sexta-feira, 17 de abril de 2015

CVR da Península de Setúbal faz pesquisa sobre o Moscatel de Setúbal no mercado brasileiro


                        Olha a cor do Moscatel de Setúbal
                        D/JN

A CVR da Península de Setúbal (Portugal), região vitivínicola onde se produz o Moscatel de Setúbal, realizou uma pesquisa sobre os hábitos de consumo deste vinho, no Brasil, para saber qual a imagem, atributos e posicionamento da bebida em relação à concorrência. Executada pela Maria Tereza Monteiro Consultoria e Pesquisa, o método usado foi qualitativo, através da técnica de discussões em grupo.
“Há séculos que alguns brasileiros conhecem e apreciam o Moscatel de Setúbal, nos últimos anos em todas as provas, feiras e demais eventos vinícolas em que o Moscatel de Setúbal marca presença no Brasil, todos os comentários e apreciações feitos por consumidores e profissionais da fileira do vinho são altamente elogiosas e motivadoras para os produtores, permanece para nós um “enigma”: porque é que não exportamos mais Moscatel de Setúbal para o Brasil? Foi para tentar ajudar a decifrar esse enigma que resolvemos investir na realização dessa pesquisa. Os resultados foram altamente positivos, confirmaram intuições que já possuiamos e nos deram pistas sobre o que devemos fazer para melhorar a promoção e o consumo do Moscatel de Setúbal no Brasil” – afirma Henrique Soares, presidente da CVRPS.
Eu mesmo já bebi muito Moscatel de Setúbal, na própria península, e, sempre que me foi possível, sempre elogiei este vinho maravilhoso, com séculos de história. Lá, inclusive, vi algumas pipas que vieram oara o Brasil, na época do descobrimento, e acabaram voltando intactas. O pessoal não sabia o que era bom.
O trabalho de pesquisa teve duas etapas. Na primeira parte participaram homens e mulheres, consumidores habituais e esporádicos de vinho Moscatel de Setúbal e de bebidas fortificadas (Porto, Madeira, Vermute, Xerez, etc.), residentes nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Na etapa seguinte, houve a participação de profissionais do mercado – donos de enoteca, lojas, sommeliers e professores de harmonização, nas mesmas cidades.
Foi constatado que o vinho Moscatel de Setúbal é percebido de forma bastante positiva entre os que o conhecem. É amplamente reconhecido como um vinho doce, saboroso, de teor alcoólico mais alto e mais encorpado do que os vinhos de mesa.  Em geral é definido como um vinho de sobremesa, para ser consumido depois das refeições, seja acompanhando a sobremesa ou mesmo como um digestivo. Uma das entrevistadas destacou que bebe como aperitivo. “Eu tomo também como aperitivo. Às vezes estou preparando o almoço e tomo um copinho do Moscatel de Setúbal”.
Na verdade, embora o Moscatel de Setúbal seja maioritariamnete reconhecido como um vinho de sobremesa, as suas ocasiões de consumo são amplas: um Moscatel de Setúbal pode ser apreciado também como aperitivo, como ingrediente principal de cocktails e não apenas em festividades pontuais. Os diferentes tipos de Moscateis de Setúbal (dos mais jovens, aos mais velhos, até ao mais raro, o Moscatel Roxo) permitem consumí-lo em diferentes temperaturas e em diferentes circunstâncias. Encontram-se Moscateis de Setúbal para um consumo diário, assim como mais apropriados a uma situação especial ou celebrativa.
O estudo permitiu concluir que a receptividade ao vinho Moscatel de Setúbal, em todos os grupos pesquisados é bastante positiva. Entre os que nunca tinham experimentado, notou-se uma grande surpresa positiva em relação ao produto.
Conclui-se que o Moscatel de Setúbal tem grande potencial para crescimento no mercado brasileiro, com excelente aceitação de acordo com os grupos analisados. É saboroso, agradável de beber, doce na medida adequada, tem uma cor extremamente atraente e é, segundo o grupo, superior ao Porto, seu principal concorrente. Destacaram ainda que sua D.O.C e a origem Portuguesa chancelam a qualidade do mesmo.
Visão dos profissionais
Nas duas cidades pesquisadas, o Moscatel de Setúbal é definido pelos profissionais das enotecas, lojas, sommeliers, professores e harmonizadores, principalmente, como um vinho de sobremesa ou um vinho doce. A maioria deles conhece a procedência portuguesa, em particular, e em menor escala a sua origem na Região da Península de Setúbal. Os profissionais descreveram a bebida como tendo um paladar acentuado, o sabor intenso, o aroma cítrico, de frutos secos e especiarias, com frescor e alto teor alcoólico. Em relação à cor, dourada ou amarelada disseram: “Lembra Topázio”.
Eles destacaram ainda como marca ser um bom vinho para acompanhar a sobremesa. Outros pontos fortes associados ao Moscatel de Setúbal são: o sabor adocicado, o aroma único e a boa relação custo benefício. No que concerne à harmonização citaram a possibilidade de adaptar-se também com queijos e acompanhar bem uma refeição, mesmo sendo um vinho doce. Além do uso em coquetéis por ter o sabor suave, feito de uva Moscatel de Setúbal e do alto padrão de qualidade. Outra dica interessante é degustar com charutos, pois é um vinho clássico, afirmaram. Além disso, o produto foi sugerido também para acompanhar frutas e, devido à boa acidez, a sugestão é beber gelado.
A maioria dos profissionais disse que ao oferecem a bebida para seus clientes, frequentemente eles aceitam a sugestão. Para eles a maior divulgação da bebida aumentará o consumo no Brasil pelos seguintes fatores: se tratar de um vinho doce; pelas propriedades positivas do produto: suave, frutado, com frescor; ótima qualidade com preço mais acessível favorecendo a experimentação; a possibilidade de consumo como aperitivo, uma vez que o brasileiro tem o hábito de consumir drinks antes das refeições e o fato da bebida ser consumida gelada, aspecto importante para um país de clima tropical.
Acho que foi e 2011 que, na Quinta da Bacalhôa, finalizei um maravilhoso almoço com  um Moscatel de Setúbal 2000, grande vinho generoso, 100% uvas Alexandria, originárias do Egito, doce, ácido e amargo ao mesmo tempo, considerado o melhor moscatel do mundo, envelhecido à moda do Madeira. Depois, provei o Moscatel Roxo 2000, vinho delicado, seco, elegante, com menos taninos. Estava tudo tão bom que o almoço terminou às 17h! 
A CVRPS tem como principal missão a defesa das DO Setúbal e Palmela e IG Península de Setúbal, bem como a aplicação da respectiva regulamentação, o fomento e controle dos vinhos produzidos nas respectivas áreas geográficas e a garantia da sua origem, genuinidade e qualidade.
Na Península de Setúbal produzem-se três tipos de vinho certificado:
- Vinhos DO Palmela: certifica vinhos: brancos, rosados e tintos, frisantes, espumantes e licorosos. A sua delimitação geográfica engloba os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e a freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do concelho de Sesimbra. Corresponde à mesma área de delimitação da DO Setúbal.
- Vinhos DO Setúbal: é aplicável exclusivamente, para vinhos generosos, brancos (à base da casta Moscatel de Setúbal) ou tintos (à base da casta Moscatel Roxo). A sua delimitação geográfica engloba os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e a freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do conselho de Sesimbra. Corresponde à mesma área de delimitação da DO Palmela.

- Vinho Regional Península de Setúbal: é aplicável a vinhos brancos, tintos e rosados, frisantes, licorosos e vinho para base de espumantes. De maior dimensão geográfica, inclui todo o distrito de Setúbal. Engloba os conselhos Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines. 

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