Dirigentes
reforçam a importância de políticas públicas para apoiar a sustentabilidade do
setor, mas avaliam que baixo volume arrematado nas operações que vem sendo realizadas
é decorrente do valor insuficiente da subvenção e pela limitação de
participação às cooperativas
Os dois leilões
do Prêmio Equalizador pago ao Produtor Rural
(Pepro) realizados na manhã de quarta-feira (11) para o escoamento de
parte da safra de uva 2012/2013 frustraram a expectativa do setor vitivinícola.
Dos cerca de 24,5 milhões de quilos ofertados, apenas 2,6 milhões foram
arrematados pelas cooperativas. A operação, realizada pela Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), é voltada para a comercialização da fruta in
natura, entretanto, pela impossibilidade de
estocagem da matéria-prima, o produto final entregue é o vinho. No Aviso
232, dos mais de 12 milhões de quilos de uva ofertados, pouco mais de 2,6
milhões foram comercializados, representando um percentual de 21,87%. Já para
os dois lotes do Aviso 233, com a oferta de 12,5 milhões de quilos, não houve
interessados na compra.
Para o diretor
executivo da Federação das Cooperativas Vinícolas do Estado do Rio Grande do
Sul (Fecovinho), Hélio Marchioro, o volume efetivado se deu em função do valor
pago como prêmio ter sido muito baixo, variando de
R$ 0,38 (para uvas híbridas e americanas) e R$ 0,36 (viníferas). “As
cooperativas ainda puderam participar com as uvas de mesa devido ao volume
maior em estoque e em função do valor pago ser um pouco melhor do que foi pago
para as viníferas”, avalia. Marchioro também credita ao período em que os
leilões foram realizados para a baixa adesão às operações de escoamento.
“O ideal seria realizarmos a venda dos lotes antes da entrada de produtos da
safra europeia no mercado”, reforça.
O ano de 2013
iniciou com o maior volume estocado nos últimos sete anos, com 317,1 milhões de
litros. Para 2014, a previsão é de começar o ano com 260,6 milhões de litros.
“Este volume ainda é bastante alto, mas essa diminuição nos estoques se deve à
alta das vendas no mercado interno, pela diminuição de cerca de 12% no volume
da safra e também à realização de leilões pelo Governo Federal, observa o
diretor executivo do Ibravin, Carlos R. Paviani.
Paviani sugere
que os órgãos do Governo Federal responsáveis pelas políticas de redução de
estoques – Conab e os ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), reavaliem os critérios
estabelecidos para os leilões. “O resultado desta operação poderia ser melhor
se as indústrias também pudessem participar, já que elas também compram grande
parte da matéria-prima da agricultura familiar. Isto contribuiria para o
equilíbrio de toda cadeia produtiva”, sugere
A opinião é
corroborada pelo diretor executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores
(Agavi), Darci Dani. O dirigente afirma que a formatação do Pepro impede a
participação das indústrias, sendo fator determinante para a pouca adesão às
operações. “O que vimos nesta edição do leilão foram cooperativas que se viram
praticamente na obrigação de participar para poder receber a próxima safra, sem
necessariamente serem beneficiadas com essa compra”, destaca.
Dani afirma que os leilões do Prêmio de Escoamento de Produção (PEP) surtem mais efeitos por permitirem que empresas privadas também acessem. “Na nossa avaliação, porém, estas medidas são paliativas e não resolvem o problema que vem se acumulando há várias safras”, entende.
Dani afirma que os leilões do Prêmio de Escoamento de Produção (PEP) surtem mais efeitos por permitirem que empresas privadas também acessem. “Na nossa avaliação, porém, estas medidas são paliativas e não resolvem o problema que vem se acumulando há várias safras”, entende.
Na mesma linha
de apontar caminhos para que as operações de escoamento da produção sejam mais
eficientes, o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra),
Dirceu Scottá, sugere a mudança no foco das ações do governo para o setor. Ele
cita alguns temas específicos como a redução da carga tributária que desonere o
custo de produção de toda a cadeia, além de medidas que auxiliem no aumento do
consumo de vinhos do país. Scottá também afirma que a
realização dos leilões em períodos onde não se tenha um volume expressivo de vinhos
de países europeus no mercado contribuiria para que houvesse maior procura para
as operações com subvenção do governo. “Nos colocamos à disposição para
contribuir neste debate propondo medidas que beneficiem toda a cadeia
produtiva. O ideal seria que não precisássemos de medidas de urgência para
reduzir estoques”, finaliza.
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