domingo, 20 de novembro de 2011
Portugal 4 – Herdade do Rocim, Cuba, Alentejo, vinhos e comida de chef
A Herdade do Rocim, em Cuba, Alentejo
Catarina Vieira, dona e enóloga da Herdade do Rocim
Chefe de cozinha José Júlio Vintém, do restaurante Tombalobos
Fotos DU/JN
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O roteiro vitivinícola propriamente dito começou na aldeia de Cuba, no Alentejo, à qual chegamos depois de algumas paradas, porque nosso motorista Juvenal não se entendia muito bem com a “rapariga” do GPS e se perdeu mais de uma vez. Fomos recebidos pela proprietária e enóloga Catarina Vieira, filha de um grande empresário português, que começou o empreendimento em 2000 e inaugurou-o em 2007, portanto, é uma vinícola que faz parte do novo processo de produção português. São cerca de 100 hectares, 60 ha de vinhas, onde se plantam as castas alvarinho, arinto, Antão Vaz, viosinho, roupeiro, perrun, alicante bouschet, syrah, touriga nacional, aragonez, tannat,petit verdot, cabernet sauvignon e carmenère, entre outras. A produção é de 250 mil garrafas e Catarina quer chegar a 600 mil nos próximos quatro anos. De sua produção, 50 mil garrafas são de brancos e 5 mil de rosé.
Ela quer vinhos com muita mineralidade, elaborados, em média, com 12 horas de maceração, não baixa muito o frio, trabalhando os tintos entre 20 e 25 graus. Em sua adega, está presente o poeta Fernando Pessoa (1888-1935): “Boa é a vida, mas melhor é o vinho”, “Dá-me mais vinho que a vida é nada”. Ela é das que não dá muita atenção às denominações de origem, mas gosta do conceito Vinho Regional Alentejano. Começa a vindima em agosto e produz, em média, 6 toneladas/hectare.
Catarina começou a degustação com um Rocim 2010, branco, elaborado com uvas Antão Vaz, arinto e roupeiro,sem madeira, 13º de álcool, vinho agradável, de boa estrutura. Depois, foi um Olho de Mocho Reserva 2010, 100% Antão Vaz, 13º de álcool, de característica mineral, boa estrutura de boca, frutado, elegante, ideal para acompanhar queijos. Seguiu-se o Olho de Mocho Rosé 2010, de touriga nacional, syrah e aragonez, com 13,5º de álcool, seco, um vinho gastronômico, que cai bem com peixes.
O vinho número quatro foi um Mariana 2008, vinho que a Herdade do Rocim só faz para exportação. Frutado, redondo, é elaborado com alfrocheiro, alicante bouschet, aragonez e trincadeira. Não tem madeira, mas tem história. É uma homenagem à freira que vivia em Beja e escreveu belíssimas cartas de amor, aqui no Brasil denominadas Cartas Portuguesas.
O vinho seguinte foi um Rocim 2007, tinto, elaborado com aragonez, trincadeira e alicante bouschet da região da Vidigueira, 14º de álcool, 50% do qual passou seis meses em barricas de carvalho francês e ameriicana e os outros 50% seis meses em inox e, depois, mais seis meses em garrafa. Vinho concentrado, aroma de amoras, muito elegante, com complexidade e muita estrutura, embora ainda se sinta muito tanino na boca. Seguiu-se um tinto Olho de Mocho 2009, elaborado com touriga nacional, syrah e alicante bouschet, que passou 100% em barrica durante um ano e seis meses na garrafa, tem aroma frutado, de compota, muito fresco e muita cor. Deverá se tranformar num grande vinho nos próximos cinco anos.
Catarina e sua família tem outro projeto, de apenas 4 hectares, no Vale da Mata, na Alta Extremadura, perto de Fátima, região de Lisboa. De lá, já sairam o Vale da Mata 2008, que provamos a seguir - um vinho de syrah, touriga nacional e aragonez, muito mineral, fresco, 14º de álcool; e o Vale da Mata Reserva 2008, com as mesmas castas, mas muito mais concentrado porque levou mais syrah e touriga nacional. Grau alcoolico de 14,5º.
A Herdade do Rocim fatura em torno de 1 milhão de Euros/ano e, segundo Catarina Vieira, suas melhores safra foram 2007, 2009 e a atual, 2011. Depois de provarmos estes oito vinhos, ela nos convidou para almoçar nas belas e modernas instalações da herdade (prédio do arquiteto Carlos Vitorino), decorada com quadros adquiridos por seu pai, empresário amante da arte. A vinícola tem instalações atualizadas, com tanques de aço inox, mas mantém o lagar de mármore, onde algumas uvas são pisadas por jovens moças, e as antigas talhas de barro, onde elabora um “vinho da talha”, como faziam os antigos romanos ocupantes da Península Ibérica, há dois mil anos.
O almoço foi preparado pelo chef José Julio Vintém, do restaurante Tombalobos, em Portalegre (av. Movimento das Forças Armadas, 7300), e esteve entre osmelhores que provei nesta jornada em Portugal. As entradas foram brigadeiros de morcela, cacholeira branca com doce de laranja e amêndoa, bucho grelhado em salada e azeitona galega. Depois, bacalhau no forno com batata à padeiro, tomate seco e pimento recheado com favas e alcachofras e, finalmente, queixadas de porco alentejano assadas no forno com alecrim, castanhas e batatinha nova. A sobremesa foi pudim de requeijão com doce de abóbora. Tudo isso, é claro, acompanhado pelos melhores vinhos da Herdade do Rocim.
Catarina Vieira, dona e enóloga da Herdade do Rocim
A Herdade do Rocim
O roteiro vitivinícola propriamente dito começou na aldeia de Cuba, no Alentejo, à qual chegamos depois de algumas paradas, porque nosso motorista Juvenal não se entendia muito bem com a “rapariga” do GPS e se perdeu mais de uma vez. Fomos recebidos pela proprietária e enóloga Catarina Vieira, filha de um grande empresário português, que começou o empreendimento em 2000 e inaugurou-o em 2007, portanto, é uma vinícola que faz parte do novo processo de produção português. São cerca de 100 hectares, 60 ha de vinhas, onde se plantam as castas alvarinho, arinto, Antão Vaz, viosinho, roupeiro, perrun, alicante bouschet, syrah, touriga nacional, aragonez, tannat,petit verdot, cabernet sauvignon e carmenère, entre outras. A produção é de 250 mil garrafas e Catarina quer chegar a 600 mil nos próximos quatro anos. De sua produção, 50 mil garrafas são de brancos e 5 mil de rosé.
Ela quer vinhos com muita mineralidade, elaborados, em média, com 12 horas de maceração, não baixa muito o frio, trabalhando os tintos entre 20 e 25 graus. Em sua adega, está presente o poeta Fernando Pessoa (1888-1935): “Boa é a vida, mas melhor é o vinho”, “Dá-me mais vinho que a vida é nada”. Ela é das que não dá muita atenção às denominações de origem, mas gosta do conceito Vinho Regional Alentejano. Começa a vindima em agosto e produz, em média, 6 toneladas/hectare.
Catarina começou a degustação com um Rocim 2010, branco, elaborado com uvas Antão Vaz, arinto e roupeiro,sem madeira, 13º de álcool, vinho agradável, de boa estrutura. Depois, foi um Olho de Mocho Reserva 2010, 100% Antão Vaz, 13º de álcool, de característica mineral, boa estrutura de boca, frutado, elegante, ideal para acompanhar queijos. Seguiu-se o Olho de Mocho Rosé 2010, de touriga nacional, syrah e aragonez, com 13,5º de álcool, seco, um vinho gastronômico, que cai bem com peixes.
O vinho número quatro foi um Mariana 2008, vinho que a Herdade do Rocim só faz para exportação. Frutado, redondo, é elaborado com alfrocheiro, alicante bouschet, aragonez e trincadeira. Não tem madeira, mas tem história. É uma homenagem à freira que vivia em Beja e escreveu belíssimas cartas de amor, aqui no Brasil denominadas Cartas Portuguesas.
O vinho seguinte foi um Rocim 2007, tinto, elaborado com aragonez, trincadeira e alicante bouschet da região da Vidigueira, 14º de álcool, 50% do qual passou seis meses em barricas de carvalho francês e ameriicana e os outros 50% seis meses em inox e, depois, mais seis meses em garrafa. Vinho concentrado, aroma de amoras, muito elegante, com complexidade e muita estrutura, embora ainda se sinta muito tanino na boca. Seguiu-se um tinto Olho de Mocho 2009, elaborado com touriga nacional, syrah e alicante bouschet, que passou 100% em barrica durante um ano e seis meses na garrafa, tem aroma frutado, de compota, muito fresco e muita cor. Deverá se tranformar num grande vinho nos próximos cinco anos.
Catarina e sua família tem outro projeto, de apenas 4 hectares, no Vale da Mata, na Alta Extremadura, perto de Fátima, região de Lisboa. De lá, já sairam o Vale da Mata 2008, que provamos a seguir - um vinho de syrah, touriga nacional e aragonez, muito mineral, fresco, 14º de álcool; e o Vale da Mata Reserva 2008, com as mesmas castas, mas muito mais concentrado porque levou mais syrah e touriga nacional. Grau alcoolico de 14,5º.
A Herdade do Rocim fatura em torno de 1 milhão de Euros/ano e, segundo Catarina Vieira, suas melhores safra foram 2007, 2009 e a atual, 2011. Depois de provarmos estes oito vinhos, ela nos convidou para almoçar nas belas e modernas instalações da herdade (prédio do arquiteto Carlos Vitorino), decorada com quadros adquiridos por seu pai, empresário amante da arte. A vinícola tem instalações atualizadas, com tanques de aço inox, mas mantém o lagar de mármore, onde algumas uvas são pisadas por jovens moças, e as antigas talhas de barro, onde elabora um “vinho da talha”, como faziam os antigos romanos ocupantes da Península Ibérica, há dois mil anos.
O almoço foi preparado pelo chef José Julio Vintém, do restaurante Tombalobos, em Portalegre (av. Movimento das Forças Armadas, 7300), e esteve entre osmelhores que provei nesta jornada em Portugal. As entradas foram brigadeiros de morcela, cacholeira branca com doce de laranja e amêndoa, bucho grelhado em salada e azeitona galega. Depois, bacalhau no forno com batata à padeiro, tomate seco e pimento recheado com favas e alcachofras e, finalmente, queixadas de porco alentejano assadas no forno com alecrim, castanhas e batatinha nova. A sobremesa foi pudim de requeijão com doce de abóbora. Tudo isso, é claro, acompanhado pelos melhores vinhos da Herdade do Rocim.
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