Os poloneses Marek Kondrat e Piotr Pabianski, proprietários da empresa Winarium, escolheram duas empresas gaúchas para abastecerem as suas 10 lojas especializadas em vinhos na Polônia. Depois de dois dias degustando vinhos e espumantes brasileiros no Carnaval do Rio de Janeiro e de quatro dias visitando cinco vinícolas na Serra Gaúcha e realizando rodadas de negócios com seis das 39 empresas do Projeto Wines From Brazil, realizado em parceria pelo Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) e pela Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), os poloneses escolheram a Pizzato e a Lidio Carraro, ambas do Vale dos Vinhedos (RS), para serem fornecedoras exclusivas de produtos verde-amarelos à Winarium.
O primeiro pedido feito é de um contêiner, com 12 mil garrafas das duas empresas. Os vinhos e espumantes brasileiros começarão a ser vendidos em maio na Winarium. “Se tudo correr bem, em setembro devemos fazer o segundo pedido junto às vinícolas”, anuncia Marek Kondrat. “A missão foi um sucesso, especialmente porque duas pequenas vinícolas foram escolhidas”, afirma a gerente de Promoção Comercial do Wines From Brazil, Andreia Gentilini Milan. Na quinta-feira (18), durante seminário no Ibravin, em Bento Gonçalves, os poloneses anunciaram que selecionariam apenas uma vinícola brasileira. Na ocasião, Marek Kondrat disse que usou o mesmo critério com a Argentina, que agora já conta com três marcas diferentes à venda na Winarium. “A escolha de duas empresas ao invés de uma mostra que os poloneses realmente gostaram do que viram e degustaram e que realmente apostam no sucesso do vinho brasileiro no seu país”, observa Andreia.
A qualidade e variedade de produtos com diferentes faixas de preço foi o principal critério usado pelos poloneses, que também buscaram vinícolas que ainda não tinham importadores estabelecidos na Polônia. “Preferimos trabalhar com exclusividade”, explica Kondrat. “Acabamos escolhendo duas empresas porque ficamos muito bem impressionados com a qualidade dos vinhos e também porque a paixão das pessoas envolvidas nos conquistou”, confessa. “Tão importante quanto os vinhos são as pessoas por trás deles”. O perfil familiar da Pizzato e da Lidio Carraro também foi um elemento avaliado pelos poloneses, que costumam trabalhar com empresas deste porte. “As vinícolas não são concorrentes e sim complementares. Ambas são bons exemplos dos vinhos elaborados no Brasil”, elogia. Os poloneses também gostaram de duas outras vinícolas familiares – da Piagentini (de Caxias do Sul), principalmente dos espumantes; e da Panceri (de Santa Catarina), sobretudo dos vinhos. As empresas podem ser incluídas no portfólio da Winarium em 2011. A empresa, que pretende abrir 10 novas filiais este ano, vende cerca de 30 mil garrafas de vinhos finos por mês, sendo 80% deles comercializados entre 8 e 12 euros a garrafa. Eles possuem cerca de 500 marcas diferentes à venda.Marek Kondrat revelou à gerente de Promoção Comercial do Wines From Brazil, Andreia Gentilini Milan, que o consumo de cerveja no seu país é de 100 litros per capita (o terceira maior do mundo), perdendo apenas para os tchecos e os alemães. A cerveja representa cerca de 90% do consumo de todas as bebidas alcoólicas na Polônia. “O consumo de vinho é de 1,6 litros per capita e representa 1% do volume das bebidas alcoólicas e 3,6% em termos de valor. É um mercado que cresce cerca de 12% ao ano e movimenta em torno de 75 milhões de litros de vinho anuais”, informou. Segundo o polonês, a logística é complexa, pois os vinhos tanto podes ser distribuídos em hipermercados como em pequenos varejistas (cerca de 90.000). Em termos de produção vinícola, é quase inexistente, são cerca de 350 hectares de vinhedos e são produções praticamente artesanais.Nos dois últimos anos, a Polônia comprou US$ 111,4 mil (R$ 68,7 mil em 2008 e US$ 42,6 mil em 2009) de seis vinícolas brasileiras – Miolo, Salton, Casa Valduga, Lovara, Cordelier e Lidio Carraro. A Polônia tem tido um crescimento grande no consumo de vinhos, estando bastante aberta a produtos importados. “O consumo de vinho na Polônia está aumentando e a expectativa é que o vinho tome cada vez mais o mercado da cerveja e da vodka”, comenta Andreia. Pelo seu potencial, a Polônia é um dos oito mercados-alvo dos vinhos brasileiros este ano e no próximo. A vinda da comitiva polonesa foi promovida pelo Projeto Wines From Brazil e faz parte da estratégia de promoção dos produtos verde-amarelos neste país.
O enólogo Flávio Pizzato diz que a parceria com os poloneses da Winarium envolve as três linhas de produtos da vinícola – a Fausto (Premium), a Reserva (Premium) e a Concentus (Super Premium). Os vinhos tintos formam a grande maioria do pedido feito pelos poloneses, que ainda levarão um espumante (Fausto Brut) e possivelmente um vinho branco e outro rosé da Pizzato. “Estamos muito contentes por ter sido escolhidos pela Winarium, especialmente porque teremos a oportunidade de oferecer quase que nossa linha completa de produtos”, comemora o enólogo. A Pizzato já exportou para os Estados Unidos, Canadá, Bélgica e Suíça.
A Lidio Carraro foi o “azarão” na escolha dos poloneses das vinícolas brasileiras que irão abastecer a Winarium este ano. Como a praxe da empresa é começar o trabalho nos países do Novo Mundo do vinho com apenas uma empresa, a seleção de duas vinícolas verde-amarelas foi uma surpresa positiva para todos. “Eles gostaram principalmente da nossa proposta de trabalhar com vinhos sem madeira, com o mínimo de intervenção enológica possível, para refletir o máximo da expressão do nosso terroir”, destaca a diretora de Marketing, Patrícia Carraro. Três linhas foram escolhidas: a Agnus (Premium), a Dádivas (Premium) e a Lidio Carraro (Super Premium). Apenas um vinho branco foi selecionado; os demais são tintos.No ano passado, a Lidio Carraro chegou a exportar 600 garrafas para a Polônia. “Um importador quis fazer um teste com os nossos produtos, mas agora, a proposta é muito melhor e seremos exclusivos da Winarium”, assegura Patrícia. Ela cita que a Lidio Carraro conquistou seis novos mercados em 2009 – Polônia, Canadá, Estados Unidos, Suíça, Holanda, Luxemburgo e Reino Unido. Agora, a Lidio Carraro vende para 10 países, sendo a vinícola brasileira de porte pequeno que exporta para o maior número de países. Os outros quatro destinos da vinícola são Alemanha, República Tcheca, Dinamarca e Eslováquia. “Devemos isso ao projeto Wines From Brazil, que oferece as mesmas oportunidades de negócios às pequenas, média e grandes vinícolas”, reconhece Patrícia Carraro.
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