segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Dificuldades na ovinocultura
Apesar das boas perspectivas para a carne ovina, com demanda crescente e preços ascendentes para os consumidores, os produtores rurais da região da fronteira, onde estão os maiores criatórios de ovelhas, começam a desistir da atividade. Há ofertas de venda de bons rebanhos de 1.700 merinos australianos e 1.500 texel, por exemplo, porque o setor não está sendo remunerado como precisa e porque a criação de bois se tornou muito mais vantajosa. O criador Claudino Loro, que tem 5 mil ovelhas em seus campos na região do Sarandi, em Livramento, exemplifica o quadro de desânimo com a ovinocultura. A lã “não vale mais nada” e a carne, cujos preços poderiam entusiasmar, pois os consumidores pagam caríssimo por ela, não tem seus altos valores transmitidos ao produtor, que recebe R$ 2,20 pelo quilo vivo do cordeiro e nos açougues e supermercados ela é venida por R$ 18,00, R$ 25,00 e até mais o quilo. A diferença fica com os impostos, os frigoríficos, os distribuidores e os açougues.Dificuldades IIClaudino Loro explica que por falta de apoio, incentivo e melhores condições de comercialização, o boi está expulsando a ovelha dos campos na fronteira. Numa quadra de campo (86 há), é possível criar 70 bois, que renderão cerca de R$ 82 mil na hora da venda. Para criar ovelhas, é possível colocar 300 cordeiros, que renderão R$ 21mil. Não dá para comparar. Em criação consorciada, boi e ovelha, como é comum naquela região, diminui o número de bois para 50 e de ovelhas para 100, caindo ainda mais o resultado financeiro final. Para o cordeiro se tornar uma atividade verdadeiramente rentável, o quilo vivo deveria andar em torno de R$ 4,00, segundo Claudino Loro. Hoje, é de R$ 2,20, em média. Por isso, ele pretende diminuir seus rebanho de 5 mil ovinos texel de alta genética.Ovelha velhaUma curiosidade que mostra uma distorção na comercialização ovina e que desestimula a produção de cordeiros, exatamente a carne que o mercado quer, é a venda da chamada “ovelha velha”, que já deu as crias que deveria dar e é mantida nas estâncias para “consumo” alimentar dos peões e da família dos fazendeiros. Além de vender a ovelha por R$ 200,00 ou R$ 300,00 para criadores de Santa Catarina, que ainda tiram uma ou duas crias mais e as vendem para a indústria de embutidos, também é possível comercializá-las para abate na região por quilo-carne e não “quilo-vivo”. Ovelhas texel, que fornecem de 32 a 45 quilos de carne, rendem cerca de R$ 200,00 e ainda deixam a pele para ser vendida. O quilo-carne está valendo R$ 5,00 e o quilo-vivo R$ 2,20. Um cordeiro, na idade que o mercado exige, rende, no máximo, R$ 70,00. Nas duas situações, a “ovelha velha” rende mais.
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