segunda-feira, 7 de outubro de 2013

IG Monte Belo reconhecida pelo INPI






                                Paisagem vitícola da nova IG brasileira
                                 Foto Giovani Capra/Embrapa Uva e Vinho

O Registro foi publicado, dia 1º de outubro, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial. A entrega será em dezembro.
A vitivinicultura brasileira acaba de ganhar sua quarta Indicação Geográfica (IG) de vinhos finos e espumantes. Trata-se da IG Monte Belo, cujo registro de reconhecimento foi publicado,  dia 1º, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Está prevista para dezembro a solenidade, a ser realizada no município de Monte Belo do Sul (RS), de entrega da certificação da Indicação, cuja titular é a Associação dos Vitivinicultores de Monte Belo (Aprobelo).
A IG Monte Belo possui 56,09 quilômetros quadrados, distribuídos pelos municípios de Monte Belo do Sul (com 80% da área), Bento Gonçalves e Santa Tereza. São dez as vinícolas associadas à Aprobelo: Adega Del Monte, Armênio, Calza, Casa Angelo Fantin, Faé, Famiglia Tasca, Honório Milani, Megiolaro, Reginato e Santa Bárbara.
O presidente da Associação, Antoninho Calza, observa que a entidade foi fundada – em 14 de novembro de 2003 – já com o propósito de conquistar a condição de IG. “Os associados eram todos produtores de uva e de vinho de mesa para comercialização a granel; daí, enxergamos no desenvolvimento de uma Indicação Geográfica uma possibilidade para ingressarmos no segmento de vinhos finos e espumantes de origem controlada”, lembra ele.
A Aprobelo, visando à concretização de sua proposta, buscou, em 2004, o suporte técnico da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves (RS). A partir de então, a unidade de pesquisa funcionou como uma incubadora para as empresas da Associação: foi na Embrapa Uva e Vinho onde foram produzidos os primeiros vinhos-base e espumantes com marca das vinícolas associadas – as quais hoje elaboram os produtos em suas próprias instalações. Da mesma forma, em uma primeira etapa de qualificação enológica dos estabelecimentos afiliados, com duração de 2004 a 2009, a Embrapa ministrou a técnicos das cantinas capacitação para a produção de vinhos finos tintos.
A IG Monte Belo tem como grande diferencial o fato de ser constituída exclusivamente por vinícolas de pequeno porte. “Os estabelecimentos são familiares, neles trabalham geralmente os próprios donos ou seus filhos”, diz Calza, segundo quem Monte Belo do Sul é o município maior produtor per capita de uvas Vitis vinifera (para a elaboração de vinhos finos) da América Latina, com 16 toneladas per capita/ano. O presidente da Aprobelo informa que os primeiros vinhos com selo da IG chegarão ao mercado em 2014. Entretanto, ele já comemora o anúncio de reconhecimento pelo INPI. “A satisfação é enorme, porque a Indicação nos coloca noutro patamar, em termos de projeção da qualidade do que se produz na região”, afirma.
O coordenador-geral do projeto de desenvolvimento de Indicações Geográficas de vinhos finos e espumantes da Serra Gaúcha, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Jorge Tonietto, assinala que a região da IG Monte Belo sempre foi grande produtora de uvas de qualidade para a elaboração de vinhos finos em vinícolas da Serra Gaúcha. “Agora, com a produção de vinhos de origem controlada no local, os pequenos produtores poderão agregar mais valor à sua produção e a região ter a visibilidade que merece”, comenta Tonietto.
Além da Aprobelo e da Embrapa Uva e Vinho, participam do projeto de desenvolvimento da IP Monte Belo a Universidade de Caxias do Sul (UCS), a Embrapa Clima Temperado e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O encaminhamento jurídico do processo de reconhecimento foi feito pelo escritório Barcellos Marcas e Patentes. O projeto foi financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e teve apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário Edmundo Gastal (Fapeg).
O país já tem reconhecidas, no segmento de vinhos finos tranquilos e espumantes, as IGs Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira e Altos Montes. Outra Indicação cujo processo de desenvolvimento está em andamento é Farroupilha. A Embrapa Uva e Vinho, por meio do projeto de desenvolvimento de Indicações Geográficas de vinhos finos e espumantes da Serra Gaúcha, coordena o processo que dá suporte técnico-científico para o estabelecimento de todas elas.

A vitivinicultura brasileira também tem uma Indicação no segmento de vinhos de mesa – os Vales da Uva Goethe, em Santa Catarina.

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