terça-feira, 1 de setembro de 2009

Misturar pode ser melhor

Um artigo do Clube do Vinho da Paraiba


Em um dos seus últimos artigos, a Máster of. Wine inglesa Jancis Robinson que escreve para diversas publicações do mundo além de manter um site (www.twitter.com/jancisrobinson), afirma com toda a sua bagagem eno-cultural que TALVEZ HAJA, MUNDO AFORA, UM LENTO RECONHECIMENTO DE QUE MISTURAR PODE, ÀS VEZES, SER MELHOR, o que não duvidamos.
Sabidamente há muito mais tipos de blend do que apenas os varietais. O grande produtor australiano Will Brundemayer ao apresentar os seus vinhos num encontro de mestres do vinho afirmou a respeito da mistura de vinhos. “Sou muito tímido acreditem ou não” e devido a isso, quase prefiro produzir vinhos de vinhedos únicos do que fazer blends, pois com varietais estremes é o vinhedo que leva a culpa. Quando há misturas, são produtos da criação de um vinicultor mais que da natureza, e o vinhateiro tem que se responsabilizar pessoalmente.
Por outro lado, sabe-se que Eben Sadie respeitado cultivador de vinhas na África do Sul, já registra que a obsessão do Novo Mundo pelos vinhos varietais, está refreando seu avanço fora da Europa; esclarecendo que blends de diferentes variedades de uvas, é o caminho para o sucesso, defendendo que isso é particularmente verdadeiro em climas marítimos mais cálidos onde a temporada de desenvolvimento do cultivo é relativamente curta, tornando os vinhos feitos de uma única variedade menos interessantes do que os resultantes da mistura de uvas diferentes, sabendo-se outrossim, que as diversas variedades florescem em momentos distintos, insinuando ser mais garantido ter mais de uma variedade plantada evitando o risco de ter um tempo terrível no momento crucial da frutificação de toda uma safra, num clima imprevisível.
No nosso modesto entender, os varietais foram de grande ajuda aos iniciados e principiantes considerando-se o grande auxilio na identificação das características organolépticas de cada variedade, possibilitando com muito maior facilidade a formação de uma memória olfato-gustativa aos principiantes que somente após, permitem analisar e eventualmente
tornarem-se adeptos dos blends (assemblages) de diferentes uvas, o que quase sempre acontece quando o apreciador tem acumulado maior experiência, nos levando a pensar que dentro de mais alguns anos, os bi e multi-varietais suplantarão a preferência atual pelos mesmos varietais nos dois mundos.
Segundo o consultor Michel Rolland que esteve em Bento Gonçalves para apresentar os novos vinhos de novas safras do Grupo Miolo a quem presta assessoramento técnico, jogou conversa sobre a mudança de gosto dos vinhos da atualidade e como a coisa aconteceu: afirma que na maioria das vezes, as pessoas estão sonhando em fazer vinhos, o que não funciona na prática pois, o vinho é um negócio, sendo necessário fazer bons vinhos e conseguir vendê-los e torná-los sucesso no mercado a que se destina; não esquecendo que existem vinhos baratos, vinhos caros e muito mais caros, sendo preciso entender onde se vai entrar no mercado e para onde ele está se direcionando e qual o tipo de vinho que mais gostam as pessoas que formam o núcleo escolhido para trabalhar.
Na Carta de Vinhos que irrigará o Jantar do Clube do Vinho - PB em 18 de agosto onde quatro terroirs diferentes do portfólio do Grupo Miolo fizeram a festa, a grande estrela da noitada foi o multi-varietal elaborado com as Castas Portuguesas, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz plantadas na Estância Quinta do Seyval em Candiota na Campanha Gaúcha, onde essas cepas adaptaram-se magnificamente, resultando um blend de alta intensidade aromática e boa persistência, expressando sabores de uva-passa, figo, ameixa seca e chocolate, demonstrando uma especial maturação das uvas. E, o melhor de tudo é que, a NET-SHOP voltou a funcionar, possibilitando a aquisição em condições especiais dos vinhos de todas as marcas MIOLO, LOVARA, RAR, QUINTA e FORTALEZA DO SEYVAL e os TERRANOVA da Fazenda Ouro Verde na Bahia. Sabendo-se que a equipe do Chateau Palmer, em Margaux, começou recriar um blend de vinhos originários de Bordeaux e do Rhone, quem vai duvidar da Recriação do Hermitage?

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