Adriano Miolo, Miolo Wine Group
Anthony Darrecarrère, da Darrecarrè
Daniel Salton, da Salton
Hortência Ayub, da Campos de Cima
José Antonio Peterle, da Dunamis
Alejandro Cardozo, enólogo uruguaio
Paulo Roberto Menezes, da Rio Velho
Fotos Arquivo JN
A região vitivinícola da Campanha, no Rio Grande do Sul,
é relativamente nova, se exceptuarmos a Almaden, pioneira nos tempos modernos,
que tem 37 anos. A grande maioria das 18 vinícolas que hoje constituem o novo
universo do vinho gaúcho e brasileiro nasceram nos últimos 10 anos, ainda fazem
experiências com varietais, mas já produziram vinhos de excelência, ganhadores
de prêmios internacionais e do mercado, tanto no País, quanto no exterior.
Como se vive um período de infância, é difícil definir se
os diferentes terroirs (uns a mais de 300km dos outros, portanto diferentes
entre si) deverão ser usados para estes ou aqueles vinhos, para os tintos, os
brancos ou os espumantes. Há quem diga que o ideal seria produzir só tintos. Há
quem garanta que há brancos excepcionais. Algumas empresas estrangeiras estão
estudando a região para produzir espumantes.
Experientes enólogos de grandes empresas, como Adriano
Miolo, do Miolo Wine Group, apostam em uvas tintas como Touriga Nacional e
Tannat. A Miolo prefere a serra gaúcha
para os espumantes. Mas, Daniel Salton, da centenária Salton, de Bento
Gonçalves, já produz vinho base de espumante em Santana do Livramento, e fala
muito bem dos resultados. Sua empresa já tem 108 hectares de vinhedos próprios
e muitos produtores parceiros que lhe entregam uvas. Neste momento, está
aplicando R$ 45 milhões na construção de uma cantina para fazer a primeira fase
da vinificação e diminuir o custo do frete das uvas até Bento Gonçalves. O
enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, da Guatambu, produz espumantes, inclusive
rosé, em Dom Pedrito.
Jovens e pequenos
empreendedores, como Paulo Roberto Ribeiro Menezes, da Rio Velho, em Rosário do
Sul, que passou a se dedicar a vitivicultura recém em 2002, não teme dar
opinião "entre os mais velhos". Ele acha que a Tannat, apesar do
Uruguai se considerar o dono dela, “é a uva”. Diz que, em breve, a Campanha vai
desbancar os vinhos Tannat uruguaios, menos os da Carrau, que veio produzi-los
também na região, com vinícolas em Rivera, Uruguai, e Santana do Livramento, no
Brasil, uma diante da outra sobre a linha divisória. A maioria dos Tannat
uruguaios vem do sul do País, bons, mas muito rascantes, que precisam de anos
em barrica ou garrafa para amaciar. O Tannat Vinhas Velhas 2012, da Almaden, é
perfeitamente bebível com um ano só de vinificação. O da Rio Velho também. O da
Guatambu idem.
Outros tintos, como Cabernet Sauvignon e Merlot, embora
exijam cortes, podem ser ícones na Campanha. O Cabernet Franc, embora alguns
queiram transformá-lo em uva ícone do Brasil, ainda não se manifestou muito bom
na fronteira. Creio que só a Dunnamis, de Dom Pedrito, apresenta um. Uma uva
relativamente nova no País, a Arinarnoa, pode ter futuro na região, pois tem
tudo que a Tannat tem, principalmente cor e grau. A Pinot Noir está sendo
cultivada mais para base de espumante, mas a Santa Colina (hoje da Aliança), em
Livramento, tem um 2011 muito interessante. Daniel Salton ficou impressionado
com a qualidade da Pinot Noir da safra 2014, que deu 22 graus brix, até um
exagero, mas que garante que ela também servirá para bons vinhos tranqüilos. A
Touriga Nacional, uva portuguesa, é uma das preferidas do enólogo Adriano
Miolo, em Candiota. A Pinotage produz muito bem, segundo a Rigo, de Dom
Pedrito. Em Itaqui, a Campos de Cima faz um excelente Rubi Cabernet.
A Campanha, segundo Roberto Menezes, “tem uvas de grande
qualidade e excelentes graus Brix, o que precisamos é de mais enólogos livres
para criarem cortes e sairmos da mesmice só dos varietais.” Entre os novos
cortes, defende audácias como a de Alejandro Cardozo, que fez um espumante rosé
para a Guatambu com uva Gewurztraminer, e a de Galvão Bueno, da Bela Vista
Estate, em Candiota, que elaborou um Bordeaux e largou o Cabernet Franc. “Vamos
fazer grandes assamblages, fugir um pouco dos varietais. Quem sabe o grande
vinho da campanha ainda vai surgir”, afirma Roberto.
A centenária Salton, de Tuiuty, em Bento Gonçalves, está
investindo R$ 42 milhões na área de 700 hectares que possui em Livramento para
produzir Chardonnay, Sauvignon Blanc e Pinot Grigio, mas também muitos tintos,
como Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Tannat, , Gamay, Teroldego,
Marselan, Pinot Noir. O presidente Daniel Salton exalta as qualidades da
região: “O terroir da Campanha possui solos bem drenados e derivados de arenito
e granito – solos pobres em matéria orgânica e classificados entre novos e
intermediários, de grande qualidade para o desenvolvimento dos vinhedos. É a
região mais seca entre as regiões produtoras de uva, o que favorece a maturação
da fruta e propicia a elaboração de vinhos tranqüilos, com baixa acidez e menor
necessidade de tratamentos. As uvas produzidas nesta zona caracterizam-se por
uma graduação alcoólica maior, em função da grande amplitude térmica – dias quentes
e noites frias, originadas pelo fator continentalidade. Na Campanha, a alta
luminosidade e o clima seco favorecem o desenvolvimento da videira e o
amadurecimento das uvas.”
As
vinícolas e os tintos da Campanha
A
Associação Vinhos da Campanha já tem 18 associados: Almaden, Nova Aliança,
Cordilheira de Santana, Salton, Campos de Cima, Serra do Caverá, Rio Velho,
Routhier & Darricarrere, Camponogara, Rigo, Guatambu, Dunnamis, Peruzzo,
Bela Vista Estate, Seival Estate, Batalha, Aquafrut e Agro Vitória.
Entre
os tintos varietais, estes são os mais produzidos na Campanha, de acordo com
cada vinícola: em Candiota, na Batalha, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat; na
Seival Estate, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat. Em Bagé, na Peruzzo,
Cabernet Sauvignon. Em Dom Pedrito, na Guatambu, Cabernet Sauvignon, Merlot e
Tannat; na Dunnamis, Merlot (ela faz, também, um Merlot vinificado em branco,
coisa rara); na Rigo, Merlot e Tannat (este em corte Pinotage); na Camponogara,
Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat. Em Santana do Livramento, na Almaden,
Cabernet Sauvignon, Merlot e Tanna; na Cordilheira de Santana, Cabernet
Sauvignon Merlot e Tannat; na Aliança, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat; na
Salton, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat. Em Rosário do Sul, na Rio Velho,
Tannat, Merlot e Cabernet Sauvignon; na Routhier & Darricarrere, Cabernet
Sauvignon e Merlot. Em Alegrete, na Serra do Caverá, Cabernet Sauvignon. Em
Uruguaiana, na Casa Valduga, Cabernet Sauvigon, Tannat e Merlot; na Bodega
Sossego, Cabernet Sauvignon. Javier Carrau ainda informou quais serão seus
vinhos brasileiros.
Uma vinícola sobre a qual não consegui informações foi a Batalha, de Bagé. O Blog está aberto para que seus dirigentes mandem informações. Também tive alguma dificuldade com a Peruzzo, também, de Bagé, mas, agora, o Tauê Hamm assumiu o comando do marketing e, certamente, vai me manter informados. Eu gostaria de receber a lista dos tintos, elaborados sob a supervisão do enólogo Adolfo Lona.
Uma vinícola sobre a qual não consegui informações foi a Batalha, de Bagé. O Blog está aberto para que seus dirigentes mandem informações. Também tive alguma dificuldade com a Peruzzo, também, de Bagé, mas, agora, o Tauê Hamm assumiu o comando do marketing e, certamente, vai me manter informados. Eu gostaria de receber a lista dos tintos, elaborados sob a supervisão do enólogo Adolfo Lona.
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