sábado, 29 de março de 2014

Lançamento do cadastro vitivinicola na Embrapa Uva e Vinho


Capa do CD com o cadastro vitivinicola















                 Enólogo Zanus, à direita, coordenou o lançamento
                 Fotos Martha Caus/D/JN

O resultado de um trabalho de quatro anos e que subsidiará o setor vitivinícola com dados e informações importantes foi apresentado na tarde desta sexta-feira (28), no auditório da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS). Realizado em parceria pela entidade anfitriã e o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), com apoio da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa/RS) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os dados coletados foram agrupados no CD Cadastro Vitícola o Rio Grande do Sul 2008 a 2012 e apresentado para dirigentes de entidades, viticultores e representantes políticos.
O material contém informações como o número e tamanho de propriedades, variedades americanas, híbridas e viníferas, idade dos vinhedos, áreas georreferenciadas e produtividade, entre outras categorias que contribuem para embasar estratégias de qualificação da produção. Os dados disponibilizados em um CD que será distribuído para as entidades do setor e órgãos governamentais ligados a atividade, também estão disponíveis para consulta e download gratuito no site da Embrapa Uva e Vinho (www.cnpuv.embrapa.br/pesquisa/cadastro/cds/2008-2012/dados/home.html).
A pesquisadora e coordenadora do Cadastro Vitícola, Loiva Maria Ribeiro de Mello, ao detalhar os itens que constam no CD, apontou algumas conclusões do levantamento como, por exemplo, a diminuição de área de variedades viníferas tintas e o aumento dos espaços destinados à produção de uvas para elaboração de sucos. Outra informação detalhada pela pesquisadora foi o aumento de área plantada em regiões como as de Vacaria, Guaporé, Serra do Sudeste e Campanha. “O cadastro dá subsídios para justificar políticas públicas e elaborar um mapa da produção de uvas no estado. A implantação do georreferenciamento confere maior precisão e confiabilidade ao levantamento”, afirmou.
Para o chefe-geral da Embrapa, Mauro Zanus, o cadastro é um instrumento importante tanto para suporte aos pedidos de IGs, para o conhecimento acerca da extensão de cada cultivar nos municípios e sobre a história da viticultura gaúcha. “O cadastro é um reflexo do que está sendo demandado pelo mercado e que pode servir como um alerta para que, tanto os produtores quanto a indústria, considerem os elementos da nossa vitivinicultura que nos diferenciam de outros países”, comentou.
O presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Moacir Mazzarollo, e o presidente da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, apontaram a necessidade de expandir o cadastro para os demais estados do país. Mazzarollo destacou que é preciso dar continuidade às atualizações anuais e aperfeiçoar os processos de levantamento de informações. “Para isso, é fundamental o apoio das instituições que representam os viticultores, sindicatos e associações, com o objetivo de qualificar o trabalho de campo realizado nas propriedades”, sugeriu.
A coordenação técnica do Cadastro Vitícola é realizada pela Embrapa Uva e Vinho, por delegação do Mapa. O projeto é financiado pelo Ibravin, com recursos do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Fundovitis/RS). Os levantamentos contam com o apoio  dos sindicatos de trabalhadores rurais e Emater/RS. O estudo priorizou o cadastro de propriedades por georreferenciamento, principalmente das áreas em regiões que buscam ou já obtiveram uma Indicação Geográfica (IG).
Destaques da viticultura gaúcha
A viticultura do Rio Grande do Sul está presente em 28 das 35 microrregiões do estado e em 15.221 propriedades rurais. A área ocupada com vinhedos, em 2012, foi de 41.076 hectares (ha), sendo 2,60 ha a média por propriedade. As 10 microrregiões mais importantes são responsáveis por 97,43% da área de vinhedos do estado.
Variedades do grupo Americanas, usadas em larga escala na produção de vinho de mesa e suco, estão presentes em todas as microrregiões e somaram 18.189,59 ha, em 2012, representando 38,64% da área total de videiras. A produção foi de 320.016,33 toneladas, 42,26% da produção total do Estado. As Híbridas, com área de 16.096,66 ha produziram, em 2012, 356.239,27 toneladas e representam 39,19% e 47,04 % da área e da produção do estado, respectivamente. Tanto as americanas quanto as híbridas são usadas também para consumo in natura.
As variedades viníferas, usadas para elaboração de vinhos finos, ocuparam uma área de 6.606,03 ha, com produção de 81.031,89 ha, o que equivale a 16,08% da área e 10,70% da produção do estado.
O agrupamento viníferas apresenta o maior número de cultivares, totalizando 99. Entretanto, 95% da área refere-se a 29 cultivares. A cultivar Cabernet Sauvignon, de maior área, ocupou 1.341,69 ha, em 2012, com produção de 12.556,92 toneladas, ou seja, 20,31% da área e 15,50% da produção de uvas viníferas do Rio Grande do Sul. Essa cultivar é usada especialmente para produção de vinho tinto fino.
A cultivar Merlot, uma das tradicionais para elaboração de vinhos finos, ocupou 887,41 ha, em 2012, representando 13,43% da área.
A cultivar Chardonnay, usada para elaboração de vinhos finos brancos e espumantes, ocupou 822,91 ha e representa 12,46% da área.
A Moscato Branco ocupou 631,46 ha e representou 9,56% da área e 16,94% da produção, mostrando-se muito produtiva. Tem sido usada para elaboração de espumante moscatel, vinho frisante e vinho tranquilo.

A cultivar Tannat, usada para elaboração de vinhos tintos finos, ocupou uma área de 351,11 ha, representando 5,31% da área e 6,02% da produção do agrupamento das cultivares viníferas do estado do Rio Grande do Sul.

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