quinta-feira, 23 de junho de 2011

Lampejos de profundidade

O crítico de vinhos Olyr Corrêa, leitor assíduo deste Blog e também seu colaborador, acompanha fatos e pessoas que possam ter relacionamento com Santana do Livramento, lá na fronteira com o Uruguai, onde possui uma fazenda, na tradicional e famosa região do Caty – onde João Francisco também tinha uma fazenda e costumava degolar os adversários de Julio de Castilhos e de Borges de Medeiros. Ele é leitor do Juremir Machado, santanense que prefere se dizer palomense, pois nasceu, como os melhores vinhos da região, ao pé do Cerro Palomas, e escreve no Correio do Povo, já que está distante do Le Monde.
Eis a mensagem do Olyr:
“Em Nossiter, como em Juremir ou Lula, às vezes encontra-se lampejos de profundidade sepultados naquele ego e recalque(*):
“ Passei os anos seguintes anotando o nome, a região, a safra e o produtor de cada vinho, tentando também descrever seu caráter. Durante muito tempo caí na armadilha própria da pubescência (que a maioria dos chamados profissionais do vinho carrega pela idade adulta) de associá-lo com toda fruta, toda flor, toda matéria orgânica que conseguia imaginar, mas, pouco a pouco, o absurdo e o narcisismo desse exercício me levaram a situar determinado vinho no contexto em que o tomei – como, onde e com quem.
A subjetividade específica da experiência do vinho se tornou clara para mim, embora não significasse que gosto e perfeição fossem infinitamente relativos.
Esta é uma posição pós-moderna tão boba quanto a ideia eternamente adolescente do julgamento definitivo.
No entanto, sempre escrevendo sobre as particularidades humanas e ambientais que envolvem a degustação de determinado vinho, comecei a descobrir a alegria e a liberdade dos julgamentos complexos e mutáveis,”
Le Gôut et le Pouvoir Jonathan Nossiter
(*) Psic. A exclusão, do campo da consciência, de certas idéias, sentimentos e desejos, que o indivíduo não quisera admitir, e que, no entanto, continuam a fazer parte da vida psíquica, suscitando, não raro, graves distúrbios.

Um comentário:

Anônimo disse...

"me levaram a situar determinado no contexto em que o tomei – como, onde e com quem."

Leia-se:
me levaram a situar determinado VINHO no contexto em que o tomei – como, onde e com quem.

Olyr Corrêa