Paulo de Tarso dos Santos Martins, de São Paulo, me manda uma interessante informação sobre a situação da carne ovina no mundo e no Brasil. Os números desmentem alguns pessimistas sobre a criação de ovinos. Ei-los:
Existe certa apreensão sobre a redução do rebanho ovino no mundo, mas esta visão é estreita e merece ser mudada. Não importa quantos animais existem num país e sim a produção de carne que é obtida a partir deles. E neste ponto, a ovinocultura tem se mostrado muito eficiente. Enquanto o rebanho mundial diminuiu 11% desde 1990, a produção de carne aumentou 24%. É interessante destacar que os países que produzem mais não são necessariamente os detentores dos maiores rebanhos, devido à grande diferença de nível tecnológico entre as nações. Os produtos da ovinocaprinocultura movimentam cerca de US$ 11 bilhões por ano no comércio internacional. Pouco mais de 5% disto são provenientes de caprinos (carne, pele, leite e queijos). A carne ovina, por sua vez, é responsável pelos valores mais significativos movimentados, como pode ser visto na tabela 1.
A Nova Zelândia e a Austrália são responsáveis por 74% das exportações de carne ovina, enquanto União Européia, EUA e Arábia Saudita importam 39% do total. O Brasil também seguiu este caminho de aumento de eficiência. De 1990 a 2007, a produção de carne ovina brasileira oscilou em torno de 78 mil toneladas, apesar da diminuição de mais de 20% ocorrida no rebanho nacional. Ainda assim, o rebanho ovino das regiões tradicionais de criação é insuficiente para suprir o mercado interno brasileiro. Desta forma, o espaço para a carne importada vem aumentando - de 1997 a 2008 a importação de carne ovina passou de um valor de US$ 6 milhões para mais de US$ 23 milhões. Mesmo com este crescimento, a carne importada significa apenas 9% do consumo formal brasileiro, de 86 mil toneladas anuais. Quando se analisa apenas o continente Americano, o Brasil se torna mais relevante na ovinocaprinocultura. Afinal, o país detém o 2º maior rebanho tanto de ovinos quanto de caprinos e é o 2º maior produtor de ambas as carnes. Apesar de contar com somente 8% do rebanho ovino mundial, o continente Americano tem 2 países que figuram entre os principais exportadores de carne ovina, o Uruguai e os EUA. Ao mesmo tempo, México e EUA (que está dos 2 lados do fluxo de comércio) estão entre os 10 maiores importadores de carne ovina do mundo.
O Peru tem o maior rebanho ovino do continente, mas é na região do Mercosul onde está a maior concentração de ovinos, com quase metade do total. Em caprinos, o México e o Brasil representam quase a metade do total do continente. A produção de carne ovina continental alcançou 435 mil toneladas em 2008. O principal produtor é os EUA, apesar de um rebanho de cerca de 1/3 dos animais do observado no Brasil. Isto se deve a uma taxa de desfrute maior e ao abate de animais mais pesados. O Peru, apesar de ter o maior rebanho não figura entre os maiores produtores. O Uruguai é o 3º maior produtor do continente, mas é o país com maior orientação exportadora. Finalmente, mais de 60% do consumo aparente de carne ovina e caprina é concentrado nos EUA, Brasil e México. O consumo total do continente alcançou 712 mil toneladas em 2008, contra uma produção de 604 mil toneladas.
Isso demonstra presença da importação de outras regiões do mundo de cerca de 108 mil toneladas de carne ovina, que abastecem principalmente EUA e México, já que o Brasil importa carne ovina quase exclusivamente do Uruguai (9% de seu consumo formal anual, conforme já descrito acima). Resumindo, o Brasil participa do crescente mercado internacional de carne ovina principalmente como importador. Isso demonstra que existe um mercado interno ávido por consumir a carne destes pequenos ruminantes. Também demonstra que existem oportunidades reais para os produtores brasileiros desenvolverem a cadeia produtiva de ovinos e assim ocupar de forma mais racional as imensas áreas de pasto disponíveis no país.
Fonte: André Sório-- Zoot. Paulo de TarsoCRMV-Z 070MT65 3682 134665 8119 7168
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