quinta-feira, 30 de junho de 2011

Biotecnologias impulsionam melhoramento genético na criação de ovinos

Com a função de potencializar o melhoramento genético, as
biotecnologias reprodutivas vêm ganhando notoriedade entre pequenos,
médios e grandes ovinocultores. A inseminação artificial transcervical
é a mais utilizada, principalmente, pelo baixo custo operacional.
“Qualquer pessoa pode aplicar a técnica, desde que receba
treinamento”, explica Edson Siqueira Filho, gerente de caprinos e
ovinos da Alta Genetics, sediada em Uberaba (MG).
Outra tecnologia em ascensão é a inseminação por laparoscopia,
utilizada principalmente em rebanhos de elite. Nesse procedimento, a
taxa de prenhez é um pouco mais elevada, varia entre 60 e 70%, mas seu
custo é considerado oneroso, pela necessidade de um médico-veterinário
especializado e equipamentos cirúrgicos. Nesse procedimento, o sêmen é
depositado diretamente no útero das ovelhas por uma pequena incisão no
abdômen. Siqueira explica que o método pode custar até dez vezes mais
do que a inseminação transcervical, que apresenta índices médios de
fertilidade entre 45 e 60%.
Independentemente da escolha, e também do mercado a ser atingido, a
inseminação aparece como uma importante aliada do produtor,
principalmente em um momento de transformações na ovinocultura. Dentre
todas as vantagens, destaca-se a aceleração dos ganhos produtivos,
redução no ciclo de produção e economia no manejo de rebanhos mais
uniformes.
Segundo o Eng. Agrônomo Carlos Vilhena, Gerente da Dorper Campo Verde,
de Jarinu (SP), o mercado ainda é deficiente de mão de obra
qualificada. Mesmo assim, os processos de biotecnologia conquistam
cada vez mais adeptos, principalmente, pela praticidade. “A
ovinocultura só tem a ganhar com essas tecnologias, por garantirem
maior ganho de peso às futuras gerações, reduzindo o tempo de abate e
aumentando a precocidade de acabamento, com maior rendimento de
carcaça. Vale lembrar que esses resultados somente são obtidos com o
uso de sêmen de animais melhoradores, com produtividade comprovada por
DEPs (Diferença Esperada na Progênie), com boa conformação e exame
andrológico positivo”, complementa Vilhena.
Referência nacional na seleção de ovinos das raças Dorper e White
Dorper de linhagem 100% sul-africana, a Campo Verde focaliza suas
atividades na comercialização de reprodutores e matrizes comerciais, e
de elite, dos quais os que carregam maior carga genética são
utilizados no programa de melhoramento genético da empresa e
repassados a comercialização de sêmen. Oito carneiros da propriedade,
em coleta na Alta genetics, estão entre os que mais vendem sêmen no
País. Um deles é DVC 00038, conhecido como Karoo, um animal da raça
Dorper, de quatro anos, que bateu a marca de 1.000 doses
comercializadas na Feinco’ 2011. Outra revelação é o DVC 167, o
Koster, também da raça Dorper, que se aproxima dessa marca.
Em uma propriedade que preconiza estação reprodutiva por meio de monta
natural, um carneiro consegue gerar até 100 descendentes, se bem
aproveitado. Com a inseminação, o volume pode ser multiplicado
inúmeras vezes, considerando que, em média, 40 doses de sêmen podem
ser produzidas com apenas um único ejaculado do animal. Em geral, uma
dose é suficiente para emprenhar uma ovelha e não há o limite físico
para repetir a técnica. “O produtor só deve ter o bom senso de que uma
fêmea que não emprenhe após algumas tentativas pode apresentar
distúrbios, devendo ser tratada ou até mesmo descartada do rebanho”,
avalia Siqueira.
Mercado de sêmen – O mercado brasileiro de sêmen de ovinos mostra-se
cada vez mais consistente. Segundo a Alta Genetics, a cada ano, mais
criadores confiam na inseminação e se satisfazem com os resultados. A
empresa estima que a região Nordeste, que detém 60% do rebanho
efetivo, absorve 40% do total produzido. O Sudeste, com 4,5% do
rebanho, participa com 29%. É também a que mais emprega investimentos
em biotecnologias reprodutivas. O Sul, que reúne 25% do rebanho,
aparece com 13%, seguido pelo Norte, 11%, e Centro-Oeste, 7%. “Se
considerarmos que quase metade do rebanho nacional seja de fêmeas em
idade reprodutiva, apenas 0,5% são inseminadas. É um mercado promissor
e com grande potencial de crescimento”, afirma.
O especialista explica que novas técnicas contribuem com o crescimento
da inseminação artificial na ovinocultura, como Inseminação Artificial
por Tempo Fixo (IATF). As vantagens são as mesmas obtidas na
bovinocultura: eliminação de falhas na observação do cio, fertilização
de um grande volume de matrizes, redução de tempo de estação de monta,
ampliação na oferta de ovinos, filhos de animais zootecnicamente
superiores nascimentos pré-determinados; lotes homogêneos, economia na
manutenção do rebanho e índices de produção mais elevados.
Manejo do sêmen requer cuidados especiais - A inseminação artificial
em ovinos é cercada por uma série de cuidados, como o estado
nutricional e sanitário dos animais, habilidade do inseminador,
período do ano, qualidade do sêmen, manejo do botijão, métodos de
descongelamento, entre outros fatores. “Ao ser submetida ao processo
de criopreservação, a célula espermática passa por verdadeiros
desafios fisiológicos, que podem comprometer a viabilidade do sêmen.
Por isso, o manejo correto manejo desse produto é um fator
determinante ao sucesso da técnica”, avalia Siqueira.Na Alta Genetics,
o material genético somente é liberado ao mercado após um rígido
controle de qualidade. Nas fazendas, a armazenagem é um fator
determinante à vida útil do produto. O botijão deve estar em bom
estado de conservação, sem fissuras ou amassados, e devem ser
acondicionados em local limpo, seco e sem incidência de sol. O nível
de nitrogênio nunca deve ser inferior a 15 cm. Deve-se evitar a
manipulação desnecessária de canecas e raques. As canecas do botijão
não podem ser levantadas para acima da linha de congelamento (5 cm
abaixo da boca) e devem permanecer dentro do botijão até o momento sua
utilização. Para facilitar sua localização, é fundamental manter o
controle, com um “mapa” da posição das palhetas de cada reprodutor
dentro do botijão. Quando retirar a palheta da raque, precisa-se usar
uma pinça, já que o calor das mãos pode prejudicar a qualidade do
sêmen. No processo de descongelamento, o ideal é utilizar um
descongelador de sêmen, que mantém a temperatura da água a 37°C.
Quando retirada do botijão, a palheta deve ser colocada diretamente no
aparelho e permanecer imersa por, aproximadamente, 30 segundos. O
equipamento de inseminação deve sempre estar em perfeito estado de
conservação, bem higienizado e sem resquício de produtos de limpeza.

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