sábado, 10 de julho de 2010

Cruzamento industrial: a chave do sucesso na terminação de cordeiros confinados

O zootecnista Paulo de Tarso, que sempre manda boas informações sobre cordeiros, enviou um artigo sobre confinamento e terminação de cordeiros, escrito pelo zootecnista Cledson Augusto Garcia, da Cabanha Unimar, do Senar e do Sebrae, consultor em ovinocultura. Vale a pena ler. Eis o texto:

“Introdução

A escolha da raça ou grupo genético é um aspecto de grande importância para o sucesso do agronegócio, seja para a produção de carne, lã, leite e da pele ovina no Brasil, aliado com boa nutrição e ambiente favorável, para que os animais expressem seu potencial genético, sendo essa à base do tripé para o sucesso na produção dos ovinos.
Os ovinos apresentam grande potencial de exploração, pois são extremamente precoces, especialmente quando submetidos num manejo nutricional diferenciado, ou seja, podendo ser abatidos com idade média de 4 meses. O curto período de gestação (150 dias), a boa prolificidade (crias nascidas/por matriz) neste pequeno ruminante doméstico contribui para elevada eficiência produtiva, por unidade de tempo.
Para a realização do cruzamento, o primeiro passo é selecionar as raças paternas, que fornecerão os reprodutores, e as raças maternas, que fornecerão as matrizes, servindo de base para o cruzamento. Isto é importante, uma vez que existem raças com rápido ritmo de crescimento, mais indicadas para serem paternas, e outras que apresentam melhor fertilidade, além de boa habilidade materna, devendo ser as maternas.
Existem vários tipos de cruzamento e a escolha de qual tipo usar depende do objetivo da criação. Se o produtor deseja vender boa parte dos animais provenientes do cruzamento entre duas raças, o cruzamento mais indicado é o simples ou industrial. Neste tipo de cruzamento todos os animais ½ sangue originados do acasalamento entre as duas raças serão destinados para o abate, independente do sexo da cria, porém alguns criadores "seguram" as borregas F1 para reposição e/ou ampliação do rebanho. O máximo do vigor híbrido é alcançado neste tipo de cruzamento, desde que as condições nutricionais e ambientais sejam adequadas.
Quando se deseja reunir características de várias raças num animal, realiza-se o cruzamento rotativo ou alternado, que consiste em ir alternando no acasalamento, uma raça e outra, sucessivamente. Outro tipo de cruzamento é o terminal (com três raças), também denominado como three cross, neste último devendo ser abatidos tanto os machos quanto as fêmeas, pois teve a exploração do máximo de complementaridade.
Geralmente, a capacidade produtiva das raças ou dos grupos genéticos dos ovinos é inversamente relacionada com a sua rusticidade. Os borregos geralmente são terminados em regime de confinamento total, principalmente na região Sudeste e Centro-Oeste, enquanto que na região Sul, Norte e Nordeste, geralmente em pastejo ou semiconfinamento. Dependendo da região a área do confinamento deve ser sombreada, para proporcionar maior conforto térmico, garantindo a boa qualidade do acabamento da carcaça dos mesmos.

Principais raças para cruzamentos dos ovinos de corte

Dentro da produção animal o cruzamento é quando os mesmos se acasalam, ou seja, quando são colocados para se reproduzir, indivíduos de raças ou grupamentos genéticos distintos. Por exemplo, quando se acasalam reprodutores Suffolk com ovelhas Santa Inês, neste caso está realizando o cruzamento entre estas raças, conciliando as características de interesse entre ambas. Na região Sul é praticado cruzamento industrial, com raças específicas para lã (Merino e Ideal), como base materna; que são cruzadas com as específicas para carne.
Os produtos desses cruzamentos são conhecidos por mestiços. Realiza-se o cruzamento quando se deseja obter o vigor híbrido ou heterose, que é esperada a superioridade da progênie em relação à média dos pais. Lembrando que existe uma confusão por parte dos criadores, acreditando que as raças lanadas não podem ser criadas em clima quente e isso não é verdade, pois a lã funciona como um isolante térmico, protegendo o animal tanto do frio quanto do calor, o que acontece é que os lanados com temperatura elevada aumentam sua frequência respiratória, sendo um mecanismo de perda de calor, para manter sua homeotermia.
Na região Sul, Sudeste e Centro Oeste destacam-se a criação de ovinos lanados, bem com Suffolk, Ile de France, Texel, Hampshire Down e Dorper, geralmente são as mais adotadas para a realização de cruzamento industrial, em rebanhos comerciais, ou seja, animais com características fenotípicas não definidas, sendo sua principal característica a rusticidade, obtendo-se um produto com boa adaptabilidade e maior precocidade após o cruzamento.
Na região do Nordeste, nos climas semiáridos, as condições de alimentação são desfavoráveis, em função da menor precipitação pluviométrica. Desta maneira, boa parte do ano é conveniente que a linhagem materna seja constituída de animais com maior rusticidade e menor exigência nutricional, em função do menor porte. Nestas condições, para ovinos, o tipo racial considerado Sem Raça Definida (SRD), a raça Morada Nova, a raça Somalis e até mesmo o Santa Inês devem ser usadas como linhagem materna, com introdução de reprodutores tipo carne, considerados linhagem paterna, resultando em um maior desempenho do cordeiro desse cruzamento. Lembrando que também existem as técnicas de conservação de forragem, como o feno, a silagem, além da palma forrageira, que é muita usada na região para a suplementação dos ovinos, em épocas críticas.

Considerações finais

Os ovinos apresentam boa precocidade e prolificidade, desta maneira proporcionam um melhoramento genético rápido, devido ao menor intervalo de geração, inclusive dando retorno de capital ao criador em menor tempo, maximizando a rentabilidade da atividade.
O cruzamento industrial é uma técnica recomendada quando o objetivo da propriedade é o aumento de produção de carne dos ovinos corte, além de melhorar a qualidade da carne ofertada ao mercado consumidor.”

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