domingo, 10 de julho de 2011

As opiniões de Michel Rolland


Michel Rolland e Danilo Ucha, na Casa da Fazenda, em São Paulo
Foto Luciana Móglia
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Michel Rolland nasceu no Pomerol, França, terra do vinho merlot. “Nasci sob um planta de merlot”, diz. Por isso, nas mais de 100 vinícolas às quais presta consultoria, sempre procurar um terroir adaptado às uvas merlot. No Brasil, no Vale dos Vinhedos, encontrou um desses terroirs e lá criou merlots de alta qualidade, como o Merlot Lote 43 e o Merlot Terroir. Apesar de opiniões em contrário, ele é dos que defendem o vinho merlot como ícone do Brasil, assim como há o carmenère, no Chile, e o malbec, na Argentina.
- É a uva que experimentamos e melhor se adaptou. Poderá ser outra a ícone, mas tem que ser testada. Ao contrário do tempo em que eu era criança e meu pai não precisava, ao levantar de manhã, ficar olhando para cima e se perguntar “o que vamos plantar?” A merlot tem centenas de anos no Pomerol. Não há como escolher outra. Na Argentina, por exemplo, não consigo fazer um bom merlot. No Chile, hoje tem, mas até 10 anos, era carmenère que eles chamavam de merlot. Aqui, o merlot foi experimentado, é concreto. O cabernet franc pode ser interessante, mas é preciso fazer a prova.
- Aqui no Brasil, já temos algum tempo trabalhando com algumas uvas. Umas se deram bem, outras não. Em 2005, 2008 e 2009 conseguimos vinhos bons. Os de 2011 serão excelentes. O Brasil precisa fazer a sua história. Estamos no caminho, fazendo vinhos interessantes e diferentes. Temos que ir pouco a pouco. O Brasil não tem experiência como a França e a Itália. O vinho necessita tempo. O Brasil está no caminho.
- Os vinhos de 2011 saíram fantásticos, principalmente na região da Campanha. As uvas petit verdot, cabernet sauvignon, tannat e castas portuguesas foram maravilhosas. Os vinhedos estão mais velhos, o clima foi fantástico. Será uma safra importante na história do vinho no Brasil. Fazendo as coisas bem feitas, podermos melhorar muito.
- O que nós estamos fazendo, com o Adriano Miolo, é buscar que cada uma das quatro regiões onde a empresa atua tenha sua própria personalidade, seus próprios vinhos. Trabalhando bem, há futuro para o vinho brasileiro. Tem grande futuro. O país está no bom caminho.
- O Vale do São Francisco tem algo mais, é muito sedutor. Poderá dar bons vinhos, mas não grandes vinhos.
- Os Campos de Cima da Serra (Vacaria) oferecem vinhos com mais acidez, taninos mais firmes, elegantes e aristocráticos. No balanço, prefiro os do Vale dos Vinhedos.
- A Campanha gaúcha tem mais sol, mas voluptuosidade, e deu um vinho maravilhoso em 2011. Algo que vai demorar a ocorrer novamente.
- Não acho interessante comparar vinhos, se este é melhor do que aquele ou vice-versa. Por que comparar? O vinho que te agrada é o bom vinho. Produz-se um vinho com qualidade e se sái em busca do consumidor. No Chile, eu produzo um vinho de boa qualidade, e vendemos 1milhão de garrafas, o Clos de los Siete.
- Ainda não encontrei nenhum vinho branco bom no Brasil. Estamos trabalhando com sauvignon blanc e viognier. Nenhum chardonnay.
- O mercado bebe, cada vez mais, vinhos jovens, mas temos que fazer vinhos de guarda porque um país para ser reconhecido tem que ter vinhos que possam ser degustados depois de 25/20 anos.
- Para encerrar, o que posso garantir é que a safra 2011 é fantástica.

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