Uma vinícola fundada em 2002, que está produzindo alguns dos melhores vinhos do Brasil, a Lídio Carraro, que possui vinhedos em Bento Gonçalves, origem da família, e Encruzilhada do Sul, a nova província vinífera do Rio Grande do Sul, na serra do sudeste, está fazendo uma série de inovações técnicas e tecnológicas, no plantio e na cantina, para melhorar ainda mais seus vinhos e aumentar sua produção. Uma delas, é o aumento da densidade de plantas por hectare; outra, é o aumento do grau alcoólico de alguns vinhos, como o Lídio Carraro Tannat 2005, que está chegando ao mercado com 16,26° de álcool. Produzido com uvas de Encruzilhada do Sul, chegou a este grau alcoólico graças a uma levedura italiana diferente e ficou muito parecido, no nariz, com um amarone. Não sei como o ministério da Agricultura, que limita em 14° o grau alcoólico dos vinhos tintos tranqüilos, permitiu que este chegasse ao mercado sem a expressão “licoroso” em seu rótulo.
De acordo com o enólogo Juliano Carraro, um dos filhos de Lídio Carraro, trata-se de um experiência de mercado. Foram produzidas 3.380 garrafas que estão sendo vendidas a R$ 180,00 cada uma.
Este foi o último vinho apresentado numa degustação da Lídio Carraro, dia 14 de fevereiro, na Fenavinho, em Bento Gonçalves, na qual estavam, entre outros, os jornalistas especializados Didu Russo, William Barros, Jorge Carrara e Joel Falcone. Começamos com um chardonnay Da´divas 2008, primeira edição, 13,3° de álcool, com aroma persistente, frescor de frutas, bom volume de boca e persistência no paladar, sem madeira. Não vai chegar ao mercado porque um Clube de Amigos do Vinho comprou toda a safra de 10 mil garrafas. Se chegasse, custaria R$ 35,00. O 2009 começou a ser engarrafado dia 16 de fevereiro.
A segunda degustação foi um rose Da´divas 2008, diretamente do tanque, pois só será engarrafado no final de fevereiro, para lançamento em março. É o resultado da composição de quatro uvas – merlot, touriga nacional, tempranillo e pinot noir – vinificadas individualmente. Tem 12,5° de álcool e uma complexidade aromática muito interessante – frutas e flores -, com presença mínima de taninos, mas boa estrutura. Também é uma primeira edição de 3.500 garrafas.
Os Da´divas são produzidos com uvas de Encruzilhada do Sul, onde a Lídio Carraro lançou uma nova empresa, Sul Brasil Vinhos, exatamente para estes novos lançamentos e para a abrigar a linha Reserva da Serra, que já tem espumante brut e espumante moscatel, Merlot 2006, Cabernet Sauvignon 2006 e Merlot/Cabernet Sauvignon 2005. O objetivo é aumentar a produção de vinho e atingir novos mercados, como o nordeste.
O Reserva da Serra Merlot/Cabernet Sauvignon tem 13,5 de álcool, não passou por madeira e chega ao mercado por R$ 28,00. Outro vinho de Encruzilhada do Sul é o Lídio Carraro Elos 2006, com cabernet sauvignon e malbec, 14º de álcool, com produção limitada de 6.550 garrafas, a R$ 65,00. Tem intensidade, concentração e maior prolongamento em boca, com uma incrível maciez dada pela uva malbec (20%), enquanto os taninos da cabernet sauvignon são muito bem integraddos.
A degustação seguinte foi um Lídio Carraro Cabernet Sauvignon 2004, com 12,5° de álcool, elaborado no Vale dos Vinhedos e preço de R$ 78,00. Quem já provou e gostou deve correr ao mercado, pois será o último merlot da vinícola elaborado com uvas do Vale dos Vinhedos. Para sustentar a produção, a empresa precisaria comprar mais terras na região e não há disponibilidade. Didu Russo provou e disse: “É um merlozasso!” Na verdade, é um vinho para guardar por mais 9/10 anos e abrir para comemorar vitória do Brasil na Copa do Mundo de 2018. Tem cor intensa, lembra couro, fumo, cacau, terra molhada, com uma complexidade tal que até parece que passou por madeira, excelente persistência em boa e muita elegância.
A seguir, um Lídio Carraro Cabernet Sauvignon 2005, 100%, de Encruzilhada do Sul, com 14,7° de álcool, do qual foram feitas 3.400 garrafas, vendidas a R$ 85,00. Depois, um Lídio Carraro Quorum Grande Vindima 2005, do Vale dos Vinhedos, com merlot, cabernet sauvignon, cabernet franc e tannat, do qual feitas 20.550 garrafas, vendidas a R$ 90,00 cada. É o grande clássico da vinícola. Boca fantástica, rico no nariz, o que demonstra que ainda tem muito a crescer. Daqui 5 anos, vai estar soberbo.
O Lídio Carraro Singular Teroldego 2007, 100%, é de Encruzilhada do Sul. Um especialista que o provou no tanque, disse que deveria ser lançado em 2010, mas Juliano e sua irmã Patrícia Carraro, também enóloga, provaram e não se contiveram ao sentir tanta qualidade: vai para o mercado este ano a R$ 100,00 a garrafa. É um vinho muito floral, mas também muito jovem. Será preciso abrir a garrafa algumas horas antes de bebê-lo e colocá-lo no decanter. É muito intenso.
Finalmente, mas antes do Tannat 2005 citado no início da matéria, veio o Lídio Carraro Singular Nebbiolo 2006, 100%, com 14.9° de álcool e que chega ao mercado a R$ 180,00. Tem que passar pelo decanter, no mínimo, uns 20 minutos. Tem notas balsâmicas, como um barolo, é, sem dúvida, um nebbiolo com perfil brasileiro, bem mineral, com uvas de Encruzilhada do Sul que renderam 3.380 garrafas.
Com estes vinhos, todos de qualidade, a Lídio Carraro reúne condições para conquistar o mercado brasileiro e o internacional. No exterior, participando do Projeto Wines from Brazil, da Apex-Brasil, eles já conseguiram uma façanha, vender alguns de seus vinhos por US$ 44, quando a grande maioria do vinho brasileiro exportado mal chega aos US$ 20.
Para atender o crescimento da demanda dos vinhos, sem prejudicar sua qualidade, a empresa está começando a aumentar a densidade das plantas por hectare. Começaram com 3.300 pés por hectare, hoje estão com quase 5.000 e o objetivo é chegar a 7 mil plantas por hectare. As modernas técnicas agrícolas permitem isso sem diminuir a qualidade do fruto. Além de aumentar a produção, o aumento de densidade compensará a diminuição da quantidade de uva por planta que, em alguns casos, chega a apenas 1 kg por planta, para desespero dos Nonos (avôs) e Nonas (avós) que choram quando vêem os filhos cortar fora, eliminando das plantas, mais da metade dos cachos, forma de obter uvas mais vigorosas, com maior grau de doçura, o que garante a boa qualidade do vinho.
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