domingo, 10 de julho de 2011
A importância de Michel Rolland para o vinho brasileiro
Michel Rolland, enólogo francês
Foto Norio Ito/D/JN
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Acompanho Michel Rolland desde que ele veio ao Brasil, em 2002, contratado pelos Miolo. Estava na entrevista, junto com a jornalista Bete Duarte, de Zero Hora, em Bento Gonçalves, quando Rolland disse que “o Brasil só teria prestígio no mundo mundial do vinho quando acabasse com o vinho comum, elaborado com uvas americanas e híbridas”, declaração que colocou a maioria dos vitivinicultores gaúchos contra ele, alguns dos quais pensaram até em fazer uma “nova Revolução Farroupilha”, desta vez contra a França. Depois, entrevistei-o em Bagé, em São Paulo, novamente em Bento, e ele não conseguia escapar da mesma pergunta. Homem de princípio, sempre manteve a mesma resposta, embora, certamente alertado pela repercussão, atenuando um pouco a frase. Agora mesmo, dia 7, em São Paulo, perguntado sobre quando o Brasil terá grandes vinhos, respondeu: “O Brasil precisa fazer sua história, porque não há vinho sem história. Estamos no caminho”. Comedido e realista.
Responsável pela elaboração de vinhos reconhecidos internacionalmente, como o chileno Casa Lapostolle e o californiano de Robert Mondavi, desde que passou a prestar consultoria para o Miolo Wine Group, em 2002, provocou transformações em todos os patamares da cadeia produtiva dos vinhos. Foi grande incentivador da mudança de sistema de condução dos vinhedos (de latada para espaldeira, sistema vertical). Até sua chegada, 80% dos vinhedos da Miolo eram conduzidos pelo sistema latada, que favorecia o volume de produção de uvas em detrimento da qualidade do fruto. Atualmente, segundo Adriano Miolo, 100% dos vinhedos da Miolo são conduzidos em espaldeira. Não foi muito fácil mudar o sistema, porque os descendentes de imigrantes italianos, queriam era produzir mais uva, mais peso, que resultava em mais dinheiro pago pelas cantinas e também em volume maior de vinho.
A exploração dos diversos terroirs brasileiros também foi foco dos trabalhos de Michel Rolland. A partir de pesquisas e experimentações com diversas variedades de uva, hoje, várias regiões brasileiras próprias para a produção da uva e do vinho despontaram no cenário mundial da vitivinicultura. As técnicas de vinificação também foram melhoradas a partir das orientações de Rolland de forma a maximizar o potencial de cada variedade/região. Práticas como o recebimento por gravidade e a correta gestão da maceração garantiram ganho de qualidade que ajudaram a colocar os vinhos da Miolo em patamar de execlência. Hoje, é a maior exportadora brasileira de vinhos, com seus produtos em mais de 20 países.
O jovem enólogo Adriano Miolo, recém vindo da escola de enologia de Mendoza, na Argentina, foi quem convenceu o pai e os irmãos a pedir empréstimos e investir na pequena vinícola familiar em Bento Gonçalves. Foi, também, o responsável pela contratação da consultoria de Rolland, que acabou beneficiando todo o vinho brasileiro, pois seu trabalho servir de exemplo para outros produtores.
“O papel de Michel Rolland foi fundamental para orientar o caminho das tendências da vitivinicultura mundial – diz Adriano Miolo. Nos últimos 10 anos, aplicamos mais de R$ 100 milhões entre todos os projetos do Miolo Wine Group e isso, com a participação dele, foi fundamental para preparar a empresa para que ela se torne um grande player mundial.”
Em 10 anos, os Miolo, com os vários projetos de vitivinicultura, se transformaram no maior grupo de vinhos finos do Brasil, com a elaboração de 12 milhões de litros de vinhos finos/ano, proprietários da maior área de vinhedos próprios no País, com 1.200 hectares, todos de uvas viníferas, conduzidas pelo sistema vertical de espaldeira.
“Os resultados estão começando a aparecer na qualidade do vinho brasileiro”, concluiu Adriano Miolo.
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Um comentário:
Olá Danilo,
"Homem de princípio, sempre manteve a mesma resposta" não é muito aplicável a Michel Rolland.
Um abraço,
Alex
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