O Brasil também estreou no The International Wine Challenge 2011 com um representante no corpo de jurados, já convidado para integrar o painel de avaliadores no próximo ano. O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, teve a oportunidade de degustar 650 vinhos em cinco dias – 130 por dia – de um total de mais de 12 mil amostras inscritas por 48 países. A participação brasileira foi organizada pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), em parceria com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
Zanus destaca como principal característica do concurso seu caráter mercadológico. “É uma avaliação na perspectiva, principalmente, dos Wine Masters e escritores internacionais, com um peso importante de adequação do vinho aos mercados, principalmente o inglês”, enfatiza. O que mais impressionou o pesquisador foi o profissionalismo e a capacidade de contextualização dos escritores e jornalistas que integraram o corpo de jurados. “Eles descrevem o vinho de forma magnificente, diferenciada; são muito exigentes e, por isso, exercem grande poder na formatação do mercado internacional de vinhos, ditando novas tendências, que a indústria vinícola mundial procura acompanhar com rapidez”, explica.
Mauro Zanus observa que os padrões de referência de qualidade dos vinhos estão mudando. “O vinho não é mais entendido como um produto acabado, com referenciais fixos de qualidade. O nome e a reputação de marcas e regiões não contam tanto quanto no passado. O que interessa, principalmente, são atributos de cor, aroma e paladar que indiquem que houve grande dedicação dos produtores – do vinhedo e da tecnologia de elaboração. Para serem premiados os vinhos devem ter certa expressão de sabor”, afirma. Outra constatação é a de que os vinhos varietais vêm avançando mesmo nas tradicionais regiões produtoras da Europa.
A uniformização dos estilos de vinhos também chamou a atenção de Mauro Zanus, que acredita estar diretamente ligada a utilização de uma tecnologia mundial padrão, o que tem diminuído as diferenças entre os vinhos. Justamente por isso é que o mercado externo espera que o Brasil aposte em vinhos jovens, frescos e frutados, valorizando as características do terroir brasileiro. “O Brasil já é conhecido por estes formadores de opinião, que sugerem trabalhar no fortalecimento de características de diferenciação dos nossos produtos”, afirma.
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