Arquivo JN
Conversei,
ontem, sexta-feira, dia 7, com Adriano Miolo, superintendente do Miolo Wine
Group, e ele confirmou que a maior vinícola brasileira vai começar, em março, a
importar vinho chileno da vinícola Santa Rita, a segunda maior do Chile. Em
princípio, serão 30/40 mil caixas.
O empresário
disse não estar preocupado com possíveis críticas que estariam ocorrendo na
região serrana do Rio Grande do Sul, onde a Miolo nasceu e tem sua principal
sede, as quais condenariam a empresa por aderir à importação de vinho chileno
quando, em passado recente, era um das maiores críticas das baixas tarifas do
Mercosul que permitem o ingresso de vinho do Chile e da Argentina a preços
muito baixos, criando séria concorrência para o vinho brasileiro. Adriano
considerou isso normal e explicou porque sua empresa, que é a maior vinícola
brasileira, entrou na importação.
Informou que o
Miolo Wine Group, que tem também operações internacionais, tem parceria com a
chilena Santa Rita há dois anos, quando ela começou a produzir, no Chile, o
vinho Costa Pacífico, lançado pela Miolo naquele país, e esta começou a fazer,
para a Santa Rita, o seu Espumante Moscatel, nas propriedade que possui em Ouro
Verde, entre Bahia e Pernambuco, no nordeste brasileiro. A Santa Rita produziu
cerca de 45 mil garrafas do Costa Pacífico e a Miolo cerca de 60 mil garrafas
dp Espumante Moscatel.Neste período, as duas empresas começaram a interagir, a
analisar outros negócios conjuntos e a Santa Rita, que já teve seus produtos
distribuídos no Brasil pela Chandon e pela Grand Cru, ficou sem destribuidor e
propôs à Miolo que assumisse tal função. O negócio deverá ser definitivamente
selado em março próximo.
“O vinho da
Santa Rita é excelente, tem grande valor agregado, já é prestigiado no Brasil.
Vai ser um bom negócio”, afirmou Adriano Miolo. Explicou que a decisão só foi
tomada porque a situação do vinho nacional continua ruim no País em termos de
venda. Depois da malfadada história dos produtores terem pedido salvaguardas ao
governo, criando impecilhos à entrada de vinho estrangeiro – o que, felizmente,
não foi aceito – o setor conseguiu reunir governo, importadores e grandes
comerciantes num acordo para ajudar ao desenvolvimento do mercado para o vinho
brasileiro. Infelizmente, segundo Adriano Miolo, o governo prometeu e nada fez
para ajudar a baixar os custos – a questão dos impostos – e a situação pouco
evoluiu favoravelmente.
“O resultado do
acordo foi muito ruim. Não funcionou. Ficou acertado que se chegaria ao consumo
de 27 milhões de litros de vinho fino nacional, em 2013, e de 40 milhões de
litros, em 2016. Estão sendo fechadas as estatísticas de 2013 e mal chegaremos
aos 20 milhões de litros, um crescimento pífio de 5% a 7%. As empresas
continuaram enfrentando dificuldades para vender seu vinho, onerado por uma
carga tributária pesadíssima, enquanto o vinho estrangeiro, principalmente do
Mercosul, continuou entrando com baixas taxas de importação.”
Quanto às
críticas que estariam sendo feitas pelos demais produtores, que entenderiam a
decisão da Miolo como um enfraquecimento da luta pela diminuição dos impostos e
pela equalização com os preços de produção no Chile e na Argentina, Adriano
Miolo diz que “não fazem muito sentido,
pois sempre fomos e continuaremos sendo grandes defensores do setor
vitivinicola brasileiro.” Se o vinho estrangeiro continua chegando mais barato,
não havia outra alternativa. Até brinquei com ele, concordando e dizendo: “É
aquela história, se não podes derrotar teu adversário, junta-te à ele.” Adriano
apenas riu.
Aproveitei a
oportunidade e conversei sobre outros assuntos, inclusive sobre a Almaden, lá
em Livramento, mas vou deixá-los para a próxima edição do Blog.
Um comentário:
Excelente blog, a acompanhar...
Postar um comentário