Já está circulando o número 24, safra 2009, da revista Wine Style, que tem entre seus editores o Guilherme Velloso, que me mandou a revista. Saiu acompanhado do segundo caderno sobre Vinhos de Portugal, agora tratando dos vinhos do Alentejo, do Tejo, da península de Setúbal e Terra do Sado e de Lisboa. Li deliciado, porque me lembrei de uma época antiga, 1972, quando estive no Ribatejo e participei de um belíssimo almoço íntimo, só com o então proprietário, na Quinta da Fonte Bela, em Vila Chã de Ourique, no Cartaxo, antes da propriedade entrar em decadência e ainda em poder dos descendentes de Francisco Ribeiro, que produziam bons vinhos e criavam belos cavalos andaluzes (lusitanos). Foi lá que conheci, como já escrevi aqui, a cruel colheita mecânica da uva, que destrói a parreira com golpes de braços de ferro. Não sei se isso não evoluiu, porque nunca mais vi colheita mecânica de uva.
No almoço, comemos um belo prato de pomba cevada nos pombais da quinta com arroz branco e passas de uva. Acho que bebemos um Boal Alicante, vinho leve, agradável, pouco alcoólico e de acidez fixa equilibrada; depois, um Fernão Pires; um Carignan; um Tália; um Castelão Francês, vinho fino e guloso; e um Vital, vinho ligeiro e de frescura delicada imprimida pela sua elevada acidez fixa. Em cálices que tinham 200 anos! Foi uma verdadeira degustação dos melhores vinhos de então da Francisco Ribeiro. Provei, também, um tinto FR. A Quinta Fonte Bela foi fundada, em 1897, por Antônio Francisco Ribeiro Ferreira, entrou em crise pelas mudanças políticas e econômicas de Portugal após os anos 70 do século XX e hoje está recuperada, depois de ter sido adquirir por Joaquim Pedro Monteiro, casado com Inês, bisneta de Antônio Francisco.
Guilherme, obrigado pela oportunidade de relembrar um dia tão auspicioso num período muito negro: em Portugal, ainda vigorava a ditadura de Salazar, com Marcelo Caetano; e, aqui no Brasil, estávamos no período mais negro dos anos 70, a ditadura militar!
Mas, voltando à revista Wine Style, esta edição tem grandes reportagens, como uma degustação especial dos riesling alemães, que voltam ao Brasil; vinhos exóticos da França; o Sesmarias, da Miolo; e Vernaccia e Poderi Del Paradiso, duas estrelas de San Gimigniano. Há, também, notas e notícias sobre o vinho e seu mundo. Vale a pena comprar a revista: R$ 12,00 nas bancas.
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