domingo, 20 de novembro de 2011

Portugal 10 – Herdade Grande, sopa de cação, lombo de porco preto e muito vinho


As oliveiras estavam carregadas de frutos






Mariana Lança, jovem enóloga, aceitou o desafio de buscar vinhos novos







António Lança é herdeiro de uma tradição vitivinicola alentejana
Fotos DU/JN
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Depois de fazer pão com as moças alentejanas da Malhadinha Nova, rumamos para Herdade Grande, a 5km de Vidigueira, Alentejo, onde fomos recebidos com muita simpatia pelo proprietário, Antonio Lança, e sua filha Mariana, jovem enóloga. A propriedade de 350 hectares – 70ha com vinhas, 40ha com oliveiras, 80ha com cereais e o restante com ovelhas e reserva de caça turística.- está há mais de 100 anos com a família Lança, que hoje planta videiras de aragonez, trincadeira, alicante bouschet, touriga nacional, cabernet sauvigon e syrah, entre as tintas, e Antão Vaz, arinto, roupeiro e outras, entre as brancas. O projeto é chegar às 500 mil garrafas, sendo 70% de tinto e 30% de branco, embora seu Antonio reconhece que “está aumentando o consumo do vinho branco”.
Visitamos a cantina e degustamos alguns vinhos tirados diretamente dos tanques de aço inoxidável e das pipas de carvalho. O primeiro foi da casta Raínha do Alentejo, um Antão Vaz 100%, ainda no aço, mas cujos antecedentes garantiram por três anos o prêmio maior da Confraria dos Enófilos ao seu António, a Talha D´Ouro do Alentejo. Em outro tanque, provamos o que Mariana garantiu que será o grande vinho do próximo ano, uma união de Antão Vaz e roupeiro; e, em outro, um 100% verdelho, branco que ela considera um desafio à sua capacidade de jovem enóloga. Está pagando para ver... Também provamos na barrica um alicante bouschet, syrah, tinta grossa, tinta caiada, um tinto ainda em fermentação malolática, e um trouriga nacional mais touriga franca, que está 6 meses em barrica e vai ficar, no mínimo, 12, para ser um reserva.
Depois, fomos almoçar e degustar com mais calma os vinhos da Herdade Grande, harmonizados com alguns pratos típicos portugueses. Entre os petiscos iniciais, fígado de borrego frito e coelho selvagem frio, em salada, harmonizado com Audaz, elaborado com aragonez, trincadeira e alfrocheiro. É um tinto macio, que deixa o gosto de fruta nos lábios, jovem, agradável de beber, saboroso e aromático.
A refeição propriamente dita começou com sopa de cação, com a posta de peixe no caldo, ao lado de um ovo frito, pão e batata. O vinho foi Herdade Grande 2010, com arinto, roupeiro e Antão Vaz, com notas de frutos tropicais e boa acidez.
Para acompanhar o lombo de porco preto alentejano, assado no forno, com batatas também assadas no forno e lentilhas, bebemos um Condado das Vinhas 2010, elaborado com aragonez, trincadeira e alicante bouschet, passado por madeira, e considerado por Antonio Lança “um vinho do mundo moderno”, mais econômico, porque chega ao mercado a E 4 (R$ 9,56). O produtor tira destas vinhas apenas 7 t/há. Seguiu-se um Herdade Grande 2009, mais suave, elaborado com aragonez, alicante bouschet e touriga nacional, um tinto com bons aromas de frutos maduros, ameixa preta, compota, alguma especiaria, harmônico. E, finalmente, um Herdade Grande Reserva 2008, de aragonez e cabernet sauvignon, o melhor da série.
António Lança produz cerca de 350 mil garrafas/ano e pretende chegar às 500 mil garrafas/ano. Cerca de 30% de sua produção é exportada, principalmente para o Brasil, Estados Unidos, Angola, Suiça, Alemanha e Bélgica. Ele e Mariana pretendem aumentar as exportações, principalmente para o Brasil, que consideram um mercado em crescimento.

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