Adriano Miolo, do Miolo Wine Group
Fotos Arquivo JN
O setor vinícola brasileiro está estrangulado,
amordaçado, enforcado e todos os investimentos que estavam programados foram
suspensos porque é impossível produzir com a atual carga tributária, com os preços
do frete e com a concorrência do vinho estrangeiro, principalmente do Mercosul,
que entra sem pagar impostos no País. Esta conclusão é de um dos maiores e mais
competentes empresários rurais do País – criador de gado e ovelha, plantador de
arroz, soja e outros produtos -, que há alguns anos resolveu plantar uvas e
fazer vinhos, com um dos principais investimentos do setor nos últimos anos,
Valter José Pötter, da Estância do Vinho Guatambu, de Dom Pedrito. Segundo ele,
algumas grandes vinícolas, como Miolo e Casa Valduga (Domno), estão se
transformando, também, em importadoras, para sobreviver. Está muito mais barato
produzir vinho no exterior e importar para o Brasil do que fazer aqui. “Lá
fora, a carga tributária é menor, o custo da mão de obra e do frete também, e
ainda se obtém isenção de impostos para ingressar o produto no País”, informou.
A carga tributária sobre uma garrafa de vinho
brasileiro é de 57,86%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário, quase o dobro da incidente sobre o boi, também alta, de 30,63%.
“Não tem quem resista a esta tributação”, diz Pötter, “além de termos que
enfrentar os importados legalmente, mas sem imposto, e o grande contrabando que
vem dos free shops da fronteira, que deveria ser para uso doméstico, mas
abastece restaurantes e até distribuidores.” O que aconteceu com a vinícola
Miolo, a maior do País, que, a partir de março, importará vinho do Chile, é uma
tendência a ser seguida por outras, “uma tentativa de sobrevivência”. Adriano
Miolo, superintendente da empresa, admitiu isso e defendeu que o governo do Rio
Grande do Sul deveria adotar medidas como fizeram a Bahia e Pernambuco para
incentivar o pólo vitivinícola da região do São Francisco. Baianos e
pernambucanos isentaram o setor do ICMS “e os investimentos estão dobrando na
região, ao contrário do que acontece no nosso novo grande terroir, a Campanha
Gaúcha, onde investimentos já decididos estão sendo suspensos.” Miolo explicou
que a Almaden tirou seu engarrafamento de Livramento por causa dos impostos e
porque o frete das garrafas estava onerando o produto em 15%. Os últimos
investimentos na região foram os da Guatambu e da Campos de Cima, em Itaqui.
“Nós pagamos os
insumos mais caros do mundo e um frete astronômico, em estradas ruins, que ainda
comprometem o produto”, explicou Pötter. Explicou que numa garrafa de
vinho que chega a R$ 14,00 em São Paulo, a vinícola recebe apenas R$ 4,78, para
remunerar a matéria-prima, a vinificação, a embalagem e os demais serviços. Os
outros R$ 9,22 são impostos e frete. “É preciso uma ação urgente do governo
para que a vinicultura do Rio Grande do Sul sobreviva”, concluiu. O governador
Tarso Genro, que, amanhã, se reunirá com produtores de uvas e vinhos, em Pinto
Bandeira, uma região produtora, certamente vai ser informado da situação e
ouvirá a reivindicação de diminuir o ICMS. O assunto foi discutido na reunião
da Associação dos Produtores de Vinho da Campanha, em Santana do Livramento.
Anthony Darricarrère, da vinícola Darricarrère, de Rosário do Sul, também
manifestou sua preocupação.
Um comentário:
Mas que bom que o SR Valter José Potter e o SR Adriano Miolo, estão falando do IMPOSTO escorchante que temos sobre o vinho nacional, até quando as vinícolas nacionais vão suportar esta carga ?
E os outros produtores quando é que vão se manifestar? e o proprio IBRAVIN e todas as associações de representantes de uva e de vinhos!
Não é no Chile e na Argentina que o vinho quase não paga imposto, mas na Europa tambem (Haja visto na França e na Italia,fica difícil concorrer desta forma, è impossivel!. Aqui em São Paulo o ICMS é de 25%,, lembrando que na França e na Italia o vinho é considerado complemento alimentar e o imposto e quase ZERO.
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