domingo, 20 de novembro de 2011

Portugal 2 – Os números da vitivinicultura portuguesa


Neste momento, é outono e as vinhas dão um espetáculo bonito em Portugal
Foto DU/JN
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Portugal, que para muito brasileiro se resume nos vinhos do Porto, da Madeira e Verde, é muito mais do que isso. É um grande produtor de vinhos tranqüilos e também possui excelentes espumantes e vinhos de sobremesa. Este início de nova década me pareceu ser o melhor momento de uma mudança estratégica que vem sendo feita há mais de 20 anos na vitivinicultura lusa, com o melhor aproveitamento de suas castas autóctones, aumento das preocupações com a qualidade e, principalmente, com o surgimento de novas vinícolas, empreendimentos, em sua maioria, desenvolvidos a partir do ano 2000 – embora existam adegas com 100 anos ou mais.
Vamos aos números, fornecidos pela ViniPortugal. Em primeiro lugar, é preciso dizer que o vinho representa 2,1% do PIB português. Existem cerca de 35.000 produtores, sendo que cerca de 29 mil plantam as uvas com as quais fazem seus vinhos. Uma parte é considerada pequenos produtores, que produzem cerca de 100 hectolitros/ano.
Neste momento, conforme pudemos constatar junto aos produtores que visitamos, o objetivo é aumentar as exportações para novos mercados, especialmente Brasil, Estados Unidos, Canadá, China, Índia, Russia e Angola. Até fiz uma brincadeira com os colegas. Nós, jornalistas, escrevemos tanto sobre o Bric (Brasil, Russia, India e China), sigla que designa os países emergentes, e os vinhateiros portugueses estão interessados no Brica (Brasil, Russia, India, China e Angola) para colocar seus vinhos.
Portugal é o sétimo maior país exportador de vinho. No primeiro semestre de 2011, as exportações portuguesas de vinhos alcançaram 282,26 milhões de euros (R$ 674,60 milhões) e um volume de 1264,17 hectolitros. Exceptuando-se os vinhos licorosos Porto e Madeira, houve crescimento de 12,7% em valor e 14,9% em volume, comparado com o mesmo semestre de 2010. O incentivo às exportações da ViniPortugal está dando certo. O preço médio do produto, no entanto, caiu 1,9%. O preço médio do litro de vinho exportado ficou em 1,64 E (R$ 3,91). Neste aspecto, o vinho brasileiro exportado está muito mais caro. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho, entre janeiro e setembro de 2011, exportamos bem menos que os portugueses, apenas 315.244,90 litros, no valor de cerca de 2,7 milhões, ao preço médio do litro a R$ 8,60.
Embora eu tenha sentido em alguns produtores novos um certo desprezo pela Denominação de Origem e pela Indicação Geográfica, as exportações se mantém fortemente apoiadas nelas. Elas representaram 79% no valor e 51% no volume exportado. Os países de fora do Mercado Comum Europeu – onde vem caindo o consumo de vinho – responderam por 53% do volume exportado e 58% do valor gerado. China e Angola – o A do Brica – registraram os maiores índices de crescimento em valor e em volume. O mercado chinês importou mais 79,4% em valor e 156% em volume. Angola, que vive um momento de grande desenvolvimento econômico, aumentou a quota na exportação e representou 26,4% do volume total exportado, tendo crescido 41% em valor e 37% em volume.
O que os produtores chamam de mercados comunitários – os países do Mercado Comum Europeu – diminuíram suas importações, mas alguns, como Espanha e Polônia aumentaram as compras. A Espanha comprou mais 161% em volume e 42,4% em valor. A Polônia levou mais 108% de vinhos e pagou 43% a mais.
O Brasil é o sexto importador de vinhos de Portugal, tanto em volume quanto em valor. As importações andam em torno dos 8 milhões de litros/ano. No conjunto dos 21 países maiores consumidores de vinhos, o Brasil ocupa apenas a 14ª posição. De acordo com estudo divulgado em Portugal, pelo Instituto da Vinha e do Vinho, o Brasil é provavelmente o mercado mais importante para os vinhos portugueses (tranquilos), numa perspectiva de médio e de longo prazo: pelo enorme potencial de crescimento que demonstra: uma classe média em rápido crescimento e com uma frequência de consumo muito aquém do seu potencial futuro (atualmente 2,2 lit/per capita); pela importância já detida no mercado, ímpar nos mercados de maior dimensão internacional. Os estados do sul do Brasil são basicamente o mercado, com grande destaque para o Rio de Janeiro e, sobretudo, São Paulo; o consumidor brasileiro revela ser ainda pouco conhecedor do mundo do vinho, visto como um produto de luxo, mas mostra uma enorme predisposição e ‘sede’ de aprender e explorar este território, informa o relatório.

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