domingo, 10 de julho de 2011

Os excelentes vinhos da Sicilia


Alessio Planeta veio a Porto Alegre apresentar seus vinhos
Foto DU/JN
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Confesso que não conhecia os vinhos da Sicilia e fiquei agradavelmente surpreendido quando conheci alguns deles em companhia do Alessio Planeta, sócio e enólogo da vinícola Planeta, com quem degustei quatro produtos, dia 4 de julho, na churrascaria Na Brasa, em Porto Alegre. Estavam presentes o Luiz Carlos Tonin, da Metrópole, o Bruno Airaghi, da Interfood-TodoVino, a Colleen Noel Clayton, da Giovanne Cardullo Inc., e os meus amigos Afonso Ritter e Mauro Corte Real, autor de vário livros, entre os quais O ritual do vinho.
Alessio começou explicando que a Planeta, localizada na Sicilia, Itália, iniciou suas atividades em meados dos anos 80, por iniciativa de três primos da família Planeta – Aléssio, enólogo do grupo, Francesca e Santi, ligados à aristocracia da ilha. O objetivo era resgatar o melhor da tradição da região, ucja imagem estava, até então, associada à produção de vinhos de volume (em outras palavras, vinho de baixa qualidade, que era enviado para outras regiões italianas para assemblage). Logo a vinícola atraiu a atenção dos crítico e dos clientes, sendo hoje a mais importante da região e uma das mais importantes da Itália.
Começou com 55 hectares, hoje são 350 há, divididos em cinco unidades produtoras situadas nas áreas mais importantes da província. Com duas adegas e quatro vinhedos totalizando 60 há, a vinícola é um império do vinho. Possui unidades nas províncias de Agrigento, Ragusa, Siracusa e Catania. As cidades mais próximas são Sambuca di Sicilia (AG), Menfi (AG), Vitoria (AG), Noto Sénior) e Castiglione di Sicilia (CT). A distribuição dos vinhos Planeta é feita em toda a Itália e em mais 65 países.
Com uma produção anual de 2,2 milhões de garrafas, a Planeta produz 12 vinhos, entre eles Burdese, Chardonnay, Cometa, Santa Cecilia, Cerasuelo di Vittoria, La Segreta Rosso, Syrah,Moscato di Noto, Merlot, Alastro e La Segreta Bianco.
A região, segundo Alessio, produz vinhos há 25 séculos, tem muitos climas e muitos terroirs, é um pequeno continente do vinho, onde a produção é de 65% brancos e 35% tintos, com mais de duas mil variedades autóctones. A Planeta trabalha com 19 autoctones. Hoje, 30% da produção já é engarrafada na Sicilia. Antes, quase tudo ia para o norte da Italia. Cerca de 53% da produção é exportada. A uva –bandeira da Sicilia é a Nero d´avola. A 1ª vindima da Planeta foi em 1995.
Começamos a degustação com um Alastro2009, de uva grecanico (100%), oriunda de Sambuca di Sicilia, de cor brilhante ouro maravilhosa, 10% em madeira francesa e dois anos na garrafa (R$ 90,00). Vinho de uva madura, colheita tardia (final de setembro), pouco aromático, gastronômico, elegante, mineral, de guarda, rico e com pouco álcool. Depois, provamos o Cerasuelo di Vittoria 2008, com uvas Nero d´avola (60%) e frappato (40%), que está a R$ 90,00 no Brasil. É um vinho frutado, fresco, muito aromático, para se beber um pouquinho gelado; embora tinto, ideal para acompanhar peixe (especialmente atum grelhado), sem madeira. De acordo com Alessio, a uva frappato só dá naquela região. Seguiu-se um Santa Cecília2007,um verdadeiro cru de nero d´avola di Sicilia (100%), ideal para acompanhar carne de cordeiro, pois tem 14% de álcool. É um dos 10 vinhos ícones italianos, elegante, redondo, que suporta envelhecimento superior a 10 anos tranquilamente. Está sendo vendido no Brasil a R$ 128,00.
Finalmente, porque eu tinha que ir trabalhar, degustamos um Syrah 2006 – Rosso di Sicilia, 100%, com 14,5 de álcool, que passou 14 meses em barrica, cor intensa de rubi. Esta foi a uva de origem francesa que melhor se adaptou na Sicilia. É um vinho com claras notas de chocolate, cacau, figada, com álcool arredondado. Tem origem em Menfi e Sambuca di Sicilia. Gostaria, mas não provei o Chardonnay (100%) produzido em Sambuca di Sicilia. Todo mundo diz que o Chardonnay da Planeta foi quem colocou a Sicilia no mapa mundial do vinho. Termino com três frases de Alessio Planeta que achei interessantes: 1ª – Vinho bom se faz com uva madura; 2ª – Bom merlot tem que ter de 14 a 14,5 de álcool; 3ª – O vinho não se faz à base de máquina. Isso deprecia a qualidade do vinho. Pode sair um “vinho frankenstein”.

Um comentário:

Luiz Carlos Tonin disse...

Danilo, ótimo seu resumo da visita e degustação da Planeta.