Sucesso do 1º Ovinofest animou ovinocultores de Lavras do Sul
As fotos são de Daniele Moreira
Danilo Ucha homenageado pelo presidente do Sindicato Rural, Francisco Abascal
Chef José Luiz, do programa Um Gordo na Cozinha, da TV Band, entrevista o Patrono da Ovinofest, este blogueiroUm pernil já pronto sendo cortado para o jurado Mateus Santos
Danilo Ucha, Roberto Vianna e Mateus Santos, os jurados
Danilo Ucha provando o pernil, sob os olhos do chef Roberto Vianna
Na mesa do jantar de abertura, prefeitos Otomar Vivian e Alfredo Borges , secretário Luiz Fernando Mainardi, Danilo Ucha, Francisco Abascal e Dilermando Barros
Danilo Ucha e Roberto Vianna examinando o carré
Fogo de chão e espeto de pau, de vassoura vermelha
Foto DU/JN
Apesar da “maldição do padre” contada pela lenda que nasceu lá pelos idos de 1848, quando o pároco teria sido expulso da cidade porque teria aplicado um golpe num garimpeiro e ficado com o ouro que ele destinava como herança dos filhos – “Lavras jamais haverá de progredir” -, a cidade Lavras do Sul, no sudoeste do Rio Grande do Sul mantém-se como centro produtivo agropastoril. Há décadas a mineração do ouro deixou de ser explorada, muito embora existam pesquisas indicando grandes jazidas de minério, como calcário e talco, localizadas no interior do município. Hoje, sua riqueza está na pecuária e na produção de soja, arroz, trigo, fruticultura, azeitonas e ovinocultura, com um rebanho de quase 144 ovinos.
Um dos municípios gaúchos com o ambiente natural mais preservado, Lavras do Sul, resolveu apostar na ovinocultura eno turismo, sem abandonar as demais atividades, como fonte suplementar de desenvolvimento de sua economia agropastoril. O primeiro passo para atrair visitantes foi a criação do Ovinofest, cuja primeira edição, entre os dias 26 e 28 de abril, já atraiu muitos visitantes para a cidade, cujas pousadas – mais de 200 leitos - ficaram lotadas e fazendas tiveram que acomodar pessoas. Houve apresentação de artesanato, mostra de cutelaria e de vinhos da Serra do Sudeste e da Campanha, apresentações de chefes de cozinha, em oficinas de culinária, e de cortes de carne ovina, com Marcelo Bolinha, desfile de moda, e o ponto alto, um concurso com 11 trios, inclusive mulheres, disputando qual faria o melhor churrasco de carne de cordeiros de 8 meses. O fogo começou a ser aceso às 7h de domingo e, às 11h30min, a carne deveria estar pronta. Todos se saíram muito bem, dando grande trabalho aos jurados, entre os quais este bloguista, e os chefes de cozinha Mateus Santos e Roberto Vianna.
Tive a honra de ser escolhido Patrono da 1ª Ovinofest e, no jantar de sábado, a Prefeitura e o Sindicato Rural fizeram uma homenagem, entregando-me um troféu pelo meu trabalho em defesa da ovinocultura. O chefe de cozinha José Luiz de Souza e seu produtor Lisandro Larréa, do programa Um Gordo na Cozinha, da TV Band, também me homenagearam, entregando um conjunto de facas de cozinha de sua grife. O show foi de Gujo Teixeira e Luciano Maia, que lançaram o CD Cordeona-me. Aproveitei para autografar o livro As melhores receitas da Confraria do Cordeiro.
N a sexta-feira e no sábado, todos os almoços e jantares foram com pratos elaborados com carne de cordeiro. No jantar do dia 26, comemos espetinhos de cordeiro à grega, paleta à milanesa e coração da paleta ao molho madeira, com arroz, saladas e outros acompanhamentos; no almoço do dia 27, envoltini de costela recheada, pirão de espinhaço e entrecot de cordeiro em crosta de queijo; ao jantar, pernil de cordeiro a parmigiana, pcanha ao molho de vinho e bisteca com cogumelos. O almoço do dia 28 foi com o churrasco do concurso de melhor churrasqueio e carreteiro de cordeiro elaborado pelo pessoal do Instituto Riograndense do Arroz. As sobremesas, além dos doces artesanais da região, sempre tinham arroz de leite.
Os vencedores do concurso de melhor churrasco com carne de cordeiro, anunciados durante o almoço, quando se comeu a carne assada por todos, foram: Melhor costela: Turma de Lavras; Melhor paleta: Os primos; Melhor quarto: Os primos. Campeão Geral: Os primos. O grupo Os primos foi formado por Bruno, Ramiro e Mário Abascal, a Turma de Lavras, por João Batista, Carlos Wagner (Waguinho) e Jacinto.
Os cordeiros, todos da mesma raças, todos com 8 meses, abatidos ao mesmo tempo, foram oferecidos pelo Frigorífico Costa, instalado em Lavras do Sul mesmo. Apesar de parelhos, cada animal tinha um peso diferente e, por isso, houve sorteio no momento da distribuição para os assadores. Cada trio teve um lugar designado, recebeu lenha e espeto de pau, feitos com vassoura vermelha, e pode usar os temperos de sua preferência e salgar da maneira que gosta. Aliás. Como jurado, faço uma sugestão aos organizadores para a próxima edição – o prefeito Borges garantiu que repetirá o Ovinofest em 2014: criar duas modalidades, uma só com sal (salmoura, grosso ou fino), outra com temperos à vontade. Assim como foi feito, com liberdade de uso de temperos numa modalidade só, ficou muito difícil julgar quanto ao sabor. Conforme o regulamento, os jurados tiveram que observar desde a maneira de começar o fogo, o uso da lenha e das brasas, os cortes e o espetar das carnes, a conduta e a indumentária dos assadores, as facas que usavam.
O evento ocorreu no Parque do Sindicato Rural, localizado a cinco minutos do centro da cidade, na saída para o Ibaré, e que é modelo e referência na região da Campanha. Paralelamente, houve apresentações de ovinos, de cavalos crioulos e de cães Border Collie e um remate no local específico, o primeiro do Rio Grande do Sul a ter climatização. Os churrascos foram feitos sob frondosas árvores. O trio de moças que participou do concurso de churrasco aproveitava para jogar truco enquanto a carne assava. Bebeu-se cerveja, com moderação, sem exageros e sem incidentes, como disse o Madeira, juiz do concurso, e muito chimarrão.
Algumas das muitas decisões após a festa: buscar o selo do Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal) para o frigorífico local vender carne de cordeiro a todo o país e até exportar; criar uma marca para o cordeiro lavrense e criar a Associação dos Ovinocultores de Lavras do Sul. O secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, o prefeito de Caçapava do Sul, Otomar Vivian, e o deputado federal Afonso Hamm (PP-RS) compareceram ao Ovinofest e contribuíram com opiniões, palpites e sugestão para aprimoramento dos rebanhos e crescimento da economia ligada à ovinocultura.
O chef Roberto Vianna, que também é um especialista em cutelaria, levou vários companheiros da Associação Gaúcha de Cutelaria, que fizeram uma exposição de suas facas, algumas antigas, com história e lenda, outras novas, da produção de cada um. Belas facas foram apresentadas aos lavrenses e visitantes, que adquiriram muitas delas.
No espaço destinado às palestras e oficinas, houve mostra de artesanato em lã, presença de vinícolas da Serra do Sudeste e da Campanha e três estandes de empresas vendendo carne de cordeiro embalada, lingüiças, rins, língua e coração. Também foi interessante que as oficinas de culinária com carne de cordeiro, para as quais havia, em média, 50 vagas, estiveram sempre lotadas, com gente acompanhando as explicações dos chefes de cozinha em pé.
Estão de parabéns o prefeito Alfredo Borges, que quer desenvolver o turismo e a ovinocultura em Lavras do Sul; o Francisco Abascal, presidente do Sindicato Rural, que abraçou a idéia de começar com carne de cordeiro; o Dilermando Barros, coordenador do Núcleo de Ovinos; o Henrique Borges, da Futura.rs Comunicação e Marketing, que montou o evento, e todos os lavrenses que dele participaram, dando sua contribuição para a realização de uma festa bem organizada. A Dani Moreira, fotógrafa e assessora de comunicação da Prefeitura, foi incansável no apoio à festa, bem como sua companheira Tati. O chef José Luiz, que faz o programa de tevê Um Gordo na Cozinha, BandTV, gravou várias cenas para sua programação.
Como a cidade de Lavras do Sul nasceu da exploração do ouro, não posso deixar meus leitores sem alguma informação sobre isso. Até porque está dentro dos planos de desenvolvimento do turismo usar os antigos locais de minas ou os cursos d´água onde se bateavam pepitas para visitação dos visitantes. Colhi algumas informações, inclusive, na Wikipédia, para informá-los que, nos séculos XVIII e XIX, exploradores europeus, canadenses e brasileiros de diversas regiões faziam a coleta das pepitas de ouro. Hoje, não há mais exploração, o ouro mais facilmente encontrável teria acabado, mas a região possui, embora dentro de seu subsolo e com baixa exploração, um grande potencial de recursos minerais. O ouro esgotou-se em meados dos anos 1980 e há algum tempo a mineração deixou de ser explorada. Porém, é comprovado que existem jazidas a serem exploradas em vários locais do subsolo do interior do município. Dizem que a atual Igreja Matriz está construido sobre uma mina de ouro. A mineração deu origem, ainda, ao padroeiro da cidade, Santo Antônio. Diz a lenda que uma das pepitas adquiridas às margens do Arroio Camaquã das Lavras apresentava em sua forma uma imagem de Santo Antônio. A área de mineração é de aproximadamente 60 km², tendo como locais mais importantes do desenvolvimento dessa atividade o Arroio do Jaques, São José da Itaoca, Vista Alegre, Cerrito e Volta Grande. Estes locais fazem parte da história da mineração no município. As minas mais conhecidas, em sua maioria desativadas, são Boa Vista, Bloco do Butiá, Umbu, Capororoca, do Castelhano, Guampa de Ferro, Lagoa Negra, Cerro do Tigre, Saraiva, Giloca, São José, Invernada da Cachoeira, Aurora, Dourada, Goiabeira, Saint Clément, Mato Feio, Lavadeiro, Chapéu de Ferro, Toca do Euzébio, do Rodeio, Cerro Rico, Merita, Sanga do Mata-Fome, Galeria do Monstro.
Encontrei muita gente boa em Lavras do Sul, muitos conterrâneos de Livramento, inclusive o Arfio Mazzei, que foi especialmente de Bagé, e o casal dono da Güntherland, em Araricá, sítio especializado em criar cordeiros e servir sua carne em pratos especiais, preparados pela própria família. Os donos são um casal de médicos que resolveu criar ovinos e servir sua carne num ambiente tranqüilo, bonito e aconchegante. O Terra de Günther fica à rua Urtigão, 251 - Porto Palmeira , em Araircá- www.guntherland.com.br. Também encontrei o Remedi, que foi dono do restaurante Palácio do Comércio, em Livramento, durante muitos anos, e passamos a limpo quase 50 anos de história da cidade, exatamente o tempo que faz que sai de lá. O filho do Remedi, Leonardo Krieger Remedi, é advogado em Lavras do Sul e sócio de um frigorífico que também abate ovinos, história que vou contar na próxima edição do Blog.
2 comentários:
A exploração de ouro segue a passos largos, com iminente abertura de serventia de mina em área com muitos milhares de quilos de ouro já confirmadas. Pesquise o Panorama Lavrense. Obrigada.
Boa tarde!
Em primeiro lugar, parabéns pela matéria e pelo Blog.
Muito interessante nossas potencialidades.
Meu nome é Murilo Góes e desenvolvo o Panorama Lavrense, do qual o senhor poderá retirar informações sobre nossa terra.
Um forte abraço e tudo de bom
http://panoramadelavras.blogspot.com.br/
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