com acidez maravilhosa. Elaborado com 100% pinot noir vinificado em branco, safra 2011, tem uma verdadeira explosão aromática, a característica daquele vinho, não muito fácil de se obter no terroir brasileiro, aromas primários. A garrafa, de design muito bonito, foi importada da Itália.
A Casa Venturini foi representada pelo seu Vivere Moscatel apresentado pelo enólogo Felipe Bebber. Com claros toques tropicais, resultante da uva característica, a boscato, não muito doce, tem boa acidez e frescor maravilhoso, cor levemente esverdeada, jovem, com borbulhas intensas e persistentes. Ideal para aperitivo, pois atem apenas 7,2% de álcool. Outro moscatel, pelo método charmat, foi apresentado pelo enólogo Ademir Barp, da Nova Aliança, com aroma de flores, coloração cereja, bom equilíbrio entre os açúcares.
Ideal para o aperitivo antes do jantar é o Cordelier Moscatel, hoje da Fante, mas criado pelo meu amigo Lidio Ziero, quando era o dono da Cordelier, e que veio a seguir, apresentado pelo enólogo Cedenir Fortunatti. Elaborado com uvas moscato branco, moscato gialo e mosaco branco R2, é fresco, refrescante, cor amarelo-esverdeado, com coroa de espumante persistente, mostra frutas verdes, cítricas, com limão, claro toque floral, como flor de laranjeira, bom equlíbrio entre açúcar e acidez. É um produto que se pode comparar com qualquer outro em qualquer parte do mundo, inclusive na Grécia, onde a uva teve origem.
A 1ª Mostra dos Melhores Espumantes dos Altos Montes mostrou a qualidade da produção desta região, deixando claro que será um novo e forte player a se juntar ao Vale dos Vinhedos e à Região de Garibaldi na luta pelo mercado com espumantes estrangeiros. De acordo com Carlos Paviani, do Ibravin, que estava lá na Mostra, já são mais de 50 as empresas brasieliras que produzem espumantes, colocando cerca de 150 marcas à venda. O consumo, em 2012, diminuiu seu ritmo de crescimento, em relação aos anos imediatamente anteriores, mais continua firme. Em 2011, foram vendidos 13,5 milhões de litros de espumantes. A expectativa deste ano é um crescimento de 5%. Um dos aspectos importantes, no Brasil, é que se quebrou a sazonalidade em torno do espumantes. Antes, era uma bebida de fim de ano. Agora, bebe-se espumantes em qualquer época e momento. Passou a ser aperitivo e sobremesa.
Depois da degustação dos espumantes um a um, fomos para o salão de festas da Escola de Gastronomi, continuar bebendo espumante, mas acompanhado de belos petiscos preparados pelos chefs da escola, e conversar com donos de vinícolas e autoridades que participavam, também, da mostra.
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