quinta-feira, 1 de março de 2012

Vinhos bons, comida excelente e duas experiências na Vinícola Luiz Argenta



Gewurztraminer passificando no ambiente natural

Gewurztraminer no frio, calor e umidade

Alguns dos tanques da vinícola escavada na rocha

Deunir Argenta explicando o seu projeto








Edegar Scortegagna, enólogo da Luiz Argenta

Fotos DU/JN
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Como a visita foi à noite e a lua, em fase crescente, não iluminava muito, não deu para rever, como eu gostaria, a região da antiga Granja União, que conheci nos tempos do meu amigo Luiz Mandelli, e que, hoje, é a moderna e fantástica Vinícola Luiz Argenta, em Flores da Cunha. Vou rever os vinhedos (novos) em outra oportunidade, de dia, mas a visita da noite do dia 27 de fevereiro não deixou de ser proveitosa – pelo conhecimento do projeto e da cantina escavada na rocha, pela conversa com o Deunir Luis Argenta, o dono, e seu enólogo Edegar Scortegagna, e, principalmente, pelo extraordinário jantar e os grandes vinhos que bebemos. Eramos mais de 70 jornalistas, vindos de várias partes do País, à convite do Grupo Randon, que faria a apresentação do desempenho do grupo em 2011, quando registrou uma excepcional receita bruta de R$ 6,4 bilhões!
Recebidos por Deunir e Edegar, eles falaram sobre a área de 140 hectares, antes pertencente à Companhia Vinícola Riograndense, a dos vinhos Granja União, os primeiros de viníferas produzidos no Brasil e que foram famosos; sobre o projeto diferenciado nos 55 hectares de vinhedos que estão implantando no terreno histórico – colhem, por decisão em favor da qualidade, apenas 1,3 quilos de uva por pé, quando o normal, entre os viticultores que se preocupam com qualidade, é 4 kg/pé e há quem prefira colher até 10kg/pé; a revalorização de alguns varietais, como cabernet franc e riesling; entre muitas outras novidades que contarei mais adiante.
Era quase 22h e estávamos com fome. Fomos para o grande casarão da antiga Granja União, recuperado por Argenta, e lá começamos uma grande ceia, iniciada com Espumante Luiz Argenta, brut, elaborado pelo método charmat, acompanhando queijo grana padano, produzido especialmente pelo seu Raul Anselmo Randon, que trouxe as vacas da Europa para Vacaria de avião; e por um pão italiano maravilhoso. A abertura foi com um creme de aspargos, seguido por salada caprese e um vinho Luiz Argenta Chardonnay Gran Reserva 2009, para acompanhar filé de peito de frango ao molho de mostarda com risoto à piamontesa. Depois, passamos para um Luiz Argenta Syrah 2011 Jovem, frutado, um tinto de verão, para se beber gelado, com aroma de flores vermelhas, rosas, e sabor de amoras e morangos silvestres, envasado numa garra de formato original, criação do moderno design italiano. Seguiu-se um filé à romana, com copa e batatas gratinadas, harmonizado com um Cabernet Sauvignon-Merlot 2006 RAR Reserva da Família Randon, um vinho elaborado na Vinícola Miolo, com uvas dos Campos de Cima da Serra, especialmente pelo enólogo Adriano Miolo para o seu Raul Randon. Finalmente, a sobremesa, um sorvete de creme com moranguinhos silvestres e vinho moscatel, acompanhado por um Luiz Argenta Moscatel.
Depois do jantar, mais uma surpresa. O enólogo Edegar Scotegagna me deu o privilégio de conhecer duas experiências que ele está fazendo, em parceria com um jovem enólogo italiano que estagia na Luiz Argenta: abriu a porta de uma câmara fria e mostrou-me 200 quilos de uvas gewurztraminer, na temperatura de 14 graus (que depois será aumentada, ao mesmo tempo em que se eleva a umidade do ar), para gerar o passimento das uvas (transformá-las em passas) através do fenômeno da Botrytis cinerea, um fungo que causa a chamada “podridão cinzenta", que, neste caso, se denomina “podridão nobre” e, com as uvas passificadas, extremamente doces, obter um vinho licoroso, como os Amarone italianos. Este é um aspecto da experiência. O outro, com o mesmo objetivo e com o mesmo varietal gewurztraminer, está sendo feito no andar mais alto do casarão que pertenceu à Granja União. Numa grande armação de madeira, forrada com tela, estão outros 200 quilos de uvas também em processo de passimento, mas, aqui, sem frio, sem calor e sem umidade artificais. As uvas estão ali, descansando, sob a aragem constante que entra pelas grandes janelas e espanta qualquer tipo de inseto, e já começam a virar passas.
Acertei com Scortegagna: quero provar destes dois vinhos licorosos quando ficarem prontos. No mínimo, um cálice de cada um dos processos de passimento. Depois da gewurztraminer, ele pretende repetir as experiências com uvas merlot.
Vale a pena conhecer a Vinícola Luiz Argenta (nome em homenagem ao pai de Deunir), quase dentro da cidade de Flores da Cunha, na serra gaúcha - Av. 25 de Julho, 700 - Flores da Cunha-RS. Fone.: 54 3292-4477. Endereço eletrônico: www.luizargenta.com.br/Email: luizargenta@luizargenta.com.br

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