A propósito de Robert Parker, o crítico norte-americano, sobre o qual tenho escrito porque ele, finalmente, recebeu uma garrafa de vinho brasileiro, o também crítico de vinhos Olyr Corrêa, lá do Rio, tem uma opinião interessante. Antes de publicá-la, vou saudar meu amigo Guilherme Velloso, editor da revista Wine Style, cuja edição 25, Safra 2009, acabo de receber. A revista está ótima e recomendo a leitura. Coincidentemente, publica uma estensa entrevista com Robert Parker, a quem chama de Imperador do Vinho.
Vamos ao texto do Olyr:
“Aparentemente Parker chegou à parte descendente da sua carreira.
Depois de haver abdicado das regiões não "Coca-Colas" (Borgonha, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália), delegou algumas dessas à discutíveis figuras, técnica e moralmente.
Ficaram a seu cargo Bordeaux, Sul do Ródano, Austrália e Califórnia, onde os chamados "fruit-bombs" sem acidez e taninos abundam.
E mesmo assim, a inconsistência de suas notas tem crescido enormemente, talvez um reflexo de que suas papilas gustativas e olfativas não são mais as mesmas.
Exemplo disto foram as diferenças acentuadas de notas que deu para um mesmo vinho entre o Executive Wine Seminar da safra 2005 de Bordeaux e as que deu anteriormente.
Mas o mais grave foi uma mudança de atitude ética em relação ao que sempre defendeu, o de ser um advogado dos consumidores de vinho, tendo como modelo Ralph Nader.
Primeiro, recusou-se a punir Jay Miller e Mark Squires por seu envolvimento com jabás e favorecimentos, só firmando novas regras após muito combate de seus assinantes e depois de muitos haverem cancelado assinatura e abandonado a participação no seu fórum.
Agora, por último, defendeu a atitude de uma escritora de vinhos que, apresentando-se em televisões locais, escondia que estava sendo paga por uma grande vinícola para promover os vinhos desta última.
A senhora em questão recomendava harmonização de sopa de tomate em lata com merlot da dita vinícola e foi desmascarada ao vivo pelo âncora que perguntou se ela estava sendo paga pela dita companhia.
É minha opinião que Parker desempenhou grande papel no mundo do vinho. Nunca "nesse país", depois dele, os produtores de zurrapa puderam enganar muito tranqüilamente os consumidores.
Mas, acho que também a ele se aplica a mesma curva que aos vinhos que prova: juventude, maturidade e decadência.”
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