quarta-feira, 22 de maio de 2013

O homem do vinho estrangeiro


                                Fábio Gomes e a filha Fabiana Gomes Xavier
                                DU/JN

Conhecido por não beber vinho nacional, o advogado e pecuarista Fábio Gomes, grande criador de genética de gado Angus, desenvolvedor do chamado Angus Tropical, pelo curto, bem adaptado ao clima gaúcho e brasileiro – ao contrário do pelo longo, que se desenvolve no meio do gelo nos Estados Unidos e Canadá – anunciou que está passando sua famosa cabanha Catanduva para a filha Fabiana porque vai se dedicar a outras atividades rurais, inclusive agricultura. Como muitos pecuaristas estão experimentando a produção de uvas e vinhos, um jornalista perguntou-lhe, terça-feira, durante o almoço do lançamento do que vai ser o seu último remate Red Concert, dia 24, na Casa do Gaúcho, no centro de Porto Alegre, se ele iria investir em vinho.
“Não, disse ele, não porque gosto muito de vinho.” E contou uma história: “Um miliardário norte-americano contratou o melhor enólogo francês que encontrou e disse-lhe que poderia gastar todo o dinheiro que quisesse, mas montasse para ele um vinhedo que produzisse um vinho tão bom quanto o da França. O francês gastou a rodo, montou a vinícola e apresentou o vinho ao milionário. Ele provou e cuspiu fora, dizendo, ‘não está bom como o francês’. Aí, o enólogo respondeu-lhe: ‘Agora, o senhor terá que esperar 400 anos de vida do vinhedo para ter um vinho semelhante ao da França!”
Por isso, concluiu Fábio Gomes, não vou plantar uva e produzir vinho, apesar dos vinhos franceses que estão chegando ao Brasil estarem muito ruins, porque são transportados em containers sem refrigeração, fervem ao passar pelo Equador, e chegam aqui intragáveis. “Não tenho coragem de produzir vinhos”, disse. Também aproveitou para dar mais uma bicada no vinho brasileiro, especialmente o gaúcho, que não costuma freqüentar sua mesa: “Dia desses, uma grande fazendeira minha amiga pediu-me para recepcionar seus convidados para um remate de animais e fez questão de apresentar uma seleção de vinhos da Campanha gaúcha. Depois, perguntou-me se tudo tinha corrido bem. Respondi-lhe: ‘Falhou em não ter providenciado outra opção de vinho!”
Fábio, que há mais de 26 anos tem a Cabanha Catanduva, em Cachoeira do Sul, vendeu as instalações e 500ha de terras, ficando só com 500ha, nos quais vai plantar soja. Com o dinheiro, comprou outros 500 há, em Glorinha, nas proximidades de Porto Alegre, onde está reinstalando a cabanha, mas, agora, sob responsabilidade da filha Fabiana, 33 anos, também advogado, como ele, e veterinária. Ela vai continuar como pecuarista e ele vai se dedicar a novos projetos, talvez na agricultura orgânica, onde acredita que exista um grande mercado em aberto no Brasil.



2 comentários:

errico disse...

Copión!

Jorge Ducati disse...

É uma pena, um homem desta posição ter tanto preconceito, para não dizer, ignorância. Disse barbaridades, como o que falou dos containers. Bem, se não gosta muito de vinho, então é óbvio que não conhece o assunto, e então perdeu uma bela ocasião de ficar calado.
Nada como uma degustação às cegas para mostrar como os vinhos brasileiros estão à altura de muito bons vinhos estrangeiros...nós que somos do ramo, fazemos, e sabemos disto.

Jorge Ducati