Quem for participar da Avaliação Nacional dos Vinhos da Safra 2009, como eu farei amanhã, deve aproveitar a oportunidade para conhecer melhor o Vale dos Vinhedos. Com 31 vinícolas e mais de quatro dezenas de empreendimentos ligados ao setor, o modelo de sistema enoturístico implantado no Vale dos Vinhedos vem servindo de referência para outras regiões vitivinícolas do país e também do exterior. Única região do Brasil a ostentar o selo de Indicação de Procedência em seus vinhos, o Vale registra crescente visita de estudantes, empresários, produtores de vinho e profissionais do setor motivados em conhecer e promover o intercâmbio de experiências com os empreendedores do roteiro. Ou, simplesmente, turistas.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Jorge Tonietto, o fato de o Vale dos Vinhedos ser a primeira região a obter Indicação geográfica reconhecida no Brasil mostrou para o setor vitivinícola que o trabalho conjunto possibilita ganhos tanto na valorização do produto como na conquista de mercados. “É por isso que outras regiões produtoras de uva e vinho buscam no Vale o modelo que pode ser empregado no desenvolvimento da vitivinicultura em outros locais do Brasil e também do Exterior” destaca ele que foi um dos responsáveis pelos trabalhos para a busca da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.).
Na Serra Gaúcha, a experiência do Vale dos Vinhedos vem servindo de referência para quatro associações vitivinícolas: a Aprobelo, de Monte Belo do Sul; Asprovinho, de Pinto Bandeira; Afavin, de Farroupilha e Apromontes, de Flores da Cunha e Nova Pádua. Já fora do Brasil a vocação enoturística e o reconhecimento alcançado após a conquista da Indicação de Procedência também vem chamando a atenção dos vitivinicultores. Tanto que visitantes de países como Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, Japão e Suíça já estiveram no Vale para conferir in loco o trabalho desenvolvido na região.
“Até da França, da região de Champagne, que já conquistou a Denominação de Origem já tivemos visita”, afirma o enólogo Adriano Miolo. Segundo ele, a troca de informações vem sendo intensificada no momento com grupos vindos de países como a Holanda e a Bolívia, que estarão em visita ao Vale dos Vinhedos nesta semana.
Uma comitiva de empresários, autoridades e agentes de desenvolvimento do setor vitivinícola da Bolívia estará na região entre os dias 23 e 26 de setembro, realizando visitas técnicas. O objetivo da viagem é estabelecer um intercâmbio de experiências entre as empresas da região, bem como, com as instituições de pesquisa e desenvolvimento vitivinícola e o setor produtivo da região de Tarija, na Bolívia.
O grupo de 21 pessoas é composto por prefeitos e secretários municipais de regiões produtoras de uva e vinhos, diretores de vinícolas e empresários dos setores de turismo e gastronomia. Também acompanham a comitiva representantes da Fautapo, instituição de cooperação internacional de apoio ao setor vitivinícola da Bolívia. A visita está sendo intermediada pela Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale) junto ao desenvolvedor de mercados da Fautapo, Luis Antelo Bruno, em parceria com a Embrapa e o Projeto Setorial Wines From Brazil.
Para o presidente da Aprovale, Aldemir Dadalt, o crescente interesse de outras regiões vitivinícolas do Brasil e do exterior demonstra que o Vale dos Vinhedos é reconhecido não apenas pela excelência na elaboração de vinhos e espumantes, mas também por seu potencial turístico vinculado à cultura do vinho. “O Vale dos Vinhedos hoje é uma referência enoturística em toda a América Latina e esta vocação vem servindo de espelho para o desenvolvimento de outras regiões vitivinícolas”, destaca.
Durante a visita, além de conhecer a estrutura enoturística do Vale, o grupo também receberá informações sobre procedimentos para a busca da Indicação de Procedência, outro interesse manifestado pelos bolivianos.
Tarija concentra 80% da produção nacional de vinhos e de Singani, um produto destilado de vinho típico do país. A região está dando início ao trabalho em busca da obtenção da uma indicação geográfica assim como de estruturação e qualificação dos empreendimentos para trabalhar com enoturismo.
A região conta com aproximadamente 1,6 mil hectares de videiras, cultivadas em áreas de altitude, sendo que 55% são da variedade Moscatel de Alejandria, variedade destinada à produção de Singani. A produção restante é destinada para elaboração de vinhos de mesa e finos a partir de variedades internacionais. Apesar de já ter tradição na produção vinícola, a região não elabora espumantes e apresenta um interessante crescimento de mercado no segmento de vinhos.
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