Caro Danilo
Não sou criador de ovinos, muito embora e com boa contribuição da tua parte, esteja perto de iniciar investimentos nesta área.
Sou jornalista e tenho por muitos anos lidado com o agronegócio como um todo, bem sabes disto.
Por este tempo tenho estado perto da ovinocultura e "cresci no setor" ouvindo que ovelha não dá dinheiro. Dava no tempo da lã. Pois é, ao que parece, este tempo se foi e o setor sofreu mudanças. Hoje a ovinocultura está buscando fortalecer o mercado de carne, e ainda tem, em todo o país, a opção da pele e do leite para fabricação de queijos finos. O mercado consumidor está aquecido, sem dúvida.
Mas o que pude perceber, neste tempo todo é que muito raramente vamos encontrar produtores que possam dizer quanto custa produzir um cordeiro? Se R$ 1,00 ou R$ 2,00 ou mais. Para saber se o que o mercado paga é um valor justo ou abaixo do custo, é preciso saber este dado. Bem sabes que as entidades que defendem a agricultura ou mesmo a bovinocultura, sabem qual é este custo e quando sentam à mesa de negociações, têm dados para poder argumentar sobre o preço mínimo necessário para remunerar a atividade do arroz, da soja ou do trigo. Na ovinocultura, isto não existe.
Já presenciei diversas discussões sobre este tema e quando pergunto, não sabem responder. Quando pergunto quanto custa uma consulta de um médico ou a hora de um veterinário, sabem. E quem estabeleceu este valor? Como chegaram a este índice?
Toda a indústria sabe quanto custa para produzir uma peça de um carro, de um trator. O ovinocultor não sabe. Já fizemos matéria no ARCO Jornal, onde debatemos este assunto. Encontramos um produtor, de Bagé que tem tudo planilhado. Mas são casos raros.
Vale então uma dica: o Laboratório de Produção de Ovinos e Caprinos - UFPR - Lapoc, publicou recentemente no site Farmpoint um artigo que trata dos custos de produção de cordeiros. Creio que valha a pena olhar para ter um embasamento e começar uma discussão mais profissional sobre o assunto, com base em dados pesquisados. Quem sabe aí, começamos a ter uma luz no fim do túnel.
Abraços e feliz 2010.
Nelson Moreira, jornalista
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