sexta-feira, 15 de agosto de 2014

“Brasil sem Fronteiras” é tema da 8º Exposição Nacional das Raças Dorper e White Dorper

 A raça Dorper está se espalhando pelo País
                        Arquivo JN

O Parque de Exposição de Salvador (BA) será o palco da 8ª Exposição Nacional das Raças Dorper e White Dorper, onde são esperados criadores de todo Brasil, especialmente nordestinos. O local e o tema “Brasil Sem Fronteiras”, escolhido pela Associação Brasileira de Criadores de Dorper (ABCDorper), promotora da mostra, remetem ao reconhecimento internacional de todo território nordestino como área livre de febre aftosa com vacinação, mérito antes conquistado apenas pelos estados da Bahia e Sergipe. Criadores que estavam reclusos poderão transitar seus animais livremente por outros estados. O evento ocorre de 29 de novembro a 7 de dezembro.
Este é mais um capítulo especial da pecuária brasileira, e, principalmente da ovinocultura de corte, que cresce a cada dia e tenta se organizar para atender a crescente demanda dos consumidores ávidos pela carne de cordeiro. “O Dorper e o White Dorper são raças de origem sul-africana desenvolvidas exclusivamente para essa finalidade. Este novo status sanitário do Nordeste permitirá uma circulação mais intensa dos criadores da região nas exposições pelo Brasil e facilitará o acesso a um acervo genético considerado formidável e ainda pouco conhecido nacionalmente”, avalia Paulo Augusto Franzine, presidente da entidade.
Antes de alcançar essa conquista, criadores maranhenses, piauienses, potiguares, pernambucanos, alagoas e paraibanos só podiam transitar rebanho fora das fronteiras após quarenta, sorologia, comunicações e outros procedimentos onerosos e burocráticos. “Sofríamos demais para representar nossa genética nacionalmente. Poucos tinham condições de arcar com esses altos custos. Mesmo em meio às dificuldades, eu procurava participar das grandes exposições de Dorper e White Dorper. Às vezes até reunia animais de outros criadores, assumindo toda a responsabilidade da locomoção”, relembra Roberto Teixeira, da Dorper Constelação, em Caruaru (PE).
Em apenas três anos, o criador conseguiu formar um plantel de aproximadamente 400 animais, entre doadoras, reprodutores e borregos comerciais. Para tanto, visitou exposições e cabanhas tradicionais no Nordeste e Sudoeste, onde estão os grandes bancos genéticos de ovinos Dorper e White Dorper. Em comemoração ao resultado que conquistou em tão pouco tempo e aos fatos positivos que vêm brindando o mercado atualmente, ele já reservou 42 animais de seu time de pista para a 8ª Exposição Nacional das Raças Dorper e White Dorper.
Diferentemente do colega pernambucano, Fernando Vieira Chaves Filho, da Dorper Boa Vontade, de Coruripe (AL), antes mirava esforços somente nas exposições dos estados com condição sanitária equivalente. “Fazer a quarentena é uma medida preventiva importante, mas muito complicada. Até mesmo funcionários de órgãos oficiais tinham dificuldade para entender o protocolo, algo que poderia culminar em erros na emissão da documentação necessária”, relata o criador, que é mais um a comemorar o status sanitário atual do Nordeste.
Fernando participará pela primeira vez de uma exposição nacional com animais em concurso e está eufórico com a oportunidade de avaliar o direcionamento que deu a essas raças, especialmente nos últimos quatro anos. E a qualidade de seu plantel em nada deixa a desejar. Ele tem cerca de 230 animais que carregam em suas linhas a genética de raçadores importantes, baseados na seleção dos melhores criadores sul-africanos, como Phillips Strauss, Tien Jordan, John Dell, Michey Phillips, entre outros.
Sobre a Nacional – A 8ª Exposição Nacional das Raças Dorper e White Dorper reunirá em torno de 1.000 inscritos no julgamento por criadores de SP, MG, RJ, DF, AL, CE, ES, PR, AL, BA, CE, PI e RN, entre outros estados. Cinco jurados ficarão responsáveis pelas avaliações técnicas, sendo três brasileiros e dois sul-africanos. Neste ano, menores e maiores pontuações serão desconsideradas, tornando o julgamento ainda mais criterioso. A organização ganhou reforço extra da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Bahia (ACCOBA), que está fazendo o impossível para atender as expectativas dos criadores.
A programação conta ainda com o Troféu Gerações, onde serão revelados os melhores conjuntos mãe/filha Dorper e White Dorper da exposição. O ingresso para este concurso foi a participação no Leilão Dorper Raça Forte, realizado em julho, tanto como doador quanto como comprador. Cerca de R$ 20 mil (25% da receita do remate) serão distribuídos entre os vencedores, a serem revelados um dia antes do grande campeonato. “Apenas criadores associados à ABCDorper e que estejam com as contas em dia poderão inscrever animais na exposição”, antecipa Bárbara Garcia, secretária-executiva da ABCDorper.

Homenagem – A exposição homenageará duas figuras determinantes ao desenvolvimento das raças Dorper e White Dorper no Brasil: Mario de Castro e a esposa Maria Helena Ribeiro de Castro, já falecidos. Em 1995, quando se desfez de uma empresa de autopeças, o empresário fundou a Dorper Campo Verde, em Jarinu/SP, que rapidamente se tornou referência nacional. A propriedade iniciou atividades em 2006, a partir da importação maciça de embriões dos melhores criatórios sul-africanos. Mais do que premiações e honrarias, a satisfação vinha com a democratização dessa genética. Tanto é que cerca de 50% dos ovinos Dorper e White Dorper inscritos nas grandes exposições por outros criadores foram adquiridos na empresa ou descendem de sua seleção.

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