Um livro importante para o setor do vinho
Rinaldo Dal Pizzol
Luiz Michelon foi buscar o seu autógrafo
Isso está demonstrado em
livro escrito pelos pesquisadores
da cultura do vinho, Rinaldo Dal Pizzol e o antropólogo espanhol Luís Vicente
Elias Pastor. A paisagem do vinhedo como um produto antropológico iniciada com
a chegada dos primeiros imigrantes italianos à Serra Gaúcha em 1875 e com uma
tipologia única são apenas algumas das constatações do livro Paisagem do
Vinhedo Rio-Grandense, escrito pelos pesquisadores da cultura do vinho, Rinaldo
Dal Pizzol e o antropólogo espanhol Luís Vicente Elias Pastor, e lançado na
noite de segunda-feira, 27 de junho, em Bento Gonçalves (RS).
Essa obra complexa, que trata de duas regiões vitícolas
do Rio Grande do Sul, a Serra Gaúcha e a Campanha, apresenta centenas de
imagens que revelam o trabalho árduo do viticultor e também traz conceitos e
visões importantes que indicam a necessidade de reflexões sobre o futuro dessa
paisagem. Diante disso, Luís Vicente recomenda que a paisagem da Serra Gaúcha
seja candidata à Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
Durante o lançamento da obra, Dal Pizzol exaltou o
trabalho do viticultor, que chegou a Serra Gaúcha a partir de 1875 e ergeu
casas, escolas, capiteis, igrejas, cemitérios, hospitais e todas as culturas de
subsistência. O vinhedo foi o que permaneceu, cresceu e se consolidou durante
os 140 anos, apesar das dificuldades. “Para a produção do livro foram anos de
pesquisa e quilômetros de caminhadas para colher depoimentos, visitar
produtores e ter a percepção real desse cenário que é a paisagem do vinhedo”,
ressaltou.
Luís Vicente não pode estar presente ao evento, mas
enviou um vídeo em que diz ter chamado muito a atenção a presença no Rio Grande
do Sul de um tipo de vinhedo em forma horizontal de latada, único no mundo em
função de sua sustentação ser sobre pilares de árvores de Plátano e também
alguns de pedra. “Todo esse conjunto torna essa paisagem muito singular, por
isso é possível considerá-la Patrimônio Cultural da Humanidade, como forma de
preservá-la. Sem dúvida, seria uma grande conquista”, evidenciou.
Entre as tantas propostas do livro, Dal Pizzol destacou
três que considera mais relevantes: a primeira apresentando “paisagens
singulares” e que podem se tornar atrativos turísticos; a segunda sugere
reflexões sobre a sustentabilidade dessa paisagem do vinhedo da Serra Gaúcha,
sujeita a fraquezas e ameaças; e, por fim, seria desejável um movimento que
inclua os produtores, governos municipais da região e a comunidade em geral
para que haja a compreensão de que existem antecedentes e justificativas a fim
de que a paisagem seja considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela
Unesco, a exemplo de outros locais equivalentes na Europa, o que pode gerar
reflexos positivos para o consumo interno de vinhos, ao colocar essa paisagem
em uma vitrine e referência internacional.
O secretário de
Turismo de Bento Gonçalves, Gilberto Durante, presente ao evento e
representando o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, agradeceu o
empenho de Dal Pizzol por meio de propostas inovadoras, como o Vinhedo do
Mundo, o Ecomuseu da Cultura do Vinho assim como pela participação e
fundamental apoio junto ao Conselho Municipal de Turismo. Igualmente, enfatizou
o papel de Luís Vicente e todo seu conhecimento compartilhado para a
concretização da obra.
O livro conta com 288 páginas, dividido em 15 capítulos,
e tiragem de três mil exemplares e tem a apresentação da professora Ivanira
Falcade da Universidade de Caxias do Sul (UCS). O prefácio é de Mirian Sartori
Rodrigues, diretora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
(Iphae/RS), e prólogo de Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho.
A obra é uma
referência nos estudos da paisagem do vinhedo e foi produzida com projeto
aprovado pelo Ministério da Cultura e conta com o patrocínio de Bradesco,
Italínea, Florense, Toniolo Busnello e Concresul, e tem o apoio do SENAR e Dal
Pizzol Vinhos Finos.
Rinaldo Dal Pizzol é natural de Bento Gonçalves (RS) e
formado em Ciências Econômicas. Desde 1960 foi diretor de empresas do setor
vinícola. Presidiu a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e foi
vice-presidente da Festa Nacional do Vinho, em Bento Gonçalves, e da Festa
Nacional do Champanhe, em Garibadi. Atualmente preside o Instituto R. Dal
Pizzol é diretor da Dal Pizzol Vinhos Finos. O Instituto é responsável pela
recente constituição do Ecomuseu da Cultura do Vinho que abriga entre outros
atrativos culturais uma bem organizada coleção ampelográfica privada (de
videiras), em campo, com cerca de 400 variedades, exposição a céu aberto e sala
de exposição de longa duração que estão à disposição dos visitantes.
Luís Vicente Elias Pastor é natural de La Rioja
(Espanha), doutor em Antropologia, mestre em Etnologia e licenciado em
Filosofia. De 1974 a 1980 foi diretor do Museu Etnográfico de La Rioja. De
1991-2001 foi diretor da Fundação Caja Rioja. De 1998-2000 foi responsável pelo
Programa Líder Temático Cultura do Vinho. Foi professor de Antropologia na
Universidade Nacional de Educação a Distância, expert em temas de Patrimônio
Cultural, autor de diversas publicações sobre patrimônio e turismo, cultura do
vinho e turismo do vinho. Professor convidado de várias universidades sobre
temas da cultura do vinho. Atualmente é responsável pela documentação e
patrimônio cultural das vinícolas R. López de Heredia e Viña Tondonia en Haro
(La Rioja).
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