quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ainda a questão do vinho verde

O incansável Olyr Corrêa, crítico de vinhos, recuperou o texto dele que eu havia perdido e mandou de novo. Aí está, para alimentar a polêmica sobre o nome do “vinho verde”. E já mandou contestar minha informação de que foi um enólogo português que me garantiu que o nome não é porque algum dia tenha sido feito com uvas verdes.Eis seu mensagem: “Aí tá uma cópia. E não existe isto de “enólogo de vinho verde”. E Soalheiro não é vinho verde, é Alvarinho. O que estes ancestrais nossos deviam de chamar os seus melhores “vinhos verdes”. Bem como Loureiro, Trajadura, Arinto (Pedernã). Funciona muito melhor que “Vinho Verde”.”Agora, o texto original que eu deveria ter publicado e perdi:“Permita-me discordar, mas a verdade é que, hoje em dia, entre os conhecedores/pesquisadores resta pouca dúvida: estes vinhos chamam-se verdes porque eram feitos com uvas verdes, isto é, que não haviam atingido a sua plena maturidade (é claro que este adjetivo era aplicado em relação ao vinho de outras regiões, considerados "maduros").Esta realidade começou a desaparecer a partir da década de 80 do século passado. Hoje a moderna viticultura portuguesa da Galícia é outra e faz vinhos com uvas idealmente maduras.Atualmente, esse tipo de vinho só existe em propriedades não comerciais, basicamente para consumo próprio ou venda comunitária e local, onde as uvas são cultivadas em latadas, com folhagem exuberante e irrigação caseira (a "molha" diária da "horta").A historieta esta da "região verde", porque o Minho é uma região fresca e com muito verde, foi inventada exatamente para esconder esta verdade histórica.A própria legislação dizia que os "verdes" deveriam ter (Alvarinhos fora!) entre 9 e 11,5° de álcool enquanto os "maduros" no mínimo 11°.Se alguém desconfiar porque nós nunca produzimos brancos ditos “de qualidade” e acabamos produzindo os "famosos" espumantes da Serra Gaúcha e der uma olhada nas duas regiões vai encontrar muitas semelhanças.Por último, acho que esses vinhos possuem o seu valor e seu nicho de mercado, veja-se o acompanhamento de sardinhas, arenques, salames, polvos e lulas vinagrete, e não devem olhados com desprezo por deslumbrados “parkeristas”. Um Muralhas de Monção na praia de Alteirinhos, no verão, na minha opinião, não encontra cerveja que o supere. (Alteirinhos tem umas outras atrações, também...)
Consultem aqui na Revista de Vinhos, onde aliás muita das informações parece ter sido tirada: http://tinyurl.com/2fu8wa6
Um abraço
Olyr Corrêa, do Rio
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O Ducati estava lá

Jorge Ducati deixou um novo comentário sobre a sua postagem Sobre os vinhos verdes.

Eu também estava na apresentação no São Rafael, e ouvi o que o Marcelo Copello disse sobre o porque da expressão "vinhos verdes". Não fiquei convencido... toda a vida, sempre li que era porque as uvas eram colhidas menos maduras; li isto, inclusive, em textos franceses dos anos 70. Além disto, fico pensando sobre o argumento da "paisagem é verde". Paisagens verdes há muitas... e se aquela em especial é verdíssima, deve ser porque chove muito... razão e fator para colher cedo as uvas, antes que apodreçam...logo, uvas menos maduras...logo, vinhos verdes...
Saudações enófilas,Jorge Ducati

Resposta – O Ducati, então, me deixa mentir. O enólogo português António Cerdeira também disse que os vinhos se chamavam “verdes” porque eram de “uma região de muito verde”
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Mais um entra na história do vinho verde

Não é verdade que o vinho verde vem de uva verde. Se podem usarvárias castas brancas e tintas para a elaboração de um vinho verde. EmPortugal há recomendações oficiais sobre qual casta deve ou não serusada para a elaboração de um vinho verde. A atual região demarcadados vinhos verdes estende-se por todo o noroeste do país, regiãoconhecida como Entre- Douro-e-Minho. Para quem entra em Portugal pelaEspanha ( pela Galicia), a terra do vinho verde começa depois decruzar o rio Minho. Embora o clima seja agrádável, com pouco calor,graças as brisas do Oceano Atlântico, e pouco úmido, o solo égranítico, de pouca profundidade, mas, e sempre tem um mas, graças àação secular das comunidades rurais - que tradicionalmente usam oestrume para fertilizar o solo - as vinhas crescem sadias. É umaregião de um verde exuberante, que de certa forma, sintetiza aspeculiaridades desse vinho tão incompreendido....
Abs.
Aldo Renato Soares, Brasilia
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O 130 da Valduga

Em 23 de dezembro de 2010 15:53, Aldo Renato Soares escreveu:

Ucha,comprei para as festas de Fim de Ano um espumante Casa Valduga 130. Não conhecia. mas o vendedor da Super Adega - um atacadão/varejão de Brasília -, me disse que este espumante ficou 4 anos em fermentação. Pensei: "este vicente tá atochando...." Pelo sim, pelo não - e na falta do produto que sempre comprei alí, o excelente espumante brut da Chandon...- resolvi arriscar nesse Casa Valduga 130.Me custou R$ 37,90 a garrafa. O que tu me diz, bagual?????
Aldo Renato Soares, Brasilia.

Resposta – Sou meio suspeito para falar porque acho que este espumante tem um pouco do meu dedo, nem que seja de raspão. Certa vez, há alguns anos, o João Valduga mandou um helicóptero me buscar, em Porto Alegre, e me depositar exatamente nos jardins da Casa Valduga, em Bento Gonçalves. Depois, colocou uma série de vinhos básicos sobre um mesa e convidou a fazer algumas tentativas de misturas, visando a criação de um espumante. Acho que o 130 nasceu nesta época. É um bom espumante
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Cordeiro barato demais

Ucha, velho de guerra,Não resisti e dias desses comprei no Pão de Açúcar do Sudoeste (bairro novo de Brasília), uma costela de cordeiro já temperada. Te confesso que não lembro o frigorífico.... Já estava imaginando aquela carne maravilhosa no meu prato, guarnecida com batatas coradas (cozidas, untadas na manteiga, e colocadas na assadeira junto com oanimal)....Que decepção!!!!!!! Carne dura, um horror. Imagino que o cordeiro foi contemporâneo da Yolanda Pereira, em Pelotas. É por isso - e muitas outras - que está difícil introduzir a carne de cordeiro no centro-oeste.... e imagino que no resto do País.PS. O preço, cerca de 1 quilo, foi R$ 16,50...... ( Deveria terdesconfiado, né?).
Aldo Renato Soares, Brasilia

Resposta– É o problema da falta de cordeiros e da ganância. Não há cordeiro no mercado – fizemos propaganda demais, todo mundo resolveu provar, gostaram e comeram tudo. Ao mesmo tempo, os tradicionais fornecedores do exterior pararam de nos vender, porque acharam que pagasse mais, isto é, Canadá e México. O quilo do cordeiro vivo, que historicamente custava R$ 1,90, ou, no máximo, próximo ao preço do boi, chegou a ser praticado a R$ 8,00 nesta primavera. Ficou tão bom que lá em Livramento, minha terra, a turma estava vendendo ovelha gorda por R$ 300,00, quando deveria valer R$ 90,00. Resultado, com abate de ovelha, a carne fica mais dura e catinguenta e gera dois graves problemas. Assusta o consumidor que tanto nos custou conquistar e, amanhã, não vai ter matriz, fêmeas, e, consequentemente, não vamos ter cordeiro para abate e a carne ficará ainda mais cara.Amanhã ou depois vou escrever aqui no Blog sobre um grande projeto de criação de ovinos que está sendo desenvolvido pelo frigorífico Marfrig – aqui no RS e no Brasil Central – que, talvez, vá resolver este problema da falta de carne de cordeiro com qualidade. É coisa de gente grande: abate de 9 mil cordeiros por semana!

Um comentário:

OC disse...

Ucha,

O António Cerdeira não faz Vinho Verde, faz Alvarinho. E muito bom.
Claro, como ele também é o melhor propagandista da CVRVV tenta evitar as inconveniências da Denominação. Um grande erro de marketing, na minha não abalizada opinião.
Deveriam abandonar o mais rápido possível, a denominação Vinhos Verdes e encontrar uma mais amigável comercialmente.
No caso do Dr. Cerdeira, acredito que o nome da própria cepa, Alvarinho, é infinitamente mais poderosa. E se aproveitaria o vácuo dos espanhóis das Rías Baixas.
E ele, especialmente, que não faz vinho verde. Faz um Alvarinho maduro, como já está no seu rótulo.
E, Ucha, ao Soalheiro se aplica a excessão do transporte: custa mais de R$80,00 e vem em "reefers" para a Mistral.