Valter José
Pötter e três filhas: Isadora, Mariana e Gabriela nos vinhedos
Isadora Pötter
recebendo prêmios da Estância Guatambu
Gabriela Pötter,
a responsável pelo projeto
Fotos Arquivo JN
Além de diversos prêmios, o ano foi marcado pela
inauguração da vinícola enoturística. A Guatambu Estância do Vinho
iniciou 2013 com sua maior colheita de uva, reunindo mais de 100 toneladas da
fruta, entre tintas e brancas de oito variedades víniferas, o dobro do que o
ano anterior, devido ao fato deste ano estarem entrando em produção 11 ha a
mais de vinhedos.
Em março, o espumante Poesia
do Pampa Brut foi avaliado em primeiro lugar na categoria Brut Charmat no
Ranking Vinho SIM de Espumantes Nacionais 2012-2013, promovido pelo site Vinho
Sim. De um total de 28 amostras de 17 vinícolas da região Sul, o espumante
recebeu pontuação final 17,25 de um máximo de 20. Foi o
único, entre brancos e rosés, a receber nota acima dos 16 pontos. O concurso
contou com nove jurados especialistas na área, através de degustação às cegas.
Em junho, a Guatambu inaugurou
sua sede enoturística, focada no turismo rural. O evento, para imprensa,
autoridades e convidados, contou com a presença do ator Thiago Lacerda, que
participou dos lançamentos de dois novos rótulos: o espumante Rosé Brut e o
vinho Rastros do Pampa Tannat.
O espaço conta com sala de degustação, auditório, salão de eventos para
200 pessoas com parrilla e loja, além da área de produção. A estrutura total é
de 3.000 m², sendo o prédio feito em dois níveis, empregando a técnica da
gravidade na produção de vinhos, considerada a melhor para produção de vinhos
finos de qualidade. É no espaço subterrâneo que são elaborados todos os rótulos
da vinícola, visando preservar sua qualidade com maior controle de temperatura.
A loja estilo “boutique” funciona em horário comercial e oferece, além
dos vinhos e espumantes produzidos pela Guatambu, produtos produzidos na região
da Campanha. As visitas guiadas e degustações acontecem através de
agendamento.
As obras para construção do prédio da vinícola iniciaram em fevereiro de
2011, com projeto assinado por Celestino Rossi. A área turística
apresenta referências das estâncias da região do pampa, com decoração rústica,
parrilla e móveis feitos com madeira rústicas de antigas cercas e instalações
dos campos da família, com decoração assinada pelas arquitetas Deise Pires e
Renata Lazzaretti. O salão Rastros do Pampa permite contato visual constante
com a natureza local e foi pensado para eventos que reúnem originalidade,
requinte e aconchego a uma ocasião.
O tour oferecido apresenta todas as seções de elaboração dos vinhos,
desde a produção das uvas, recebimento e desengace das frutas, apresentação da
área de controle de qualidade (laboratório), visita às caves e ao
engarrafamento. “Se o visitante tiver mais tempo, poderá fazer cavalgada nos vinhedos
e conhecer mais sobre a criação de ovinos e bovinos da Estância”, revela
Gabriela Pötter.
Em julho, a vinícola recebeu medalhas de ouro e prata no 10º Concurso
Mundial de Bruxelas Brasil, com os vinhos Rastros do Pampa Tannat e Cabernet
Sauvignon 2012. O evento é chancelado pelo Councours Mondial Bruxelles,
considerado a maior premiação da categoria no mundo, chamado de “Copa do Mundo”
da degustação de vinhos, julgados por especialistas de diversos países.
Em agosto, a Guatambu participou dos eventos que marcaram o lançamento
do filme “O Tempo e o Vento”, de Jayme Monjardim, integrando a carta de bebidas
dos coquetéis de lançamento na Expointer, no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto
Alegre e Bagé, reforçando a parceria com a produção do longa metragem, que
ofereceu os espumantes da vinícola na Missa Campal que abriu as
gravações, em março de 2012.
Em setembro, dois vinhos da Guatambu foram classificados entre os 30%
mais representativos da safra 2013 na Avaliação Nacional dos Vinhos, realizada
em Bento Gonçalves. Considerada o Oscar da vitivinicultura brasileira, a
avaliação selecionou o vinho Tannat Rastros do Pampa e o base espumante
Chardonnay.
A amostra de base espumante da Guatambu foi a única da região da
Campanha classificada entre os 30% superiores da safra. Conforme a enóloga
Gabriela Hermann Pötter, este vinho foi elaborado para mais tarde ser lançado
como espumantes Guatambu Nature e Guatambu Extra Brut, produtos de alta gama da
vinícola.
Em outubro, os rótulos da vinícola começaram a ser comercializados pelas
12 adegas de vinhos de alta gama do grupo Angeloni, nas cidades de Criciúma,
Florianópolis, Balneário Camboriú, Blumenau, Curitiba, Joinville e Maringá. A
rede de supermercados é reconhecida como a maior de Santa Catarina, a terceira
da Região Sul e a nona do país. Contando com 27 lojas, a empresa foi eleita dez
vezes como “Supermercado do Ano” pela Associação Catarinense de Supermercados,
e figura entre as 500 maiores empresas brasileiras, conforme ranking elaborado
anualmente pela Revista Exame.
No final do mês, a Guatambu recebeu o Prêmio Vencedores do Agronegócio –
edição 2013, promovido pela Federação das Associações Comerciais e de Serviços
do Rio Grande do Sul – FEDERASUL. O case Vinícola Enoturística Guatambu
Estância do Vinho foi o vencedor na Categoria Produção Agropecuária.
Foram selecionadas pela Comissão Julgadora iniciativas inovadoras de
reconhecido mérito pelo trabalho, pela excelência, resultados, modelo de gestão
e qualidade, envolvendo os negócios do complexo da produção rural, do
Agrovarejo, Agroindústria e Agroserviços. A Guatambu conquistou o prêmio por
ter diversificado a matriz produtiva com a inauguração da vinícola
enoturística, agregando vinho, turismo e
gastronomia nas tradicionais atividades já existentes na
propriedade, de agricultura e pecuária.
Após a inauguração da vinícola, o faturamento aumentou em 120% em
relação ao mesmo período de 2012. Mensalmente, a vinícola tem recebido em média
750 pessoas, totalizando 3.000 visitantes em quatro meses de funcionamento.
Perspectivas para 2014
Para o próximo ano, a Guatambu projeta aumentar a produção em 50%,
passando de 100 para 150 toneladas de uva processadas, e o faturamento seguir
em curva ascendente. Serão lançados em 2013 novos rótulos, como vinho Luar do
Pampa Chardonnay 2013, e o vinho da Estância Branco 2013, um corte das uvas
Gewürtraminer, Chardonnay e Sauvignon Blanc, engarrafado com moderna tampa
rosca, “screw cap”.
Além disso, na próxima safra, o investidor francês Gaspar Desurmont
fechou parceria com a empresa e irá elaborar um vinho na vinícola com uvas da
Campanha Gaúcha, para exportar para a França. O projeto se chama “Vinhetica”.
Origem
A origem do empreendimento vitivinícola foi há dez anos, quando foram
implantados os primeiros vinhedos, visando diversificar as atividades da
Estância Guatambu, do médico veterinário Valter José Pötter. Na época, sua
filha Gabriela, formada em Agronomia, motivou a família a fazer um projeto
piloto com uvas Cabernet Sauvignon e Chardonnay para aproveitar o excelente
clima da região da Campanha (com verões mais secos, com alta insolação,
topografia levemente ondulada, inverno adequado para dormência da videira e
alta amplitude térmica), extremamente favorável à atividade. Estas
características favorecem a produção de uvas com maturação fenólica, taninos
maduros, complexidade aromática e gosto aveludado. Com o apoio dos
pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho, foi elaborado o primeiro vinho Cabernet
Sauvignon da Guatambu em escala industrial em 2008, chamado Rastros do Pampa. A
estreia no mercado foi um sucesso de comercialização e arrebatou prêmios
internacionais, fato que impulsionou os proprietários a investirem solidamente
no ramo.
Produção atual
Atualmente são 22 hectares de área plantada, com uma produção de 100 mil
garrafas por ano, e previsão de aumento para 180 mil unidades a partir de 2014.
Os vinhedos estão localizados na latitude 30º58’ sul – a mesma de países como
Argentina, Chile, África do Sul e Austrália, referências na produção de vinhos.
A vinícola investiu na produção das uvas Cabernet
Sauvignon, Tannat, Tempranillo, Merlot, Pinot Noir, Chardonnay,
Sauvignon Blanc e Gewürztraminer. A produção de vinhos é assinada pela Eng.
Agrônoma e enóloga Gabriela Hermann Pötter, juntamente com os enólogos uruguaios
Alejandro Cardozo e Javier Gonzalez Michelena. “Nossos vinhos e espumantes são
elegantes, frutados e macios”, comenta Gabriela.
Produção sustentável
Até 2014, toda a energia utilizada para funcionamento da vinícola será
fornecida pela propriedade, através de uma estação de coleta de energia solar.
“Como a região é extremamente favorecida de sol, resolvermos investir na
captação desta energia”, conta Pötter. A fase 1 do projeto já está em
funcionamento, com 18 painéis de sistema fotovoltaico, fornecendo 7% da energia
necessária para a vinícola. A fase 2 contará com 300 painéis solares, que serão
instalados ao lado da vinícola. Este projeto está em fase de importação dos
equipamentos. Quando terminado, o projeto constituirá a primeira usina solar da
região da Campanha e a única em vinícola no Brasil.
Além de economia de energia elétrica, o sistema registra a economia na
emissão de CO2 e devolverá à rede de energia a produção sobressalente que não
for utilizada. “Nosso consumo no pico é de 20 mil quilowatts por mês. Com
a instalação do sistema fotovoltaico, vamos garantir uma economia financeira e
de energia”, conta. Foram investidos R$ 680 mil para a implementação do
projeto. “Nossa trajetória empresarial sempre foi norteada pela inovação e
sustentabilidade econômica, social e ambiental dos empreendimentos. No caso da
vinícola não poderia ser diferente”, afirma.
A sustentabilidade também é encontrada no fornecimento de água do local.
Reservatórios foram construídos para captar água da chuva, que é utilizada para
PPCI e irrigação dos jardins. Outra parte segue para estação de tratamento,
construída dentro dos padrões da Organização Mundial da Saúde, produzindo 500
litros de água potável por hora, que é utilizada para no complexo industrial e
enoturístico.
Outro destaque é o jardim nativo formado com plantas oriundas do pampa
gaúcho, implementado pela equipe da Face Nativa, coordenados pelo gestor
ambiental Eduardo Fernández Iglesias e pelo biólogo Fernando Capsi Pires. “Este
é o primeiro empreendimento no Brasil que possui um jardim de plantas nativas
do pampa gaúcho”, revela Eduardo. O projeto contou com mais de 25 espécies de
plantas da região, sendo o primeiro jardim concebido naturalmente no Rio Grande
do Sul, incluindo o gramado de campo nativo e o pomar com seis tipos diferentes
de frutas. A pesquisa, planejamento e execução do projeto durou um ano. As
pedras utilizadas também são do local, encontradas durante a construção das
fundações do prédio.
No que tange a produção de uvas, a Guatambu também utiliza uma técnica
sustentável e ecológica no controle de doenças fúngicas, com a utilização da
máquina Lazo TPC (Thermal Pest Control), que produz um jato de ar quente nos
cachos de uva.
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