sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Assentamentos vão cultivar uvas para suco a partir de projeto-piloto do Estado


O secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, assinou, dia 28 de janeiro,  o quarto convênio de repasse de R$ 2,6 milhões do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Fundovitis) destinados à implantação de parreirais em assentamentos da Região da Campanha e Fronteira Oeste. Em Santana do Livramento, no assentamento Nossa Senhora da Conceição (Torrão), 21 famílias vão iniciar a produção de uvas para suco. Nos quatro municípios - Hulha Negra, Candiota, Pinheiro Machado e Santana do Livramento - o Estado está investindo R$ 2,6 milhões no cultivo de uvas em cerca de 50 hectares, beneficiando 90 famílias de agricultores assentados.
Mainardi disse que o Estado tem uma dívida com os agricultores assentados. Em 21 anos depois das primeiras terras da reforma agrária, muitos locais ainda não têm água potável, estradas, assistência técnica, por exemplo. "Precisamos urgentemente resolver essas questões", afirmou.
Por isso muitos agricultores foram para as cidades trabalhar. "Se continuar assim, o restante também vai. É uma crítica que faço a nós mesmos. Avançamos na agricultura, na geração de emprego e renda, na educação, na saúde, na diminuição da desigualdade social, mas restam alguns setores ainda marginalizados", acrescentou Mainardi. A proposta de investir nos assentamentos também tem esse viés, argumenta Mainardi: "criar outra fonte de renda a quem vive, quase que exclusivamente, da produção de leite".
Segundo Mainardi, o Estado tem de investir em toda a cadeia produtiva. "Temos de ter garantias de que teremos para quem vender os nossos produtos. Um olhar sobre o todo, para além do mercado e de quem já produz, precisamos investir nos pequenos agricultores, sobretudo os assentados, que precisam ter mais renda para poder se manter no campo e fazer com que seus filhos também fiquem na atividade", destacou.
O Estado já repassou, no ano passado, R$ 10 milhões ao Fundovitis e ainda têm outros R$ 8 milhões a serem liberados. Com a verba, o conselho do fundo aprovou a aplicação de R$ 2,2 milhões na contratação de assistência técnica que beneficiará 600 famílias produtoras de uva de regiões não tradicionais bem como investiu na Escola da Família Agrícola, na Serra Gaúcha, cujos alunos, filhos de agricultores, estudam no sistema de pedagogia da alternância. Eles ficam uma semana em casa e uma na escola. O investimento custeará, já em 2014, 30 adolescentes.
Na primeira fase, estão previstos 48 hectares de plantação, 12 em cada um dos quatro municípios contemplados, e investimentos de R$ 2,6 do Fundovitis. As prefeituras recebem do Estado, por meio da secretaria, R$ 665 mil, e entram com R$ 45 mil, chegando a R$ 710 mil. A Emater prestará assistência técnica.

Na segunda, a intenção é criar agroindústrias em cada um dos municípios ou uma para os três da Região da Campanha e outro para Fronteira Oeste. Com isso, possibilitar a produção de suco e industrializá-lo para a venda. Essa etapa ainda precisa ser estudada, adiantou Mainardi. "Queremos também incluir mais famílias dos assentamentos e aumentar a área plantada, hoje de meio hectare por família”, concluiu.

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