O Miolo Wine Group confirmou, em nota oficial distribuida quinta-feira, dia 7 de abril, uma informação que dei bem antes: a mudança de algumas linhas de vinhos de Bento Gonçalves para Candiota. Quando falei com Adriano Miolo sobre o assunto, ele simplificou em três motivos: terra escassa, terra cara e falta de mão-de-obra na serra, também mais cara do que a que se consegue na Campanha, embora esta precise de treinamento.
Dez anos após adquirir uma área de terra na região da Campanha do Rio Grande do Sul e comprovar na prática o que uma série de estudos sobre terroir apontavam, a Vinícola Miolo anunciou, dia 7, a transferência da produção das tradicionais linhas Reserva e Seleção, elaboradas no Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves, RS), para o projeto Seival Estate, localizado na Campanha Gaúcha. A região é composta, entre outras cidades, por Dom Pedrito, Santana do Livramento, Bagé e Candiota, esta última sede do projeto da empresa.
Conforme o diretor técnico, Adriano Miolo, a iniciativa torna a Miolo a primeira grande vinícola a realizar essa importante mudança. “O movimento está alinhado à estratégia da empresa em investir constantemente no ganho de qualidade e na busca incessante pela expressão do melhor terroir para cada variedade e à decisão de trabalhar somente com vinhedos próprios”, afirma.
Como parte da definição de ligar os vinhos da Campanha à marca Miolo, a empresa decidiu ampliar as linhas Reserva e Seleção. Por conseqüência, a marca Fortaleza do Seival deixará de ser produzida. A linha Reserva será complementada com os mesmos varietais utilizados anteriormente para elaborar os vinhos Fortaleza do Seival. Mas o processo de produção terá algumas mudanças. Haverá maior controle de produtividade dos vinhedos, limitada entre 6 e 8 ton/ha, e a elaboração e envelhecimento seguirão o padrão da linha Reserva. Atualmente, o projeto Seival Estate tem 200 hectares em produção.
A linha Reserva será formada por cinco varietais tintos (cabernet sauvignon, merlot, tannat, pinot noir e tempranillo) e quatro brancos (chardonnay, viognier, sauvignon blanc e pinot griggio). A linha Seleção terá dois tintos (cabernet sauvignon/merlot e tempranillo/touriga), dois brancos (chardonnay/viognier e pinot griggio/riesling) e um rosé (cabernet sauvignon/tempranillo). Os novos vinhos serão apresentados, no fianl deste mês, durante a Expovinis, em São Paulo, e deverão chegar ao mercado em maio.
A mudança em nada altera a linha Quinta do Seival, composta hoje pelo Castas Portuguesas e pelo Cabernet Sauvignon, e nem o ícone Sesmarias, que permanecem sendo elaborados na região.
A área própria de 120 hectares do Vale dos Vinhedos será destinada à produção dos espumantes Cuvée Tradition e Millésime, devido à reconhecida aptidão e vocação do Vale para elaboração de espumantes. A Miolo também permanece produzindo na região os vinhos superpremium Lote 43, Merlot Terroir e Cuvée Giuseppe. Por representarem o terroir do Vale dos Vinhedos e pela sua qualidade, esses rótulos receberão, em breve, o selo de “Denominação de Origem” (DO).
A Miolo já vinha se preparando para focar no Vale dos Vinhedos a produção de espumantes de máxima qualidade. A empresa concluiu no ano passado investimento de aproximadamente R$ 5 milhões feito a partir de uma parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para triplicar a capacidade de elaboração na região para 1,5 milhões de garrafas. Os recursos também foram aplicados na modernização dos vinhedos e em máquinas específicas para o método champenoise.
O projeto determinou a automatização de todo o sistema da vinificação com alta tecnologia objetivando viabilizar um sistema artesanal em escala de produção. A tecnologia foi importada da Europa e desenvolvida no Brasil.
Esta decisão da Miolo deverá fortalecer a idéia de transformar a região vinícola da Campanha numa Nova Califórnia, como aconteceu naquela região dos Estados Unidos, nos anos 50, quando a chegada de grandes empresas incentivaram o setor e se criou o famoso “vinho da Califórnia”. Outras grandes empresas da serra gaúcha estão pensando em seguir o exemplo da Miolo, em busca de mais produção, mais produtividade e menores custos.
A decisão também fortalecerá a Associação dos Produtores de Vinhos da Região da Campanha, recentemente fundada,em Santana do Livramento, que tem como presidente o gerente executivo da Almadén, a maior vinícola do País, recentemente adquirida pela Miolo, e como vice o líder do agronegócio Valter José Pötter, que se destaca em vários setores agrícolas, como arroz, soja e gado – é da Conexão Delta G, que reune mais de 70 fazendas no país – e está entrando firme na produção de uvas e de vinhos, com o título Rastros do Pampa, já no mercado. A cantina será construida, ainda este ano, na Fazenda Guatambu, em Dom Pedrito.
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