segunda-feira, 17 de agosto de 2009

80 anos do cooperativismo ligado ao vinho

Foi no dia 11 e agosto de 1929, que renasceu o movimento cooperativista, especialmente ligado ao vinho, na região da serra gaúcha. A nova fase do cooperativismo nasce quando o mundo vive uma nova crise – a craque norte-americana – e os produtores foram buscar, na lembrança das idéias pregadas pelo advogado italiano Dr. Paternò, na década de 1910, quando foram fundadas dezenas de Cooperativas, que tiveram poucos anos de vida.
Se neste momento o agricultor não mais pode contar com a eloqüência do discutido ex-parlamentar italiano, aparece, em seu auxílio, na reorganização da agricultura regional, um outro técnico não menos capaz e igualmente portador da palavra ministerial – o inolvidável Paulo Moretzon Monteiro de Barros – e desfralda “o estandarte vermelho com a águia, pousada num feixe de varas, olhando o sol que desponta sobre o mapa da Encosta do Nordeste”, que fora, tristemente, enrolado com o descalabro de 1913 e a partida de Paternò.
Motivados pelas mesmas dificuldades, agravadas pela crise econômica mundial de 1929, agricultores e viticultores novamente se unem. Neste novo momento, a iniciativa partiu de baixo com o apoio de Monteiro de Barros. Em 11 de agosto de 1929, Arthur Perottoni, Joaquim Slomp, Henrique Rech fundam uma “Cantina Social” no distrito de Forqueta em Caxias do Sul. A reedição dessa iniciativa caxiense não tardou a servir de exemplo.
Cooperativa Forqueta, a primeira cooperativa em 1929. Revista do Globo (1950) conta o nascimento das primeiras cooperativas:
“O velho agricultor Artur Perottoni, ex-presidente da malograda Nova Vicenza, preside, na Estação Forqueta, á construção de outra “cantina social” que primo Slomp levaria para frente; vem a Aurora, de Bento Gonçalves, que, depois de algumas peripécies, João Marcon consolida e, em Garibaldi, Leonel Nicolini, João Pulita, Batista Locatelli, José Meneghini e outros pedem ao sr. Armando Peterlongo o estandarte da primeira sociedade de que o seu ilustre pai fora o presidente e o alcançam aos viticultores que, com Humberto Lotti, constroem a maior instalação vinícola do cooperativismo americano, e José Chies, com seus companheiros de S.Clara, reerguem a ‘leitaria social’ União Colonial. Na Linha Tamandaré levanta-se um ‘barracão’, que José Gave faz prosperar e envelhece entre suas paredes. Nova Vicenza e Nova Milano reerguem suas cantinas, com Castagna e José Baumgartner. Nova Trento constitui a São Pedro, dirigida por Ernesto Muraro, e, em cada canto do Município, surgem a de Otávio Rocha, a Trentina, a 3 de Outubro e a Santo Antônio, as quais, mais tarde, se fundem e adotam, no batismo legal de seus registros, a denominação de Cooperativa V.V. Santo Antônio, sediada em Caxias. Neste município, quase simultaneamente, aparecem a São Vitor, a Caxiense, a Aliança, e a Vitório Emanuelle, orientadas por Agostinho Zandomenighi, Tronca, Antônio Zanini e Odorico Dedrizzi, Virgílio Franzoi, respectivamente e a Madeireira Caxiense, de Antônio Giacomet.”
Saudamos a Cooperativa Forqueta e as dezenas de outras Cooperativas que enalteceram e enaltecem a história da vitivinicultura brasileira.
Os dados acima foram coletados por Floriano Molon, de Otávio Rocha, em Flores da Cunha, e estão em seu livro "Cooperativas Vinícolas de Flores da Cunha.".

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