domingo, 20 de novembro de 2011

Portugal 18 – José Maria da Fonseca, a casa do Periquita em Azeitão


José Maria da Fonseca, casa museu, na Vila Nogueira de Azeitão
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Às 12h de sábado, dia 12/11, em ponto, estávamos na José Maria da Fonseca, a casa produtora do vinho Periquita, sem dúvida, o português mais vendido no Brasil, na Vila Nogueira de Azeitão. A vinícola existe há quase dois séculos e ainda guarda alguns vinhos moscatéis com mais de 80 anos. Uma loucura! José Maria da Fonseca, nascido no Dão, em 1804, fundou a vinícola em 1835. A marca Periquita é de 1850. Hoje, a empresa engarrafa 30 mil garrafas por hora e exporta 70% do que produz para o norte da Europa, Estados Unidos e Brasil, principalmente.
Alguns dos vinhos interessantes que existem nas antigas adegas são os Torna-Viagem. A empresa exportava vinhos para o Brasil já no século XIX. Algumas barricas que não eram vendidas, voltavam de navio, isto é, atravessavam o Equador duas vezes e, por incrível que pareça, o vinho voltava melhor do que tinha saído. Ainda há barris com esse precioso líquido intactos nas adegas onde a música clássica está sempre tocando para adormecer o vinho. Há, também, 36 pipas de mogno, de 20 mil litros cada, construídas à mão, há mais de 100 anos, que estão guardando vinhos que não tem preço.
Depois de uma instrutiva visita pelo museu e pelas adegas escuras e musicadas, fomos fazer a degustação, em companhia da simpática e bonita Sofia Parada, gestora de mercado da José Maria da Fonseca. Começamos, é óbvio, por um Periquita Azeitão 2009, tinto elaborado com castelão, trincadeira e aragonez, que passou seis meses em madeira, e do qual foram produzidos 1,3 milhão de litros. Depois, fomos para o Periquita Reserva 2008, com 900 mil litros produzidos; seguido pelo Domini Plus 2008, do Douro, tinto com touriga franca (60%), tinta Roriz (30) e touriga nacional (10%), pisadas, superpremium, que passou 14 meses em madeira francesa nova, frutado, equilibrado, com taninos suaves e persistentes. O José de Souza Mayor 2008, tinto, oriundo de vinhas granoa, trincadeira e aragonez com mais de 50 anos, pisadas, fermentado em antigas talhas de barro, como faziam os romanos, é outro superpremium. Sem filtrar, o liquido fica em contato com as cascas da uva durante 10 meses em carvalho francês novo e velho, cor rubi acastanhado, com aroma de folhas de tabaco, tâmaras, ameixas e baunilha, 13,7º de álcool e taninos suaves. O último foi um Alambre Moscatel de Setúbal 20 Anos 2007, 100% moscatel de Setúbal, muito frutado, jovem, com vida.
O almoço, em companhia da Sofia Parada, foi outra festa de vinhos e comidas. Começamos com o Rosé Lancers acompanhando queijo do Azeitão, que se come com a casca; depois, um vinho branco Quinta de Camarate, com alvarinho e verdelho, para acompanhar uma deliciosa sopa de alho poro. Seguiu-se um bacalhau dourado, “o melhor que já provaram”, disse Sofia, harmonizado com dois vinhos tintos superiores, super-premiuns, um J de José de Souza 2009, elaborado com granoá, touriga franca e touriga nacional, que custa, no Brasil, R$ 220,00, e um Hexagon 2007, com touriga nacional, tannat, quinta rrancisca, trincadeira, syrah e tinto cão, vinho para R$ 250,00 por aqui.
A sobremesa – torta de Azeitão com fruta laminada, laranja, kiwi, abacaxi, pão de ló, doce de ovos e canela – começou com o Moscatel Roxo Domingos Soares Franco Coleção Privada 2003 8 Anos e concluiu com o Alambre 20 Anos Moscatel de Setúbal, já citado, acompanhado por castanhas assadas. Foi um almoço de reis, por cortesia do Antonio Soares Franco, presidente da José Maria da Fonseca, e seu irmão Domingos Soares Franco, 7ª geração no comando da casa.
Com este almoço encerramos o programa de visitas às vinícolas do Alentejo organizado pela VinePortugal e voltamos à Lisboa. Há mais histórias para contar, sobre vinhos e comidas, mas isso ficará para próximas edições do Blog.

Um comentário:

Cris Bielecki disse...

Ucha,
parabéns pela cobertura sobre Portugal e as vinícolas, belo trabalho,
abr
Cris Bielecki