A questão da hidatidose

A secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul, em parceria com o ministério da Saúde, está divulgando folhetos na Expointer sobre a questão da hidatidose, uma doença que começa nos cães, atinge os campos e, daí, os animais, principalmente as ovelhas, e o homem. As pessoas e animais desenvolvem cistos hidáticos (bolhas d´água) no fígado, nos pulmões, rins, ossos e cérebro. Quando ingere as vísceras cruas dos ovinos abatidos nas fazendas – é muito comum que elas sejam dadas a eles -, os cães reiniciam o ciclo evolutivo do parasito. Por isso, é importante cozinhar bem as vísceras antes de fornecê-las como alimento aos cães.
A doença é crônica e grave, tendo como único tratamento seguro a cirurgia para retirada do cisco hidático. Para evitar a doença, é preciso dar vermífugo regularmente ao cão nas fazendas.
Em conseqüência da grande proliferação da hidatidose nos campos gaúchos foi que se criou o costume de comer carne de ovelha somente bem passada. Em algumas cidades da fronteira só se come churrasco de cordeiro quando a carne está seca, esturricada sobre as brasas. Isso prejudicou um pouco a adoção dos hábitos franceses e ingleses de consumir a carne de cordeiro ao ponto, quando ela fica mais gostosa.
Eu, que defendo a carne ao ponto, acreditava que, nos últimos anos, com o crescimento das dosagens de remédios nos rebanhos ovinos e no controle dos cães, havia diminuído a incidência da hidatidose. Infelizmente, parece que não é assim. Em conversa com o dr. Theodore Georgiakis sobre o meu mais recente livro – As melhores receitas da Confraria do Cordeiro – tocamos no assunto e ele me informou que ainda há muita hidatidose nos campos gaúchos, especialmente na região do extremo-sul, no litoral.
Por isso, valem as dicas da secretaria da Saúde:
- Nunca fornecer vísceras cruas na alimentação animal, pois é desta forma que o ciclo do parasito se mantém;
- Fornecer vermífugo regularmente aos cães;
- Cozinhar as vísceras de bovinos, ovinos, búfalos e outros ruminares antes de ingeri-las ou fornecê-las aos cães;
- Após lidar com terra ou animais, lave bem as mãos;
- Evitar o acesso de cães à horta de verduras para que as fezes não contaminem o alimento;
- Tomar água fervida.