Uma interessante troca de mensagens entre Marco Danielle e Olyr Corrêa, dois entendidos em vinho, frequentadores assíduos deste Blog.
Em 26/08/2010 14:10, Marco Danielle escreveu: “A praga parker veio para ficar. Não tem cura. Depois de ter provado um melado alcoólico argentino RP95, sinceramente penso que os "intelectuais do vinho" estão se debatendo à toa... É como enxugar gelo, ou criticar as novelas da Globo... Não sei como estão os D Melchor hoje, mas os antigos que provei eram bem clássicos, nada de dulsões...”
Logo em seguida, Olyr Corrêa respondeu: “Don Melchor já foi. Agora temos um xaroposo alcoólico. Mas tem uma pequena vantagem sobre os demais: cortado por aroma de eucalipto fica menos enjoativo. Dá para beber 1/2 garrafa.
Eu, que sempre fui muito vinólico, também dou notas numéricas, baseado em certas premissas degustativas:
Vinho é coisa viva. Vai se modificando com o tempo decorrido, o ar, a temperatura, a comida que se está ingerindo. Porém, mais que tudo, modifica-se com o prazer de que está bebendo. Então, se o vinho não é suficientemente complexo para mudar em gosto e aromas a cada copo, o bebedor vai se aborrecendo, se enfarando e o vinho não chega ao final da garrafa. Isto se aplica ainda mais aos xaroposos esterilizados, que tem o mesmo gosto um malbec argentino e um cabernet sauvignon chileno e que é o mesmo do primeiro ao último gole da garrafa. A altura da garrafa em que são abandonados, constitui-se no valor intrínseco para o seu bebedor. Há vinhos de um gole, de um copo, até vinhos de último gole e gota da garrafa.
As notas numéricas:
1 gole = vinho defeituoso (incluídos aí excesso de SO2 ou mercaptanos ou excesso de VA)
1 copo= geralmente um xaroposo sulfurento cara-de-pau argentino/australiano/americano (o triplo A)
2 copos= vinho razoável mas repetitivo, esterilizado e sem dinâmica no copo.
3 copos (1/2 garrafa)= ultrapassou a mediocridade (acima da média) mas de evolução curta que não surpreende mais nem se transforma.
4 copos= Vinho muito bom, mas não tão excepcional que permita ao bebedor tomar a garrafa toda.
5 copos ( 1 garrafa) = Vinho excepcional, fora de série. Dá vontade de seguir bebendo.
Vinhos sul-americanos que tomei e que ultrapassaram a barreira da 1/2 garrafa:
Terrunyo Carmenère 98, 99 e Sauvignon Blanc 00, Quimera 01, Weinert Estrella 77, Tormentas 2007, Casa Luntro Tannat 99, Antiguas Reservas 97, 99, Don Melchor 96,97, 99, Coyam 01.
Uma Garrafa : Angelica Zapata Malbec Alta 97,99, 01. Almaviva 96,97,99,00,01.
Como notarás, depois de 2001 as coisas ficaram bastante problemáticas. Só entrou na lista até agora o teu Tormentas 2007 (que bebi sózinho até o final).
Comparado com os europeus, que são dezenas a entrar na classificação acima de 3 copos, é algo muito pobre para o Admirável Mundo Novo.
Mas, é como dizes, "poderoso caballero es don Dinero". Contra o mercado, só os futuros falidos produtores de vinho natural ou carne orgânica.
Uma última citação para manter tua cabeça e moral alta. “El sulfuroso es una barrera entre tú y el vino. El vino la genera como protección siempre, es su distancia. Nosotros la aumentamos, la subimos, pero nos separa en la misma medida del vino. Hay vinos, muy altos, muy grandes, que incluso la superan aunque esté un poco alta. Pero muchas veces el vino no llega a superar el tremendo abismo que se ha generado con la adición de sulfuroso. Entonces sólo queda el olor a platanito y el gusto a fresitas como recursos, pero el vino no está, no aparece, además de que no puede, porque está en coma profundo.”
Um abraço
Olyr Corrêa, Rio
domingo, 29 de agosto de 2010
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