domingo, 20 de novembro de 2011

Portugal 11 – Quetzal, a Antão Vaz veio da Siria, é uma uva moura


Reto Frank Gorg, holandês, administra a vinícola Quetzal

Rui Reguinga, enólogo conultor da Quinta do Quetzal

No topo, a capela da vila com a adega romana circular; à direita, a cantina circular moderna
Fotos DU/JN
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Ainda na Vidigueira, visitamos a Quinta do Quetzal, um nome estranho para Portugal, pois é o de um deus asteca, mas acontece que o dono, um holandês, é apaixonado pelo Império Asteca e quando comprou a área de 40 hectares, em 2001, deu-lhe este nome. O projeto é inspirado na história da vizinha vila romana de S. Cucufate, datada do século 1 DC, e na qual foi encontrada uma adega redonda em que todo o processo de vinificação ocorria por gravidade, como é a melhor técnica de hoje. Os romanos, pelo jeito, já sabiam das coisas e esta sua adega é considerada a mais antiga da península Ibérica. A adega nova, também redonda, tem linhas modernas, puras, e materiais contemporâneos.
Fomos recebidos pelo administrador, o holandês Reto Frank Jorg, e pelo enólogo consultor Rui Reguinga, que explicaram o nome e a história da vinícola, destacando que no alto do morro em cujas encostas estão os prédios existe a centenária Capela de Nossa Senhora de Guadalupe, cujo nome serviu para designar os principais vinhos. Vinhedos antigos foram reconvertidos, em 2003, e, em 2004, foi apresentado o primeiro vinho. Entre as castas cultivadas, estão Antão Vaz, tinta grossa, arinto, verdelho, roupeiro, syrah, alicante bouschet e trincadeira. As encostas, sobranceiras à freguesia de Vila de Frades, garantem muita mineralidade aos vinhos, segundo Jorg.
A principal linha da Quinta do Quetzal é a Guadalupe Colection, sendo que o Guadalupe Selection, branco, é considerado um dos melhores. Há seis castas de vinhos tintos e um Alicante Bouschet licoroso que fica 16 meses em barrica, o Rich Red 2010, que parece um vinho do Porto. A degustação foi coordenada pelo Jorg, com apoio do Rui Reguinga.. Começamos com um Guadalupe Selection 2010, branco, 100% Antão Vaz, que uma parte passa por barrica de carvalho francês e outra fica no inox, um vinho de E 7,50 (R$ 17,92). Seguiu-se um Guadalupe Selection 2009, tinto, elaborado com aragonez (60%) e trincadeira (40%), que não passou em carvalho, um vinho mais frutado e mais macio. Já o Guadalupe Selection 2008, também tinto, com aragonez, trincadeira, syrah, alicante bouschet e cabernet sauvignon passou 14 meses em madeira de 2ª e de 3ª, ganhando complexidade, mas sem perder a frescura, como dizem os portugueses. O Quinta do Quetzal reserva 2008, com syrah, alicante e trincadeira, já é de outro nível, tem 14º de álcool, é muito complexo e com final de boca instigante. O preço é de E 15 (R$ 35,85).
Finalmente, a “chupeta do nenê”, apelido carinhoso do Alicante Bouschet Rich Red 2010, quase um porto, embora Jorg diga que “é melhor”. Ainda está em barrica, tem 18º de álcool, muito chocolate, 160g de açúcar, é doce, mas tem muita fruta e, por isso, é chamado de “chupeta do nenê”. É um vinho de sobremesa, sem dúvida, ideal para acompanhar chocolate suíço amargo. A garrafa, de apenas 375 ml, custa E 12 (R$ 28,68).

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